Capítulo – Daniel Ferraz
O sinal acabou de fechar quando sinto o impacto leve na traseira da minha moto. Não caí, não me machuquei, mas a irritação veio no automático.
— Da próxima vez, presta atenção quando o sinal fechar — digo, virando o rosto.
E então... ela desce do carro.
Uma BMW. Óbvio.
E de dentro, sai ela. Uma morena absurda. Daquelas que fazem o mundo parar por alguns segundos.
— Desculpa, moço… — diz, com a voz suave, mas visivelmente nervosa.
— Você é louca? Não viu que o sinal tinha fechado?
— Eu já pedi desculpas, seu i****a. Tá surdo ou o quê? — rebate, e aí sim... me chama a atenção.
— Quer dizer que a gata é brava… — provoco, rindo.
— Dá pra você ver se quebrou alguma coisa na sua moto? Quero pagar.
— Não quebrou nada. Obrigado. Mas não precisa se preocupar.
— Eu faço questão.
— E eu já falei que não precisa. Só presta mais atenção da próxima vez, gata.
Ela revira os olhos, me xinga de i****a e entra no carro, indo embora sem nem olhar pra trás.
Fico parado por alguns segundos.
Que mulher marrenta… e que mulher, meu Deus.
Ela é simplesmente uma obra de arte: corpo no ponto, boca provocante, olhos intensos. Subo na moto ainda com a imagem dela grudada na minha mente. E com outra coisa despertando também…
Chego em casa, guardo minha moto — minha bebê — e vou direto pro banho.
Depois, jogo uma calça de moletom no corpo e me deito, notebook no colo, tentando revisar alguns projetos. Tento.
Porque a concentração foi toda embora. E só consigo pensar nela.
A morena do sinal.
Aquela boca atrevida. A forma como me desafiou. O jeito como me chamou de i****a e depois sumiu. Fico imaginando o que aquela boca faria com mais tempo… e mais silêncio. Sorrio sozinho. Meu corpo responde.
— Será que vou te ver de novo, morena?
Acordo com o despertador tocando. Detesto essa p***a.
Desligo e vou direto pro banho. Depois, desço pra tomar café.
— Bom dia, senhor Daniel. — diz Lurdes, minha governanta desde sempre.
— Bom dia, Lu. — respondo, com um sorriso.
Ela é como uma segunda mãe. Me criou praticamente sozinha, já que meus pais sempre estiveram ocupados demais vivendo suas vidas de viagens e aparências.
— Vai almoçar em casa hoje, filho?
— Não, Lu. Combinei com o Pedro.
— Manda um abraço pra ele.
— Pode deixar.
Dou um beijo no rosto dela e saio.
Na empresa, cumprimento a recepcionista — Verônica — uma loira turbinada que já conheceu minha cama… e acha que um anel viria em seguida. Doce ilusão.
— Verônica, quando o Pedro chegar, pode mandar ele entrar. — digo, direto.
Ela pisca, morde o lábio. Finjo que não vejo. Entro na minha sala.
Me sento e… ela volta.
A morena. A do sinal.
A imagem dela me invade de novo. Como se fosse possível esquecê-la.
Universo… não seria pedir demais vê-la de novo, né?
Sou puxado de volta pra realidade quando Pedro entra. Meu primo, sócio, parceiro de negócios — e de festas.
— Fala aí, viado. O que quer agora? — diz, já entrando no clima.
— Bom dia pra você também, seu cuzão. — respondo.
— Os desenhos do prédio ficaram prontos? — pergunto.
— Sim, irmão. Só falta você revisar. Ver se tá tudo no seu padrão de exigência insuportável.
— Perfeito.
Mal terminamos de conversar, minha sala é invadida. E eu... quase engasgo.
É ela.
Alexa. Smith. Em carne, osso, curvas e atitude.
Vestido preto justo. Cabelo solto. Olhos firmes. Boca no ponto. A p***a da visão do paraíso com TPM.
Pedro quase baba. Isso me irrita. Lanço um olhar fulminante pra ele e já mando:
— Pode deixar a gente a sós.
Ele sai, mas não antes de dar uma piscadela pra ela. Filho da mãe.
— Em que posso ajudar, doutora? — pergunto, com o melhor sorriso de canto que tenho.
— Estou aqui representando Alberto Vilas. — ela vai direto ao ponto. — Você quer construir um prédio em cima da casa dele. E isso não vai acontecer.
Ela é firme, decidida, afiada. E p**a merda… como isso me excita.
— Já ofereci muito mais do que aquela casa vale. Ele se recusa a vender.
— Porque não é só uma casa. É a história dele. A memória da esposa. A vida. Sentimentos que não se compram.
— O terreno é perfeito. Vista para o pôr do sol. Nada pessoal. Só negócio.
— Pois agora é pessoal. Porque eu vou impedir você de construir naquele local.
— Isso é um desafio?
— Pode encarar como quiser. Mas saiba que eu adoro uma boa briga.
Ela se levanta. O cheiro dela fica no ar.
— Boa sorte, Dra. Alexa Smith. — digo, lançando uma piscadinha safada só pra provocar.
Ela sai da sala cuspindo raiva.
Eu sorrio. Que mulher.
Mal ela sai, já tô digitando o nome dela no Google.
Alexa Smith. Advogada renomada. Zero derrotas. Gênio forte. Fria. E linda pra c*****o.
Ok, universo. Você venceu.
Agora quero mais.
E eu sempre consigo o que quero.
Mas dessa vez… acho que vai ser interessante ter que lutar por isso.