Capítulo 22

1154 Words
Vito observava atentamente as expressões das suas filhas enquanto elas abriam as pequenas caixas. Assim que Isabel e Estela viram o medalhão cravejado com pedras preciosas, os seus olhos brilharam de surpresa. Com mãos cuidadosas, abriram os medalhões e, dentro deles, encontraram uma foto delas com a mãe quando ainda eram bebês. O impacto daquela lembrança trouxe lágrimas silenciosas a seus olhos, e elas olharam para o pai, profundamente emocionadas. — Pai... — murmurou Estela, sem conseguir esconder a comoção. — Como conseguiu essa foto? Vito esboçou um sorriso melancólico antes de responder. Vendo o quanto a suas filhas tinham gostado daquele presente ele se sentia feliz por ter feito aquilo. — Fiz uma busca por registros antigos de vocês. Queria encontrar algo que lembrasse a sua mãe. Quando vi essa foto, soube que deveria dá-la a vocês. Achei que gostariam de ter essa recordação. Isabel segurou o medalhão contra o peito e respirou fundo. Ela tinha sido a que mais sofreu com a perda da mãe, o sentimento de desprezo sempre rondando o seu coração quando havia sido internada em um hospital sem contato com a sua família, mas com aquela foto ela podia sentir um pouco do amor que a mãe tinha por ela e por sua irmã. — É o presente mais precioso que já recebi. — disse ela, a voz embargada. Vito olhou para as filhas, satisfeito por ter proporcionado aquele momento a elas. Sabia que não podia apagar as dores do passado, mas ao menos podia oferecer algo para manter viva a memória da sua família. Ele se culpava por tudo o que tinha acontecido e a cada dia buscava fazer algo por suas filhas, não que elas soubessem disso, pois o que se passava no seu coração não era externado para as outras pessoas. — Vocês sempre terão a mim, assim como sempre terão essa lembrança. — completou ele. Isabel e Estela se entreolharam e, sem hesitação, abraçaram o pai, deixando que a emoção do momento os envolvesse completamente. Aquele presente não era apenas uma joia. Era um pedaço da sua história, um vínculo eterno que nem o tempo poderia apagar. — E o meu vovô? — Pergunta Antonela os tirando daquele momento, ela olhava com curiosidade para as caixas a sua frente. — Eu jamais esqueceria da princesa do vovô. - diz ele entregando uma caixinha para ela. Quando ela abre um pequeno gritinho deixa os seus lábios ao ver uma cópia do medalhão da sua mãe, mas menor. — Me deixe abrir para você querida. — Diz Estela pegando o medalhão e abrindo, ela se encara com a foto dentro dele. Era uma foto com todos eles em uma das reuniões que eles faziam na mansão. — É lindo papai! — Que bom que gostou, achei que seria um bom presente para ela guardar a medida que for crescendo. — Vito queria construir memórias com os seus netos, queria que eles sempre tivessem algo para se lembrar quando fossem mais velhos. — Tenho certeza que ela vai guardar isso como um tesouro papai. — Diz Isabel maravilhada. — Abra o do Stefan querida. — Diz ele lhe entregando uma outra caixa. Estela pega a caixa e abre encontrando uma pulseira com um pingente circular como o do seu medalhão, mas um pouco mais discreto, e quando ela o abre encontra a mesma foto que havia no medalhão de Antonela. — É maravilhoso, e sei que ele vai amar isso. — Responde ela animada pegando a pulseira prendendo no braço de Stefan. — Agora que já estão mais animadas preciso falar com Isabel em particular querida. — Estela examina os olhos do pai vendo a apreensão no seu rosto, ela podia dizer que aquela conversa não seria fácil para ele. — Claro papai, vou levar a Antonela para o berçário enquanto conversam. — Diz ela lhe dando um beijo na bochecha enquanto se retirava. Isabel percebe o quanto seu pai estava nervoso, algo que era incomum dele. Assim que Estela se retira ela se vira para ele esperando que ele começasse. — Querida o que tenho para te dizer não é fácil, mas gostaria que me ouvisse primeiro antes de qualquer coisa. — Começa ele falando calmamente. — Vou te ouvir papai. — Responde ela o deixando mais tranquilo. — Eu recebi um pedido de casamento para você, e resolvi aceitar. — Aquelas palavras caíram sobre Isabel como uma bomba que ameaçava levar todos os seus sonhos. Ela arfa sentindo o seu peito se apertar e a sua respiração ficar agitada. Por mais que temesse aquilo a algum tempo ela não esperava que fosse acontecer tão sedo. Vito espera com atenção que a sua filha se acalmasse, lhe doía ver a forma que ela estava reagindo a suas palavras, mas aquilo precisava ser feito, era a única forma de garantir a sua segurança. — POR que agora papai? — Pergunta ela finalmente se recuperando do choque inicial. — Você confia em mim querida? — Pergunta Vito enquanto pegava uma das mãos de Isabel as segurando com carinho. — É claro que eu confio papai. — Diz ela como se apenas a pergunta dele fosse uma ofensa a ela. Vito sorri com aquilo, era bom saber que a sua filha confiava nele. — Então apenas confie em mim, que vou garantir que tudo saia como se deve. — Ele não contaria a Isabel o motivo de aceitar aquele pedido de casamento, ele queria que ela não soubesse das suas reais intenções que e que assim pudesse se preservar. — Papai... — Começa ela um pouco sem jeito. — Eu... — Tem um certo soldado no seu coração. — Termina ele. Os olhos de Isabel se arregalam ao olhar para o seu pai, uma mistura de medo e ansiedade percorrendo o seu corpo. — Eu sei querida. Aquilo não era o que Isabel esperava ouvir do seu pai, e a surpresa a domina diante das suas palavras, mas quando ela olha nos olhos dele, ele percebe que ele estava calmo, o que a deixava ainda mais apreensiva. — Você esta bem com isso papai? — Pergunta ela com a sobrancelha arqueada. — Não vou negar, a minha vontade é de ir até ele e matá-lo por ter ousado colocar os olhos em você. — Diz ele com o maxilar trincado. — Papai! — Diz ela brava. — Esta bem, mas vamos falar sobre isso depois. — Diz ele cedendo. — Ainda quer que eu me case? Mesmo sabendo que eu não quero me casar com um estranho? — Pergunta ela com a voz mais baixa. — Como eu disse querida, confie em mim, papai vai resolver tudo. — Diz ele dando um tapinha na sua mão. Vito faria de tudo para ver a sua filha feliz, e por mais que a magoasse se casar com alguém que não amava naquele momento, era a melhor solução para os seus problemas.
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