capítulo 42

1112 Words
O catálogo em suas mãos era como um pesadelo. Isabel folheava as páginas sem demonstrar nenhuma reação. A vendedora, diante dela, esperava uma reação da noiva que atendia, mas não havia aquela animação que ela sempre via quando vinham à loja. Para Isabel, passar por aquilo era algo inútil. Ela não desejava passar horas a fio escolhendo um vestido de noiva, ao menos não para Cristiano. Se pudesse, iria de preto, mas, infelizmente, não teria como. — Se não gostou dos modelos do catálogo, senhorita, podemos desenhar algo para você. O nosso estilista ficará feliz em fazer isso — diz a vendedora com um sorriso simpático. Isabel apenas a olha e volta a folhear o catálogo. A pobre mulher não sabia que ela estava ali apenas cumprindo uma exigência de seu futuro sogro, que fizera questão de enviá-la à melhor loja para escolher o seu vestido. Os vestidos eram maravilhosos, um sonho em tecidos de vários tipos. Ela já sabia qual vestido usar no dia do seu casamento com Max. Ela não tinha desistido dele e sabia que jamais desistiria em sua vida. — Senhorita? Senhorita, está tudo bem? — pergunta a vendedora. Ela havia sido instruída a atender a mulher à sua frente da melhor forma possível, e deixá-la satisfeita era sua prioridade naquele momento. Isabel se vira para a mulher com um falso sorriso no rosto. Já que estava sendo obrigada a fazer aquilo, podia ao menos dar um bom prejuízo a Saulo. — Eu adorei esse — diz ela, mostrando o modelo mais caro que encontrou no catálogo. — Mas estou achando ele muito simples. — Podemos personalizá-lo para a senhorita, da forma que desejar — diz a mulher, mais animada agora que Isabel estava falando com ela. Isabel sorri com aquilo. Ela queria ver a cara de Saulo quando recebesse a conta por aquele vestido. — Quero o corpete dele todo em diamantes — diz ela, sorrindo. Os olhos da vendedora se arregalam ao ouvir as palavras de Isabel. — Diamantes, senhorita? — pergunta ela após alguns segundos. — Sim, quero brilhar nesse dia e, para isso, preciso de diamantes — responde ela de forma tranquila. — Podemos fazer isso, senhorita, mas o valor do vestido subirá de forma considerável — alerta a mulher. — Eu não me importo. A pessoa que está me dando o vestido pode pagar — diz, dando de ombros. — Também quero diamantes na cauda do vestido e alguns cristais azul-claro para combinar com os meus olhos. A vontade de Isabel era rir da cara de espanto da mulher. Ela sabia que estava exagerando, mas valeria a pena no final se pudesse irritar Saulo. — Claro, podemos fazer isso — diz a vendedora. — Ótimo. Também quero sapatos da mesma forma que o vestido e uma coroa de diamantes — se a mulher não estivesse sentada, com certeza teria caído com o pedido de Isabel. Nos próximos minutos, Isabel acertou tudo com a vendedora e, no final das contas, o seu vestido acabou custando alguns milhões, o que a fazia sorrir de orelha a orelha. Assim que Isabel entra no carro, Vito a encara com desconfiança. — Achei que não quisesse fazer isso, mas, ao que parece, eu estava errado — diz ele, olhando-a com a sobrancelha arqueada. — Não é nada, papai — responde ela. — Que tal um lanche? — Sabe que não consigo negar nada a você, querida — diz ele, sorrindo. Juntos, eles vão até uma lanchonete na cidade. Isabel gostava de comer um bom hambúrguer, mas Vito não gostava que ela comesse fora de casa. Eles fazem o pedido e rapidamente ele chega. Havia uma certa vantagem em ser o Don de uma máfia. — Isso está muito bom — diz Isabel, dando uma mordida em seu hambúrguer. — Que bom que gostou — Vito olhava para sua filha com carinho. Ele não via a mulher linda à sua frente; era como se ele visse apenas a menina que fazia o seu coração disparar, seu pequeno raio de sol. Ele sorri ao ver a forma como ela devorava o seu hambúrguer sem se preocupar com quem estava por perto, tão diferente de outras jovens na máfia. Ao pensar que a professora dela de etiqueta visse aquilo, Vito sorri. — Experimente, papai, não pode apenas ficar olhando — diz ela, estendendo seu hambúrguer para ele. Vito olha um tanto relutante, mas, ao ver o olhar de sua filha, desiste e dá uma mordida no hambúrguer dela. Assim que sente o gosto, surpreende-se por algo tão pequeno ser tão bom. — É muito bom — diz ele, fazendo-a rir. — Então, finalmente, consegui estragar o seu paladar refinado. — Não é para tanto. Não gosto de você comendo em lugares duvidosos. — É simples: compre uma lanchonete para mim, assim vou sempre comer o que o seu pessoal cozinhar — diz ela, brincando com ele. Mas Vito não via daquela forma. — Talvez eu compre. Não é uma má ideia — responde, passando a mão pela barba. — Era apenas uma brincadeira, papai. — Eu sei — responde ele, enquanto manda uma mensagem em seu telefone. Antes do dia acabar, ele já teria comprado a lanchonete para Isabel. Assim que chegam em casa, Lúcia corre até Isabel, seus olhos apreensivos. — O que houve? — pergunta Vito. — É melhor vocês verem — diz ela, os acompanhando até a sala. Ao chegar à sala, os olhos de Vito se escurecem. Havia várias embalagens de comida espalhadas pela mesa. — O que significa isso? — pergunta Vito. — Isso chegou há poucos minutos, veio da parte do senhor Cristiano. A raiva de Vito sobe a níveis alarmantes ao pensar que, durante todo aquele tempo, Cristiano os estava espionando. Era a única forma de saber o que eles estavam fazendo. — Como ele se atreve a nos espionar?! — brada Vito. — Isso não importa agora, papai. Podemos nos prevenir mais para a frente — diz Isabel antes de se virar para Lúcia. — De qualquer forma, Lúcia, você pode dividir essa comida com quem quiser. Eu não quero. — Mas, senhorita, foi um mimo do seu noivo. — Eu não me importo — diz ela antes de dar um beijo em seu pai e subir. O ódio nos olhos de Vito era inconfundível. Rapidamente, ele chama um dos seus soldados. — Sim, Don — diz o homem, se aproximando. — Quero que encontre o espião que tem nos vigiado e me traga a língua dele. — Será feito, Don — diz o homem antes de sair. Vito tinha um sorriso c***l no rosto. Se Cristiano queria brincar, ele não se importava.
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