Capítulo 11

1055 Words
Vito manteve o olhar fixo em Saulo, analisando cada nuance de sua expressão. O homem estava tenso, a mão ainda massageando o pescoço onde os seus dedos haviam apertado minutos atrás. Ele queria aquele casamento com urgência. Mas por quê? — Você parece muito interessado nisso, Saulo — disse Vito, cruzando os braços. — Me pergunto o que o está deixando tão desesperado. Saulo tentou disfarçar a sua inquietação, mas Vito era um homem experiente demais para cair em joguinhos. Ele já tinha visto inúmeras pessoas da mesma forma e sabia que algo estava errado, e que o homem a sua frente não diria o motivo. — Não se trata de desespero, Don Vito. Trata-se de estratégia — respondeu ele, recompondo-se. — A aliança entre as nossas famílias fortalecerá a nossa posição diante dos inimigos. Vito riu, um som baixo e debochado. A família de Saulo não tinha tanto poder e a forma que o homem falava o fazia rir da sua ignorância, ou talvez fosse seu complexo de achar que valia alguma coisa no mundo da máfia. Mas de certa forma, a proposta dele havia pegado justamente no que Vito precisava, a proteção de Isabel. — Estratégia, é? Você acha que sou um i****a? Sei que a sua família precisa dessa aliança mais do que a minha. O que está acontecendo, Saulo? Saulo apertou o maxilar, claramente relutante. Então, soltou um suspiro pesado. — O conselho está me pressionando — admitiu. — Minha posição não é tão segura quanto parece. Tenho adversários dentro da própria máfia. Se a minha família não firmar uma aliança de peso, corro o risco de ser destituído. Vito bateu os dedos na mesa, pensativo. Ele podia ver no rosto do homem que não era apenas aquilo, ele ainda escondia algo, mas não tinha problema ele descobriria o que era, e depois daria fim a vida de Saulo por ousar mentir para ele de forma tão descarada. — Então é isso... Você quer a minha filha porque sabe que, ao se casar com o seu filho, ela trará consigo a minha influência e a proteção da Fênix. Saulo assentiu, sem rodeios. — Exato. E, em troca, garanto que Isabel terá liberdade. Ela poderá estudar, viver na Itália e seguir os seus sonhos. Vito o observou por longos segundos. Saulo era como uma cobra venenosa fazendo propagando de si mesmo, jurando que não faria m*l sabendo que tudo o que ele tocava tendia a morrer de forma trágica. — Você sabe que, se algo acontecer com a minha filha, não haverá lugar no mundo onde poderá se esconder de mim, não sabe? — Sei — respondeu Saulo sem hesitar. Não havia uma viva alma que não sabia que a ponto fraco de Vito era sua família, e sabiam também a forma que ele lidava com aqueles que tentavam o atacar os usando. O silêncio se instalou entre os dois homens. Vito sabia que, naquele momento, segurava o destino da sua filha nas suas mãos. Ele não queria vendê-la como se fosse um objeto de barganha, mas, ao mesmo tempo, entendia que alianças eram o pilar do mundo em que viviam. — Quem garante que o seu filho tratará Isabel com respeito? — questionou Vito. Saulo sorriu de canto. — Meu filho pode ser muitas coisas, mas não é um i****a. Ele sabe o que esse casamento significa. Além disso, ele sempre teve interesse por sua filha. Vito franziu a testa. Não gostava de saber daquilo. Isabel era uma mulher bonita e chamava atenção por onde passava, ele não era sego e ja tinha visto isso quando eles compareciam a algum evento da máfia, mas ninguém tinha sido ousado o suficiente para chegar até ele e o convencer de que eram o certo para ela. — Eles já se conhecem? — Não formalmente. Mas ele a viu algumas vezes em eventos da máfia. E... bem, parece que gostou do que viu. Vito não gostou da forma como Saulo disse aquilo, como se a sua filha fosse um prêmio. Mas ele não demonstrou. Mas sabia que se continuasse a conversar com Saulo acabaria matando o homem no seu escritório. — Quero conhecer o seu filho antes de tomar qualquer decisão. — Vito se lembrava de ter visto o filho de Saulo uma vez, mas queria tirar a dúvida primeiro, e só depois poderia tomar alguma decisão. — Isso pode ser arranjado — respondeu Saulo, visivelmente satisfeito. Ele m*l conseguia esconder a sua euforia com aquela notícia, se tudo desse certo parte dos seus problemas estariam resolvidos com aquele casamento. Vito se levantou, encerrando a conversa. — Agora saia da minha casa. Não quero mais interrupções no meu jantar. Saulo assentiu e se levantou também. — Em breve, lhe enviarei os detalhes. Vito apenas observou enquanto ele saía da sala. Assim que ficou sozinho, soltou um longo suspiro e massageou as têmporas. A ideia de perder Isabel o incomodava mais do que ele admitia. Mas ele sabia que, no mundo em que viviam, o amor raramente vinha antes do poder. Quanto mais ele pensava naquela conversa mais ele percebia que tinha algo errado com aquilo, ninguém concordaria com tudo o que a noiva exigisse sem que tivesse um motivo mais obscuro por trás. Vito sentia a sua cabeça doer apenas por pensar naquilo, teria que investigar aquilo o mais rápido possível. Rapidamente ele pega o seu celular e disca para Ricardo, ele era a única pessoa que poderia o ajudar com aquilo. —Aló. — diz a voz firme de Ricardo ao telefone. — Preciso da sua ajuda com algo Ricardo. — Diz ele indo direto ao ponto. — Do que precisa Vito. — Responde Ricardo mudando o seu tom de voz. Vito passa os próximos minutos explicando a Ricardo o que tinha acontecido, não deixando nenhum detalhe de fora. — Isso parece problema. — Diz Ricardo com um suspiro. — Pensei o mesmo, mas para eles quererem tanto Isabel para se aproximar da Fênix acredito que tenham algum motivo oculto. — Também acredito nisso. Tente ganhar tempo Vito, vou por o meu pessoal nisso. — Diz Ricardo. — Me mantenha informado. — Pede Vito antes de desligar. Um suspiro de alívio deixa os seus lábios ao ver que em breve resolveria aquele problema, e a sua filha estaria segura novamente na sua casa.
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