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1087 Words
ALLY NARRANDO "Está brincando comigo? Que diabos você está falando, Damon? Que brincadeira sem graça!" Ele negou com a cabeça. Parecia indignado com o fato de eu não acreditar nele. "Lembra do Patrick? Aquele que deixou os negócios do seu pai, estava sempre presente nas festas... E de repente desapareceu. Lembra?" "Patrick Johnson?" Ele concordou com a cabeça. "Eu lembro, mas o que tem ele?" "Seu pai o matou. Sei disso porque eu estava junto. Jogamos o corpo para os porcos no sítio do meu avô, que aliás, foi quem começou com os negócios ilegais." Meu estômago embrulhou de um jeito que eu não consegui controlar. Alguns segundos depois, eu acabei vomitando o nervosismo de ouvir aquelas coisas. Minha vida havia sido uma mentira? Meu pai era um assassino, meu marido era um assassino, e quem mais era envolvido nessas coisas todas? Quando me dei conta, estava sentada no banco do passageiro e Damon dirigia. A janela estava aberta e eu podia sentir o vento em meu rosto. "Minha vida foi uma mentira." Depois de um longo período, foi tudo que consegui verbalizar. "Acho que seu pai quis te proteger. Mas agora, você já está grandinha. E ele sabe exatamente nas mãos de quem ele deixou você." Aquela frase me deu medo. Virei meu rosto em direção ao dele, tentando entender o que se passava dentro de sua cabeça... Mas parecia impossível. "O que vai fazer comigo? Você vai me matar também?" Mais uma vez, ele riu com deboche. "Matar você? Você quer que eu comece uma guerra sem fim entre nossas famílias?" Ele parecia se divertir com minha falta de conhecimento de como as coisas funcionavam no submundo. "Eu vou proteger você. Com minha vida, se for preciso. Mas... Você precisa crescer e entender de vez em que mundo vivemos." De certa forma, aquilo me confortou. Saber que ele me protegeria colocando em risco a própria vida fez com que uma sensação de segurança me tomasse, e meu corpo relaxou. "Eu espero que a parte de me proteger seja verdade." "É verdade. E, bom, agora que você já sabe do que precisa saber... Tive que mudar o destino da nossa lua de mel de última hora. Nós vamos para o Caribe. Encontrarei uns sócios cubanos por lá, é extremamente importante que estejamos lá nos próximos dias." "Eu achei que iríamos viajar pela Europa..." "Eu sei, Ally. Mas os negócios vem em primeiro lugar, entendeu?" Apenas concordei com a cabeça. "Deus, meu pai me casou com uma menina mimada." "Eu já sou uma mulher, e não sou mimada!" Resmunguei. "Esse bico no seu rosto significa que você entendeu muito bem a situação, não significa?" Um sorrisinho malicioso se formou nos lábios dele. "Eu tenho direito de ficar triste. Pensei que finalmente iria passear pela Europa sem pressa..." "Faremos isso. Depois do Caribe. Satisfeita?" Ele ergueu uma sobrancelha, e aquele olhar que ele fez foi... Interessante. Interessante. Era essa a palavra que mais definia o Damon. "Talvez." Desfiz o bico, mas não descruzei os braços. "Tem como parar de fazer drama?" "Por que você se incomoda com meu drama? Por um acaso o senhor mafioso, com coração de pedra, se importa comigo?" Ergui as sobrancelhas e o encarei. Ele ficou em silêncio por um longo período. Chegamos ao aeroporto e não foi surpresa quando fomos para o embarque em jatos particulares. Havia apenas um problema, que eu ainda não havia comentado com Damon: Eu tenho medo de avião. "Damon, Damon..." Eu segurei seu braço e o puxei antes que ele pudesse começar a subir na escada. "O que foi agora?" Resmungou e girou os olhos. "Esqueci os comprimidos." Arregalei os olhos. "Não vou conseguir voar. Me desculpa. Olha, eu fiz tantas coisas nos últimos dias que esqueci completamente dos sedativos, eu..." Ele me interrompeu. "Você tá de brincadeira com a minha cara, Ally? Você tem medo de avião? Put@ que p@riu!" Ele negou com a cabeça. "Que tipo de garota rica é você, que tem medo de voar? Pelo amor de Deus, cresce! Adultos fazem o que precisa ser feito." Meus olhos se encheram de lágrimas. Eu realmente sentia medo. "Eu não vou entrar." Fechei a cara, e olhei para ele com firmeza. "Você vai. Por bem, ou por m*l. Você escolhe." "Não vou!" Gritei. "Você está parecendo uma criança de dois anos birrenta. Vai se jogar no chão e se debater também?" Após ouvir o que ele disse, comecei a andar para longe dele e do avião. Meus passos ecoavam pela grande garagem onde estávamos, e logo eu pude ouvir Damon atrás de mim. "Eu te avisei." Em uma manobra, Damon me puxou para perto dele, me virou e colocou-me por cima de um de seus ombros, como se eu fosse a porr@ de um cadáver. Minha bund@ estava bem perto do rosto dele, e de repente, ele colocou a mão ali. "Ei" Eu gritei. "O que você está olhando, seu arromb@do? Quer morrer?" Ele gritou com alguém. "Desculpe, senhor, eu estava olhando a situação, não o corpo da sua esposa." O homem estava com a voz embargada, como se estivesse extremamente assustado. "Nunca mais olhe para a minha mulher de novo, entendeu?" Resmungou. Ele subiu as escadas do avião comigo, e eu não pude fazer nada além de tentar me soltar, em vão. Devo ter um metro e sessenta e pouco mais de cinquenta quilos bem distribuídos, e ele? Ele tem quase dois metros e mais de cem quilos de puro músculo, com certeza. "Me solta, seu homem das cavernas!" Ele me colocou sentada no banco, e fez questão de colocar o cinto em mim. "Fica quietinha aí, Masha." "Masha? Masha e o Urso?" Perguntei. Ele concordou. "Birrenta igual." O avião ligou, e tirou toda a minha atenção que estava voltada ao Damon, e eu senti meu corpo tremer. Damon se sentou no assento da frente, e antes de colocar o próprio cinto, sentiu meu desespero. Ele se levantou, meio contrariado, e foi até algum lugar. Voltou com uma bebida na mão e me entregou. "O que é isso?" Questionei ao segurar. "Vodka russa. Pode tomar, isso vai te fazer apagar ou esquecer aonde você está." Olhei para ele, desconfiada. "Anda, vira isso." Bem a contra gosto, mas sem opção, eu virei a garrafa de vodka. Ele pediu que o piloto esperasse um pouco antes de decolar, e eu continuei bebendo. De repente, senti o mundo girar... E o avião ligou. Damon tinha razão. Aquela bebida era capaz de me fazer esquecer até quem eu era.
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