Raquel 2

1896 Words
Mais um dia em que Raquel chega em sua casa, a grande mansão Aguiar, o grande castelo luxuoso do qual sua mãe sempre teve orgulho, afirmando que foi construída com muito suor da sua família, principalmente do seu falecido pai, que já foi governador do Ceará, e seu marido que foi Deputado Federal. Maria Aguiar é uma mulher intolerante, preconceituosa quando se trata de posição social e arrogante, coisa que sua filha nunca foi. Tanto que se casou com uma mulher que conheceu em uma lanchonete, servindo cafezinho. Foi preciso um ano para estarem se unindo no matrimônio, seu pai ainda era vivo, apoiou a sua decisão, até porque se envolver em um escândalo daqueles sendo acusado de preconceituoso não seria bom para sua campanha em andamento, a verdade é que o casamento da filha com uma garçonete lhe trouxe muitos votos, mesmo que inconscientemente, Raquel conseguiu ajudar o pai. Três anos depois do casamento, Heitor faleceu. Como Raquel não seguiu os passos políticos do pai, seguiu no ramo empresarial, elevando o nome da sua empresa de modelagem ao topo. Sendo a maior do Brasil e reconhecida internacionalmente. Quando elas fizeram cinco anos de casadas, resolveram dar um passo na relação, pois as brigas estavam sendo constantes, Maria também não ajudava em nada, pois deixava claro que não gostava de Marissol, mas a mulher resolveu fazer aquilo, até porque ela amava a esposa. Porém aquela decisão foi o suficiente para Maria enlouquecer, não aceitaria aquele neto, agiu pelas costas das duas, apesar de nenhuma saber o que de fato aconteceu naquela fatídica noite. Eis que cinco anos depois, Raquel está naquela mansão, mas a verdade é que ela nunca mais foi a mesma desde que perdeu sua esposa. Tentou encontrá-la nos dois primeiros anos, mas depois que viu Marissol assinar aquele papel, nunca mais teve notícias da única mulher que amou em toda a sua vida. Ao deixar a maleta no balcão do bar, ela abre o paletó feminino que usa e pega o uísque, bebendo, como tem sido sempre que chega do trabalho. Suspira ao ouvir os passos vindos da escada. - Chegou cedo.             A mulher também n***a se aproxima de Raquel, fazendo a mais nova revirar os olhos ao olhar a mãe lhe analisando beber o álcool. - Tive apenas algumas reuniões. - Você não acha que está bebendo demais?             Raquel suspira e deixa o corpo em cima do balcão, pegando a sua maleta e se encaminhando para a escada. - Raquel, volte aqui, estou falando com você. - Boa noite, mãe. Com isso sobe e deixa a outra falando sozinha, gritando suas reclamações quando as coisas não saem como ela quer, inclusive porque ela insiste que Raquel tem que se casar novamente, pois ela quer os herdeiros para todo aquele império construído em anos e por gerações. - Você tem que se casar, Raquel, você tem que ter filhos.             Foi a última coisa que a n***a escutou antes de entrar em seu quarto e bater a porta com força. Com certeza a ideia de casamento nunca mais passou por sua cabeça, ela acredita que nunca mais se casará novamente. Começa a tirar o blazer assim como os saltos, depois pega um grampo e prende os cachos, tirando também a saia, ficando apenas de calcinha e a camisa branca. Vai até a janela e encara o jardim, deixando que seu corpo relaxe pela primeira vez no dia. Ao olhar as flores ela sorri, porque sabe como sua esposa gostava de flores, do cheiro, da sensação de tocá-las, tudo em Marissol era incrivelmente viciante. - Onde você se meteu, Marissol, como você sumiu assim?             A respiração da n***a já se descompassa, pois ela sente as lágrimas caírem, nem tenta evitar, porque por mais que ela ame aquela mulher, que a tenha procurado durante dois anos, também sente uma dor h******l ao lembrar-se da cena daquele dia, de como seu corpo todo reagiu com raiva, fúria, ira, gritando aquelas palavras horríveis para a mulher que ama, mesmo depois dela dizer que era inocente, mesmo depois de ser comprovado que ela estava completamente bêbada, deveria ter dado ao mesmo a dádiva da dúvida, mas como sempre, agiu por impulso. - Você não deveria ter feito isso comigo, Marissol, não deveria ter feito isso com a gente.             Raquel pode até se arrepender do que disse, mas a mágoa ainda está presente em seu coração.   ..........***..........               Como sempre é nas manhãs, Raquel toma seu café sob o olhar analisador da mãe. Maria não vai desistir, ela sabe que a filha ainda pensa na ex esposa, para a mulher aquilo é inadmissível depois de tudo que ela fez para aquele casamento acabar, com certeza não será aquela maldita saudade que fará com que aquela família não tenha um herdeiro legítimo. - Hoje teremos a visita da família Monte Rei, gostaria da sua presença aqui. - Desde que não fique empurrando a filha deles para mim, estarei nesse jantar.             Maria solta a xícara e encara a filha. - Você tem que parar com isso. - O que seria isso? – A mais nova tenta manter a calma. - Esse drama, essa coisa de esperar por aquela lá. Ela te deixou depois de te trair, o que mais precisa para perceber que ela não te amava, que nunca foi digna da nossa família?             Nesse momento Raquel perde o controle, assim como vem sendo há anos. Sua mãe é a única pessoa que consegue tirar toda a sua razão, seu controle. Ela odeia aquilo, odeia sentir-se assim, aquele medo, aquela solidão, ela odeia o fato de ter perdido Marissol e nunca mais ter notícias da mulher que ama. - Pare com isso você. – A mais nova grita, assustando a mãe ao escutá-la bater na mesa com força. – Você é culpada disso tudo, é tudo culpa sua. - Ah, não me venha com essa, não fui eu que traí você, que me deixei levar por... - Cala a boca, cala a m***a da boca. Ela pode até ter me traído, mas a culpa disso é sua. Essa sua arrogância, seu tom autoritário, essa sua preocupação com dinheiro, status, vai a m***a, para que quer mais dinheiro, já não basta os milhões que estão na sua conta, que diga-se de passagem, você vai morrer e não vai gastar metade daquilo, e que se f**a herdeiro, eu nunca colocaria um pequeno ser no mundo para viver sob seus ensinamentos egoístas e se isso chegar a acontecer, vou criá-lo a quilômetros de distância de você.             Raquel grita, sentindo um alívio ao dizer aquilo. Ela quer extravasar, dizer que odeia o fato da sua mãe falar aquelas coisas da mulher que ama, da única que ela vai amar. - Olha como você está falando comigo, aquela mulher foi embora há anos, mas ainda assim consegue fazer você se afastar de mim. - Você nunca vai mudar, Maria, nunca vai deixar de ser essa pessoa que afasta todos ao seu redor. As vezes agradeço pela morte do meu pai, ao menos ele não pode ver essa pessoa h******l que você se transformou.             Com isso ela sai da sala de jantar, deixando a mãe completamente sem palavras. Raquel nunca falou daquele jeito com a mãe, mas o pior de tudo é que ela não se arrepende, ela não consegue sentir quase nada em relação à Maria, seria nada se não fosse a mágoa e raiva que ela tem pela mulher que tem grande parte da culpa por Marissol ter ido embora. - Você vai se arrepender disso, Raquel, vai se arrepender.             Maria diz, pois agora ela vai fazer de tudo para que a família Aguiar se junte à família Monte Rei, nem que isso custe os últimos dias da sua vida.             Raquel chega até sua empresa, enfurecida, o sorriso que ela lança para seus funcionários não foi visto em seu rosto naquele dia, o que já deixa sua secretária com o sinal de alerta ligado. - Bom dia, senhora Aguiar.             A mulher n***a também entra na sala e logo vai falando, porém ela sente Raquel na sua frente, suas respirações próximas, os corpos colados. A n***a ama Marissol, mas ela só conhece um jeito de extravasar. - Eu preciso de você agora.             Elis é uma mulher de vinte e cinco anos que trabalha ali há dois anos. n***a com cabelos afros que a faz chamar mais a atenção da sua chefa. Depois de um ano elas entraram naquela situação de s**o sem compromisso, se viam fora dali, mas depois de terem uma noite selvagem era como se não tivesse acontecido nada. Raquel continua a tratando como sua funcionária, a não ser em momentos como aquele, onde a mulher chega na manhã e exige que elas transem. Elis nunca recusa, pois a verdade é que ela adora aquilo, adora a sensação de desejo que emana dos olhos da mais velha ao tocá-la, da satisfação que Raquel transmite ao beijá-la, mas o que a mais nova não sabe é que tudo aqui não passa de uma máscara, e no fim das contas, é com Marissol que a empresária sonha todas as noites. - Estou aqui.             Sem esperar mais, Raquel avança nos lábios da outra. Pressionando seu corpo na parede. O vidro especial impede que quem esteja do lado de fora veja o que acontece no interior da sala, as permitindo que se beijem e se aproveitem sem a preocupação com plateia. A mais velha desce seus beijos para o pescoço da outra, escutando o gemido que sai da boca da secretária. - Raquel...             A mulher geme o nome da chefa ao sentir a mão de Raquel entrar no seu vestido, afastando a calcinha e tocando a i********e, que já demonstra sinais de excitação. Elis coloca suas mãos nos fios de cabelo da nuca da mais velha e puxa com força ao sentir os dedos lhe penetrarem. - Oh, m***a, isso.             Raquel repousa sua cabeça contra o ombro da menor e começa seus movimentos com perfeição, ela já sabe como deve tocar na garota. Os movimentos de vai e vem se tornam mais firmes, mais rápidos, mais gostosos para Elis, porém para Raquel é como um nada, um vazio que nem aquela mulher maravilhosa em seus braços está conseguindo tirar, nem que seja por algumas horas. Mas ela terminará o seu trabalho, porque ela deve isso a Elis. - Eu vou gozar, caramba, eu vou...             Com isso a mulher se deixa derramar nos dedos da chefa. Seu corpo relaxa assim que Raquel se retira de dentro dela. Mas quando elas se encaram, Elis não ver mais a mesma emoção de antes, a comprovação veio quando Raquel se pronuncia. - Saia, por favor, me deixe sozinha. - Mas... - Saia!             A mais velha grita, ela não queria ser rude, mas é inevitável. Nem o s**o está adiantando, nem o prazer físico está conseguindo fazê-la ficar melhor. Mas aquele dia é diferente, aquele dia é o pior da sua vida, porque naquela mesma data há dez anos, ela estava casando com o amor da sua vida, mesmo que Marissol fosse tão nova, ela podia ver a facilidade em seus olhos, a felicidade que a n***a nunca mais teve, pois foi naquela mesma data, há cinco anos, que Marissol assinou o divórcio. Duas datas que trazem o melhor e o pior dia da sua vida, ela nunca se perdoará por isso. 
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