Capítulo 33

1032 Words
Cristiano entrou no salão com passos firmes, o anel de noivado seguro entre os dedos. Os seus olhos escuros brilhavam de desejo e obsessão ao se fixarem na figura delicada de Isabel, sentada à beira da grande janela. Desde o momento em que a vira pela primeira vez, naquele evento da máfia, soubera que ela era sua. Destinada a ele. Não importava o que fosse necessário para tê-la. Isabel sentiu um arrepio percorrer a sua espinha quando percebeu a sua presença. O olhar que ele lançava sobre ela sempre lhe causava desconforto, um peso frio em seu estômago. A maneira como a observava, como se já a possuísse, fazia a sua pele se arrepiar em repulsa. Ela não queria passar por aquilo, mas era necessário. Por sorte ela tinha convencido o seu pai a convidar apenas algumas famílias o que a deixava mais tranquila. Devia ter apenas umas vinte pessoas no salão naquele momento e Isabel se sentia sobrecarregada ao ter que ser cortês com elas quando tudo o que queria era estar no seu quarto com um livro nas mãos. Cristiano se aproximou, um sorriso suave nos lábios, mas seus olhos carregavam algo sombrio. Ele se sentia quente apenas em observar a beleza de Isabel, ela era uma mulher bonita com aqueles olhos azuis encantadores e cabelos loiros que caiem pelos ombros. Isabel era esguia e tinha um rosto delicado como se fosse uma boneca de porcelana. — Isabel — disse ele, segurando a sua mão sem pedir permissão. — Trouxe algo para você. Ele abriu a pequena caixa de veludo, revelando um anel de diamante imponente. Isabel sentiu náuseas só de olhar para aquilo. A sua garganta secou, e ela tentou puxar a mão, mas Cristiano segurou firme, os dedos apertando a sua pele de forma possessiva. — Eu quero você como a minha esposa — continuou ele, com a voz carregada de falsa doçura. — Desde que a vi, soube que ninguém mais poderia estar ao seu lado. Eu sou o único que pode cuidar de você, protegê-la… amá-la. O coração de Isabel disparou, mas não de emoção — de puro terror. Os seus olhos se arregalaram, e um frio subiu por sua espinha. O toque dele era errado, sua presença sufocante. Sentia-se enjaulada, incapaz de respirar. — Eu… — tentou falar, mas sua voz falhou. Antes que pudesse reagir, uma sombra se moveu atrás de Cristiano. A presença de Vito dominou o ambiente como um trovão prestes a cair. O pai de Isabel observou a cena por alguns segundos, então, com um único movimento, arrancou a mão da filha das garras de Cristiano. — Tocar a minha filha não foi seu primeiro erro — rosnou Vito, sua voz grave como aço. — Mas será o último. Cristiano se virou devagar, encontrando o olhar frio de Vito. O brilho do anel ainda reluzia na caixa, esquecida sobre a mesa. Ele se lembrava dos termos do contrato pré nupcial que eles tinham assinado, mas quando estava com Isabel se esquecia daqueles detalhes. — Eu só quero o que é melhor para Isabel — argumentou Cristiano, seu tom insistente. — Eu a amo. Vito soltou um riso seco, carregado de desprezo. Ele não conseguia esconder a raiva que sentia pelos Vásquez, e se não fosse pelas informações que precisava jamais estaria sujeitando a sua filha aquela situação. — Amor? — repetiu ele, dando um passo ameaçador para frente. — Isso não é amor. É obsessão. Você acha que pode simplesmente aparecer aqui e reivindicá-la como se fosse um objeto? Se esqueceu do termo do nosso contrato? Cristiano engoliu em seco, mas sua determinação doentia não vacilou. Ele se lembrava bem daqueles malditos termos, mas esperava que convivendo com Isabel ele pudesse conquistar o seu coração. — Eu posso fazê-la feliz — insistiu, os olhos ardendo de fervor. — Ela só precisa entender que estamos destinados um ao outro. Isabel, finalmente recuperando a voz, se ergueu de súbito, os olhos brilhando de raiva e desgosto. Ela jamais aeitaria que alguem como Cristiano a tocasse e se aproximasse dela. — Você me dá nojo — cuspiu, sua voz firme. — Nunca serei sua. Nunca. Se lembre que esse casamento é apenas de aparência, nunca teremos nada. O rosto de Cristiano se contorceu em dor, como se as palavras dela tivessem perfurado a sua pele. Mas logo o seu olhar doentio retornou, como se ele não acreditasse no que ouvira. Ele pensava que a sua Isabel jamais diria aquelas palavras de propósito, e ao olhar para Vito pensa que devia ser a presença do pai ao lado dela. Vito, no entanto, não deixaria a situação se prolongar. Avançou mais um passo, sua presença esmagadora. — Saia daqui, Cristiano — ordenou ele, a voz fria como uma lâmina. — Antes que eu resolva isso de um jeito que você não vai gostar. — Ao menos aceite o anel que comprei. — Diz estendendo a caixa para Vito. — Minha filha não precisa das suas esmolas, se lembre de manter distância da minha Isabel. — Sem escolha e um tanto quanto chateado Cristiano pega a caixa e coloca no seu bolso, ele daria um jeito de entregar a ela depois, em um momento em que Vito não estivesse por perto para envenenar a sua noiva contra ele. Cristiano hesitou por um momento não querendo deixar o lugar, então, sem outra escolha, virou-se e caminhou para a saída. Antes de atravessar a porta, lançou um último olhar para Isabel. Um olhar que prometia que ele não desistiria. E isso a fez temer ainda mais. — Papai. — Chama ela preocupada. — Não se preocupe querida, lhe prometi que estaria segura e vou garantir isso. — Diz Vito lhe abraçando. No salão os outros convidados riam e conversavam alheios a cena que tinha se desenrolado entre eles. Naquele momento Vito agradecia por não ter convidados os seus amigos, sabia que as coisas ficariam feias caso eles visem o olhar de Cristiano sobre Isabel. Com um suspiro ele pega na mão de Isabel e juntos eles seguem em direção a saída, para ele a festa tinha acabado há muito tempo, e ele não arriscaria a vida da sua filha.
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