Capítulo 45

1024 Words
Os gritos abafados do espião ecoavam pelo galpão escuro, misturando-se ao som dos punhos que se chocavam contra o seu rosto. Os homens de Vito cercavam o infeliz, as suas expressões impassíveis diante do sangue que manchava o chão de concreto. Aquilo para eles era apenas um trabalho de rotina, nada de mais, algo que apenas o entediavam, mas ainda bem que tinham o homem a sua frente para se divertir um pouco antes de cumprir as ordens de seu Don. O homem pensava que estava bem escondido, mas como uma ordem de Don Vito era sempre algo urgente, os seus soldados não vacilaram ao se empenhar em encontrar o espião, e o tinham encontra. Agora ele saberia o que acontecia com quem espionava alguém da família Romano. — O que você queria com a senhorita Isabel? — um dos capangas rosnou, segurando o espião pelos cabelos. O homem cuspiu sangue antes de balbuciar alguma coisa inaudível. Impaciente, o interrogador desferiu outro golpe brutal. Ali não era lugar de misericórdia, eles não estavam em uma igreja apesar de que as vezes os seus prisioneiros implorassem por suas vidas. — Fala, desgraçado! — Diz o soldado perdendo a paciência. O espião grunhiu, mas antes que pudesse responder, um dos homens se afastou e pegou o telefone. — Chamem o chefe. Don Vito precisa ver isso. — Já que o homem se recusava a falar com eles, talvez o seu Don tivesse mais sorte. Minutos depois, Vito chegou ao galpão, caminhando com a calma de um homem que já sabia exatamente o desfecho daquela cena. Ele parou diante do espião, olhando para ele como quem avalia um inseto. A vida daquele hpmem não significava nada para ele, não valia mais que os sapatos que ele tinha nos seus pés. — Ele já falou? — Perguntou, sem pressa. Os seus olhos examinando com atenção o homem a sua frente, os seus soldados tinham feito um pequeno estrago com ele, e aquilo o deixava muito satisfeito, o seu porão não era colónia de férias para que os seus convidados descansassem. — Ainda não, mas vai falar. Vito suspirou e acenou com a cabeça. Ele gostaria muito de uma sessão com o homem, mas ao ver o seu estado ele sabia que ele não aguentaria muita coisa. — Cortem a língua, sou um homem de palavra. — Diz ele se referindo a ordem que tinha dado antes. O espião se debateu, olhos arregalados de pavor, mas era tarde demais. Em poucos segundos, o galpão se encheu com o som agonizante da sua carne sendo dilacerada. Vito pegou a língua ensanguentada do chão e a colocou em uma pequena caixa de madeira. Um sorriso curvando os seus lábios ao ver seu pacote. Naquela mesma noite, ele marcou um encontro com Cristiano. Já que ele gostava tanto de saber o que eles faziam ele mesmo iria levar aquela boa nova até ele. Quando o noivo de Isabel abriu a caixa, o seu rosto perdeu toda a cor. O olhar de Vito, frio como aço, pousou sobre ele com uma ameaça silenciosa. A sua postura não demonstrando um pingo de nervosismo, Vito era um homem consciente das suas ações e não se intimidava por pouco. — Se me espionar de novo, Cristiano, a próxima coisa que eu coloco nessa caixa será a tua cabeça. Cristiano engoliu seco, mas manteve o olhar fixo no de Vito. Ele sabia que aquele homem não fazia ameaças vazias. E, pela primeira vez, percebeu que estava lidando com alguém disposto a qualquer coisa para proteger o que era seu. Vito não era alguém que ele desejava ofender, ao menos não ainda. Ver a língua do seu homem de confiança em uma caixa fazia a raiva que Cristiano nutria por Vito aumentar, ele o odiava com todas as suas forças e naquela caixa estava uma pequena amostra do porquê. Os olhos de Cristiano se encontram com os de Vito novamente, e o que ele via não era nada animador. — Você entendeu m*l, Vito, não estava te espionando, queria apenas cuidar de Isabel, garantir que ela estaria segura. — Diz ele tentando justificar as suas ações, o que não era bem mentira, mas também não era a verdade completa. Cristiano queria saber mais sobre eles, e qualquer informação adicional que os seus homens conseguissem para ele era lucro. — Eu cuido de minha filha, e muito bem, não preciso das suas esmolas. — Aquelas palavras foram ditas de forma grosseiras, sem esconder o desgosto de Vito com aquele comportamento. O seu canivete rodava entre os seus dedos rapidamente, a vontade de cortar a garganta do homem a frente apenas aumentando. — Eu não estou duvidando disso, mas uma pessoa cuidando a mais dela é bom. — Diz ele tentando contornar aquela situação. — Isabel não precisa de você para cuidar dela. — Um sorriso curva os lábios de Vito ao olhar novamente para Cristiano, e o homem sabia que nada de bom viria dali. — Acho que você se esquece de quem a minha filha é cunhada, proteção é o que ela mais tem. Ele não tinha esquecido, um dos motivos para querer aquele casamento era justamente conseguir conexões com a Fênix, e sabia que a forma mais rápida seria através do casamento dele com Isabel. Vito esfregava o seu poder na cara de Cristiano, ele se sentia como um cachorro querendo um pedaço do osso do outro. — Não me esqueci. — Diz ele com os dentes trincados de raiva. — Fico feliz em saber disso, porque se encontrar mais algum espião seu nos vigiando você não lidará comigo, acertará as contas com outras pessoas. — Ele não precisava dizer os nomes para que ele soubesse, todos conheciam o poder que Ricardo o líder a Fênix tinha, e se tinha algo que ele não desejava era chamar a atenção de Ricardo naquele momento. Cristiano assistia com ódio Vito entrar no seu carro e partir, a sua vontade era quebrar tudo a sua frente, ele havia passado por palhaço uma vez mais, mas aquilo não ficaria assim, ele cuidaria pessoalmente de Vito e ele lamentaria cada palavra dita.
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