Prólogo
Século 19
— Corre Kai, só um pouco mais, sim? — O jovem de apenas 19 anos corria como se sua vida dependesse disso e realmente dependia, não só a sua como a de seu grande amor. O pequeno homem n***o a qual sua mão estava agarrada com firmeza, o homem de estatura pequena, olhos azuis e cabelos crespos na cor preta bem clara quando reluzidos pelo sol.
— Não aguento mais Ettore, estou casando-me. — O mais jovem fala em pânico mais ao mesmo tempo sem fôlego, soltando-se da mão do maior.
— Il mio Prezioso, não temos tempo logo meu pai sentirá minha falta e irá vir a minha procura. (Meu precioso). — O de estatura maior, branco de olhos pretos e cabelos loiros escorridos dita, tentando não passar o peso daquela frase, o pesadelo que seria se o pai dele os encontrasse ali, eles estariam perdidos.
Ettore também estava cansado, mas se parassem a vida de Kai correria perigo e ele não poderia deixar chegar a esse ponto, ele era importante demais para deixar que sua vida acabasse assim.
Ettore conheceu Kai em seus muitos passeios a cavalo pelos jardim de sua casa, já que o menor era filho do jardineiro da grande mansão, logo se tornaram amigos, com o tempo esse sentimento evoluiu e se transformou em um sentimento mais forte e Ettore percebeu que era amor, Kai também sentia o mesmo e então compartilharam do primeiro beijo de ambos, foi algo mágico, mas também assustador, pois era algo nunca visto bem aos olhos de roda sociedade e isso seria um grande desgosto para seu pai Atones, que quando olhado de perto, o maior era uma cópia idêntica do pai com seus cabelos loiros e olhos pretos, só que nos olhos pretos de Atones, existia uma sombra, que até mesmo seu próprio filho tinha medo de encarar.
Mas ao acordar naquela noite Ettore escutou a conversa de seu pai sobre tê-lo visto com um homem em seus braços nos seu jardim, e que o capataz que escutava atento, teria que dar um fim a vida do homem que estava levando seu único filho para um m*l caminho. Seu amor iria morrer por culpa sua e de seu amor, isso não era justo! Assim ele deu um jeito de fugir de sua casa com um pouco de dinheiro que tinha e foi ao encontro de Kai para o levar até um lugar seguro, ele não sabia qual mais daria um jeito.
Agora se encontram no meio da floresta tentando não deixar rastros para que ninguém os encontre, a garganta de ambos se encontrava seca pelo esforço de correr, as respirações aceleradas, estavam ofegantes.
— Mas não entendo, Etto... — Kai não terminou sua fala pois foi interrompido pelo som de vozes e passadas de cavalo, eles congelam no lugar com o susto. — O que foi isso? O que está acontecendo? — O menor pergunta agitado.
— Nós temos que ir logo, meu pai já está a nossa procura. — E assim ele o puxa mais uma voz o faz estancar no lugar.
— Não dê mais um passo Ettore. — A voz de seu pai se fez presente, dura e fria, olhando para trás viu uns 5 homens acompanhado de Atones e ele desce de seu cavalo levando os outros que armados fazem o mesmo.
— Meu Pai, eu imploro não faça isso. — Pede Ettore, colocando seu corpo a frente de seu amado. — Deixe-o ir, eu volto com o senhor, mas deixe que Kai saia daqui vivo. — Seus olhos se enchiam de lágrimas não derramadas.
— Você não está em posição de pedir nada, você me envergonhou, me humilhou, isso não ficará assim, isso essa pouca vergonha acaba hoje. — Aquela sombra se apossa das orbes pretas do pai de Ettore, ali ele soube que a vida de seu grande e único amor seria ceifada.
— Meu pai... — Tentou em vão implorar, mas não terminou sua fala foi interrompido pela voz de seu pai novamente, e sentiu o corpo de seu amado rígido atrás de si e, um tremor que se passou pelo mesmo e sabia que Kai estava a chorar, queria acalentá-lo falar que tudo ficaria bem, mas ele não tinha essa certeza. Ele sabia mais que qualquer um ali que seu pai nunca o perdoaria, que isso os levaria a morte, foi t**o em pensar que poderiam fugir e viver uma vida feliz ao lado de Kai.
— Peguem meu filho, tirem ele de perto dessa aberração.
Não teve tempo de reagir e seu corpo foi tirado de perto de Kai e agora vendo pelo rosto de seu amor as lágrimas descer como se já soubesse o que iria acontecer, sentiu seus próprios olhos enxerem de lágrimas. Aquilo não era justo, não mesmo, era apenas amor, por que seu pai não podia aceitar aquilo?
Mas foi só um desviar de olhos, apenas um segundo, o suficiente fazer seu coração querer sair pela sua boca, ele escutou o som que o assombraria por toda uma vida e além dela, som de uma pistola sendo disparada e o grito de dor do amor de sua vida. Seus olhos agora que não seguravam nenhuma lágrima, foi em direção de Kai e acena que viu quebrou seu coração em milhares de pedaços. O seu amor, o homem que lhe despertou o amor, caído, sangrando aos pés do homem que é teu pai.
— NÃOOOO. — Deixou que seu grito de dor saísse. Um grito estrangulado cheio da mais pura dor e agonia, seu corpo parecia queimar de dentro para fora com aquela dor sufocante.
Com muita força que não sabia de onde tirou, conseguiu desviar dos braços que o seguravam e correu ao encontro do corpo de seu amado, o segurando em seu abraço.
— Não, você não pode me deixar, por favor. — Seu choro livre fazia com que quase nada pudesse ver a não ser o rosto de Kai a sua frente. Estava insuportável continuar a respirar.
— Amor, isso dói muito, faz parar. — Ettore chora ao mesmo tempo que sente raiva do homem que fez seu amor sofrer assim, que está fazendo ele sofrer assim por perder Kai desse jeito. O quão c***l esse homem pode ser?
— Tudo ficará bem, eu prometo. — Kai sorrir lindamente para Ettore.
— Vou amar você para sempre, além dessa vida, muito além dela, eu prome...to, promete para me que irá seguir sendo feliz, mesmo que seja sem mim? — O menor fala enquanto sente sua vida se esvair aos poucos de seu corpo, mas não antes de seu amor prometer algo, ele precisa ouvir isso antes de partir, escutar da boca do maior que será feliz mesmo que ele parta dessa vida, mesmo que ele morra, isso fará com que ele siga em paz ao tão falado pós vida.
— Há il mio prezioso eu te amo, não tem como eu continuar sem você ao meu lado, por isso eu vou te amar muito além de todo o tempo, irei te amar em outras vidas, para sempre. Nosso destino não vai ser acabar assim, eu não vou deixar que isso acabe assim, estamos ligados meu amor, estamos ligados para sempre! — Uma lágrima escorre de seu rosto para o rosto de Kai que deixa sua última lágrima escorrer por sua face e um sorriso escapar de seus lábios e, em um sopro, um último suspiro lhe escapa levando sua vida para fora de seu corpo o deixando inerte e com seus lindos olhos vazios sem o brilho habitual.
— AAAAAA — Seu grito de raiva e dor é escutado por toda a floresta e além dela. A dor lhe queimando o peito. — Por quê? Porque fez isso? — Pergunta deixando um beijo nos cabelos de Kai, levantando-se e olhando nos olhos do homem que a partir de hoje não seria nada além de o homem que matou o amor de sua vida. — Eu o amava, era apenas amor, como isso pode ser tão errado e sujo? Como? COMO? ME DIZ O PORQUÊ.
Em um movimento rápido Ettore está na frente do seu progenitor tirando a pistola de sua mão e apontando para o peito deu pai. Até mesmo ele se surpreendeu com sua rapidez.
— Você não faria isso com seu pai. Você nunca me mataria. — Fala confiante.
— Você deixou de ser meu pai quando matou Kai. — Fala olhando nos olhos de Atones. — Eu poderia matá-lo agora mesmo, mais isso seria muito fácil, apesar de saber que não se importa comigo vai ter de viver sem ter seu herdeiro para cuidar de seu dinheiro.
Agora apontando a pistola para sua própria cabeça, Ettore fala baixinho.
— Estou indo te encontrar meu amor. Espere por mim!
— Não faça isso Ettore. Você tem uma vida pela frente, um futuro brilhante, em breve irá conhecer sua futura esposa.
— Palavras erradas papai.
E assim o segundo tiro foi ouvido na noite.
Estou indo te encontrar meu amor, te prometi e irei cumprir.
Logo estaremos juntos novamente e dessa vez ninguém irá impedir de ficarmos juntos.
Nunca ouvi falar de amor tão trágico como o daquele dos jovens apaixonados.