Max estava surpreso com a forma como tudo tinha se organizado. Em poucos minutos, ele se via em uma arena improvisada, cercado por soldados inimigos. A diferença era que, agora, eles não tinham uma arma apontada para sua cabeça. Do outro lado, Hector observava a cena consternado. À sua frente, Max podia ver que ele não contava com aquela jogada. Mas Max havia feito o dever de casa e pesquisado tudo sobre o seu inimigo, inclusive as suas regras.
— Não pode fazer isso, Kenai! Ele é nosso inimigo! — esbravejou Hector do outro lado, os seus olhos transmitindo uma fúria m*l contida. Max o olhava tranquilamente.
— Você conhece as regras, Don, e vai respeitá-las — disse ele, encarando o homem com um olhar de aço. Max percebia que nenhum daqueles soldados deixaria o seu chefe partir sem que ele honrasse o compromisso com o desafio primeiro.
Kenai se aproximou de Max, com Hector logo atrás dele.
— Vou explicar as regras do desafio.
Fez-se um longo silêncio enquanto todos aguardavam Kenai falar. Max observava como os outros soldados respeitavam o homem à sua frente, e aquilo o deixava curioso.
— Você desafiou o Don, desconhecido.
— Me chamo Max — disse ele.
— Max — repetiu Kenai. — As regras são simples: a luta é até a morte. Não há clemência em um desafio.
Os soldados gritaram ao redor, dando ênfase ao que Kenai dizia. Ele olhou para Max com um sorriso de canto e olhos sombrios.
— Como líder atual, o nosso Don pode escolher alguém para lutar no seu lugar ou enfrentar você. Mas ele compartilhará do mesmo destino do seu lutador.
Novamente, os soldados fizeram um alvoroço.
— Por mim, tudo bem — respondeu Max de forma tranquila.
— Vocês podem usar apenas uma arma. Então, escolha entre uma lança, uma faca ou um arco. Aqui, fazemos como os nossos ancestrais.
— Faca — disse Max, mostrando a sua.
— E você, Don? — perguntou Kenai, virando-se para Hector, que sorria.
— Uma lança — respondeu ele. — E escolherei alguém para me representar.
— Faça a sua escolha, Don — pediu Kenai, respeitoso.
Os olhos de Hector percorreram os soldados reunidos até pararem em um homem mais ao fundo.
— Você — disse ele, apontando.
O escolhido avançou entre os outros. Max observou, surpreso, o homem enorme à sua frente, um sorriso curvando os seus lábios.
— Não parece com medo — disse Kenai, olhando para Max. — Ele é nosso melhor soldado.
— Digamos apenas que tenho experiência com homens como esse — respondeu Max, dando de ombros, o que arrancou uma gargalhada de Kenai.
— Gostei de você. Por isso, farei um ritual de passagem quando morrer, em sinal de respeito — disse ele solenemente.
— Sei que fará, mas não será para mim — respondeu Max.
O silêncio que se seguiu foi rapidamente preenchido pelo burburinho dos soldados, que aguardavam ansiosos pelo confronto. O guerreiro escolhido por Hector avançou para o centro da arena improvisada, girando a lança com destreza. Max, por sua vez, apenas firmou a faca na mão e analisou o seu oponente com calma. Ele não precisava de velocidade ou força bruta – apenas de uma a******a.
O soldado avançou primeiro, desferindo uma estocada veloz, mas Max desviou de lado com facilidade. Outro golpe veio, e ele se abaixou no último instante, sentindo o vento da lâmina cortando o ar acima da sua cabeça. O adversário era bom, mas previsível.
Max esperou, calculou os movimentos do inimigo e, no instante certo, lançou-se para frente. Com uma esquiva ágil, agarrou a haste da lança e puxou o oponente para perto. A luta, que parecia ser uma exibição de força e resistência, tornou-se um combate feroz corpo a corpo.
O soldado tentou se desvencilhar, mas Max foi mais rápido. Ele girou a faca em um movimento certeiro e afundou a lâmina na lateral do pescoço do inimigo. O homem arregalou os olhos, soltando um grunhido surpreso antes de cair de joelhos. Max puxou a faca e deu um passo para trás, observando enquanto o sangue escorria e o corpo tombava no chão sem vida.
O silêncio tomou conta do local por alguns segundos antes de explodir em gritos e aplausos. Os soldados gritavam o nome de Max, exaltando a sua vitória.
Hector, pálido e trêmulo, recuou instintivamente. Ele sabia o que viria a seguir. Tentou dar meia-volta e correr, mas mãos fortes o agarraram pelos ombros e o jogaram ao chão. Os seus próprios homens o cercaram, e um deles cuspiu em seu rosto.
— Covarde! — gritou um dos soldados.
— Você nos venderia para salvar a própria pele! — acusou outro.
Hector se debatia, tentando se soltar, mas os homens o mantinham firmemente no lugar. Max se aproximou com passos lentos e firmes, seu olhar frio como aço. Ele se ajoelhou diante de Hector e, sem dizer uma palavra, segurou o rosto do homem, forçando-o a encará-lo.
— Um líder morre com honra. Você nem isso tem.
Hector abriu a boca para protestar, mas Max já havia tomado a sua decisão. Em um movimento preciso, deslizou a faca pela garganta do inimigo. Hector soltou um ruído sufocado enquanto o sangue jorrava, e os seus olhos vidraram no vazio antes que o seu corpo ficasse imóvel.
O silêncio reinou por um momento antes de ser quebrado por um rugido ensurdecedor dos soldados. Eles ergueram as armas para o alto, comemorando a queda do antigo líder e saudando Max.
— O novo Don! — alguém gritou.
Outros repetiram, e em questão de segundos, toda a tropa entoava o nome de Max. Ele permaneceu em pé no centro da arena, o sangue de Hector ainda manchando a sua lâmina, enquanto aceitava o destino que acabara de conquistar.
Max nunca tinha desejado aquilo e ainda não sabia bem o que pensar sobre o que tinha acabado de acontecer, o seu corpo ainda zunia com a adrenalina do que tinha acontecido. Ele tinha completado a sua missão, e ainda ganhara um cargo que poderia ser a solução para seus problemas.