Capítulo 43

1048 Words
Kenai não via a hora de chegar em casa. Ele ansiava por ver a sua mulher, como tinha acontecido nos últimos dias. Eles estavam em uma rotina tranquila; Fiorela era uma mulher de fácil convívio e, para a surpresa de Kenai, havia se dado muito bem com o seu povo. Ele já a havia pego várias vezes com uma das mulheres da aldeia, aprendendo a língua nativa, e aquilo fez o seu peito encher de orgulho pela pessoa que tinha escolhido. Ele estava esperando apenas uma folga do trabalho para marcar a cerimônia de casamento dos dois. Naquele momento, ele tinha muitos compromissos e não poderia deixar o seu Don na mão. Kenai caminhava a passos largos pelas ruas da pequena vila onde morava com os outros soldados. Fazia apenas algumas horas que ele tinha voltado. O seu Don tinha insistido em visitar a maioria dos negócios da máfia, e o que ele estava fazendo era surpreendente. Assim que alcança a maçaneta da porta, o seu coração dispara. Ele queria ver se aqueles olhos continuavam tão receptivos quanto quando ele saiu de manhã cedo. Fiorela tinha uma ternura que enchia o coração de Kenai, e talvez fosse justamente aquilo que o tinha atraído para ela, e que a cada dia o fazia desejá-la mais. Ele abre a porta lentamente e entra, os seus olhos vasculhando os cômodos em busca de sua mulher. Ele passa pela sala e segue até a cozinha, um lugar onde Fiorela parecia gostar bastante. No momento em que entra, a encontra na pia lavando algumas louças. Fiorela tinha uma das pernas apoiada na outra e usava uma saia pequena. Pelo formato e cor, ele sabia que devia ter sido presente de uma das mulheres da aldeia, já que ela não tinha levado roupas e estava usando as dele, algo que ele amava. O pequeno rádio tocava uma canção romântica enquanto ela tentava acompanhar a melodia ao seu jeito. Ela vestia uma camisa de Kenai, amarrada na cintura, deixando a sua barriga à mostra, e apenas a visão de parte da pele dela exposta deixava Kenai quente. Ele se aproxima dela lentamente e a envolve por trás, os seus braços fortes se fechando em torno de sua cintura. — Mas o que... — começa ela, assustada, mas no momento em que olha para baixo e vê a tatuagem de um lobo no braço do homem, relaxa. — Não quis assustá-la, mas você estava tão distraída — diz ele, enquanto cheira os seus cabelos. Kenai era louco pelo cheiro de Fiorela, algo que ele não conseguia explicar. Fiorela estava mais à vontade com Kenai por perto. Apesar de saber bem a natureza do relacionamento deles, ela ainda não havia falado com ele sobre isso, e era grata por ele estar indo com calma, lhe dando espaço para que se acostumasse com a ideia de tê-lo por perto. — Dance comigo — diz ele, virando-a para si e colando-a contra o seu corpo. Ele podia ver a surpresa nos olhos dela e a forma como seu corpo reagia a aquele contato inesperado. Aquela era a segunda vez que ele a tocava. A primeira tinha sido quando a encontrou, mas ele já não suportava mais se manter distante, quando a sua única vontade era reivindicá-la como sua. — Dançar? Eu não sei dançar — diz ela, um tanto quanto temerosa. — Eu te ensino — insiste ele, com a sua voz mais suave. Fiorela olha bem em seu rosto e apenas concorda. Kenai apoia uma das mãos nas costas dela e a outra entrelaça em seus dedos. A passos lentos, ele se move com ela pela cozinha. A música no rádio tinha um ritmo tranquilo, que eles podiam acompanhar sem problemas. Kenai aproveita para observar melhor a mulher em seus braços. Ela era de uma beleza diferente, era alta, com pernas longas, e ele gostava daquilo. A suas mãos eram pequenas, com dedos mais compridos. Kenai olhava para seu pescoço esbelto, pensando no número de colares que ele lhe daria para deixá-la ainda mais bela. Fiorela apenas permite descansar a cabeça no peito dele, aproveitando aquele momento de paz e tranquilidade. Ela se sentia segura com Kenai, diferente de quando trabalhava para Júlio, e a forma como ele a tratava era diferente de tudo o que ela já tinha visto. Quando a música termina, ela permanece ali, colada a ele, desejando sentir mais daquela proximidade que estava começando a amar. Fiorela levanta a cabeça e encontra os olhos castanhos de Kenai fixos em seu rosto. — O que foi? — pergunta ela, preocupada que o seu rosto pudesse estar sujo, já que estava fazendo limpeza. — Você foi o que houve, Fiorela — diz ele, soltando a sua mão e envolvendo a sua nuca, mantendo-a no lugar. — Por que não me recusou? Aquela era uma curiosidade que ele tinha, pois quando o seu Don perguntou a ela se sabia o que estava fazendo, ela havia dito que sim. Mas por quê? Ela olha com atenção para ele, pensando se o homem enorme à sua frente desejava realmente ouvir sobre a sua vida. Mas ela também sabia que não podia mentir para ele, e por mais envergonhada que ficasse, diria a verdade. — Eu não tenho ninguém, Kenai. É tão r**m estar sozinha, não ter com quem contar como foi seu dia ou dividir suas conquistas. Na casa de Don Júlio, eu tinha um emprego e nada mais. Não havia ninguém por mim lá, era apenas um serviço. Mas quando você me encontrou, eu pude ver segurança em seus olhos — diz ela, então sorri. — Parece loucura, não é mesmo? Mas eu confiei em você por causa do seu olhar, e quando você me pediu para Don Max, eu não tinha nada a perder, ninguém para quem voltar, então achei que poderia arriscar. Kenai olhava para ela, encantado com as suas palavras. — Você nunca mais estará sozinha, Fiorela. Você tem uma família agora — diz ele e vê um sorriso surgir nos lábios dela, enquanto uma lágrima desce por sua bochecha. — Eu tenho uma maya agora — diz ela, apertando o rosto contra o peito dele. — Sim, a minha maya, agora é sua também — diz ele, referindo-se à sua mãe, enquanto a abraçava.
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