Por um instante Vito analisa os rostos dos seus amigos com raiva, raiva por eles sempre terem percebido e nunca terem falado com ele. Ele se sentia de alguma forma traído por eles.
— Por que nunca me disserem nada? — Pergunta com a voz ríspida os fuzilando com o olhar.
— Por que não era nossa história para nos metermos. — Diz Ricardo.
— E sabíamos como você é Vito, temíamos que fizesse besteira. — Diz Yuri.
— E realmente fez, se isso serve de alívio. — Diz Aurélio se levantando da cama. — Você fez uma grande besteira ao não ouvir ele Vito, posso ser um palhaço quando quero, mas ouça bem o que vou te dizer, jamais encontrará alguém que ame tanto a sua filha quanto o cara esfaqueado do quarto ao lado.
— Você...
— Nós o admiramos muito Vito, sabemos o quanto você ama as suas filhas e isso nos estimula a fazer o mesmo com os nossos filhos, mas também estamos aprendendo que vai chegar um momento onde a nossa interferência apenas os prejudicará, e esse momento será a hora de deixá-los ir. — Diz Klaus com a voz mais suave.
— Não pense que estamos indo contra você. É o mais velho de nós e o respeitamos muito, e é por isso que não desejamos que você sofra por causa de tudo isso. — diz Xavier.
— Apenas converse com ele Vito, se acertem. Somos uma família e na família não temos conflitos. — diz Ricardo antes de dar um tapinha no ombro de Vito e deixar o quarto com os outros.
O silêncio no quarto era quase sufocante. Max abriu os olhos lentamente, sentindo o peso do próprio corpo sobre a cama. A sua visão ainda estava turva, mas aos poucos as formas começaram a se definir. Klaus estava sentado em uma cadeira próxima, observando-o com um olhar atento.
— Finalmente acordou — disse Klaus, sua voz grave e baixa, seu olhar aliviado ao vê-lo acordado.
Max tentou se mover, mas a dor na sua barriga fez com que recuasse imediatamente. Ele fechou os olhos por um instante, sentindo a frustração crescer dentro de si.
— O que aconteceu depois? — perguntou ele, com a voz rouca.
— Mantivemos tudo sob controle. Mas Kenai está furioso e quer a cabeça de Vito.
Max suspirou pesadamente. Ele sabia que aquilo não terminaria tão facilmente. O seu olhar vagou pelo quarto, e ele percebeu a presença de Ricardo, encostado contra a parede.
— Você nos deu um belo susto, Max — comentou Ricardo, cruzando os braços, um sorriso de canto brincando nos seus lábios.
Max soltou uma risada fraca, mas o movimento fez a dor latejar na sua barriga.
— Acho que subestimei a força do meu futuro sogro.
A porta se abriu e Kenai entrou, o rosto carregado de preocupação e raiva contida.
— Você devia ter me deixado matar aquele desgraçado — disse ele, com os punhos cerrados, um olhar de ódio enquanto caminhava até Max.
Max ergueu a mão, pedindo calma.
— Ainda não sabemos o que levou Vito a fazer isso. Eu quero falar com ele.
Kenai pareceu prestes a contestar, mas Ricardo interveio. Max sabia o motivo daquela fúria de Vito, e se arrependia das suas p************s, tudo o que ele queria era que eles se acertassem e esquecessem aquilo.
— Talvez seja melhor ouvirmos o que ele tem a dizer antes de tomarmos qualquer decisão. — diz Klaus que estava silencio no outro canto do quarto.
O silêncio voltou a se instalar no quarto. Max sabia que o seu próximo passo seria crucial para evitar uma guerra desnecessária. Ele fechou os olhos por um momento e respirou fundo.
— Tragam Vito até mim. Vamos resolver isso agora.
Ricardo e Kenai trocaram olhares antes de acenarem em concordância. A noite ainda estava longe de terminar, mas Max tinha a certeza que não descansaria bem enquanto não se resolvesse com Vito.
Todos saem do quarto e alguns segundos depois a porta se abre e Vito entra. Ele tinha a mesma posse de sempre, aquele ar altivo que irradiava poder enquanto andava, Max tinha que admitir que Vito era um homem impressionante, ele o admirava muito.
— Se sente Vito, eu estou bem. — Diz Max com um suspiro cansado.
— Percebo isso. — Diz ele com indiferença.
— Você tem uma mão pesada. — Responde Max com um sorriso de canto.
— Fui cuidadoso, não acertei nenhum órgão seu. — Responde ele serio. Ao ouvir aquilo Max começa a rir, mas quando a sua barriga doí com o movimento ele geme deitado na cama. — Lamento por isso.
Os olhos de Max se arregalam, ele nunca tinha imaginado que viveria para ver o dia em que Vito pediria desculpas a alguém, mas ao que parecia o destino era imprevisível.
— Esta mesmo pedindo desculpas?
— Não vai ouvir isso de novo. — Responde Vito fazendo Max rir novamente.
— Eu preciso me desculpar com você Vito, não deveria ter dito aquelas coisas, é sua vida e eu não tenho o direito de te julgar, lamento pelo que disse. — Max falava aquelas palavras com sinceridade, Vito era alguém que tinha sofrido muito e que apenas não desejava o mesmo sofrimento para suas filhas e ele tinha sido insensível ao falar aquelas coisas para ele.
— Eu também não devia ter dito aquelas coisas, já lutei ao seu lado e sei bem o quão capaz você é. — Max abre um largo sorriso, ouvir aquilo de Vito significava muito para ele.
— Obrigada, mas ainda não desisti de Isabel, eu a amo Vito e a quero ao meu lado. — Não era fácil para Vito ouvir aquilo, mas ele não poderia mais lutar contra o destino, deixaria que a sua filha fizesse a escolha dela.
— Ainda quero te matar quando ouço isso, mas depois do que aconteceu estou em divida com você. — Diz ele se referindo ao ferimento de Max. — Vou conversar com ela sobre isso.
Parecia que Max tinha ganhado o dia com aquelas palavras, ao que parecia ser esfaqueado pelo sogro tinha valido a pena.
— Obrigada Vito, prometo que serie bom para ela.
— Se quer mesmo Isabel, terá que provar que é digno dela. — Ele se virou, caminhando até a porta. — Vamos ver se você realmente merece ser parte da minha família.