CAPÍTULO 5 Anne Moore Estou diante do meu primeiro cliente. Ele me olha com um ar reprovador, como se meu simples ato de permanecer parada na porta fosse um insulto. Estou imóvel, sem saber como agir, o que dizer, o que fazer. Meu corpo inteiro parece ter esquecido de se mover. E então percebo: é ele. O mesmo homem que me fitava no palco. Aqueles olhos azuis dos quais eu não conseguia me desgrudar agora estão a poucos metros de mim. Ele está sentado em uma poltrona de couro, postura relaxada, mas cada detalhe dele grita poder. Um cigarro entre os dedos, tragadas lentas e precisas. O terno não está mais ali, apenas uma camisa social com dois botões abertos, revelando um vislumbre de pele quente e perigosa. No pulso, um relógio de ouro brilha, discreto e arrogante. Ele olha as horas

