ALLY NARRANDO
Damon me segurou em seus braços, enquanto eu ria. Então, eu comecei a cantar. “Youuu are my strange addiction... My doctors can’t explainnn...” Eu continuava a rir.
Ele me carregava com o rosto sério, como se estivesse bravo.
“Desfaz essa cara de malvado. Foi uma noite divertida...” Eu disse, com a voz alterada pela bebida. Ele continuava me carregando no colo, como se eu fosse a noiva dele.
Entramos no quarto, e ele me colocou na cama. Tirou meus sapatos, e suspirou. Ele massageou as têmporas como se estivesse nervoso.
“Você parece estar muito bravo...” Eu ri após falar.
“Não fala comigo.” Afirmou. Ele foi até a varanda e acendeu um cigarro.
Ficou ali, fumando, talvez dois ou três cigarros. E eu acabei adormecendo.
Na manhã seguinte, eu estava com ressaca, e quando acordei, Damon não estava ali. A cama dele estava arrumada, e eu fiquei muito frustrada. Mas então, quando caminhei até a parte central da suíte, que continha um sofá e uma tv, ele estava deitado ali, adormecido. Acho que ele ficou com raiva o suficiente para não querer dormir ao meu lado. Talvez eu tenha pegado pesado demais.
“Damon...” Sussurrei no ouvido dele, e ele acordou assustado. Ele se sentou, e eu, que estava abaixada no chão, me sentei ao lado dele. “Me desculpa se peguei pesado ontem.”
“Pesado? Se você for agir assim todas as vezes que eu fizer algo que você não goste, viveremos em guerra e eu estou f0dido. Prometi ao seu pai que iria te proteger, e sabe quantas vezes tive que desviar você de homens ontem?”
“Não faço ideia.”
“É claro que você não sabe. Você estava bêbada.” Abaixei o rosto ao ouvir.
“Você não devia fazer com que eu me sinta m*l. Você mereceu. Foi ficar com aquela garota, que obviamente tem interesse em você. E isso me deixou constrangida. O que as pessoas iriam pensar de mim? Que eu sou uma corna mansa, obviamente.” Ele riu e negou com a cabeça.
“As pessoas não te conhecem aqui. Você é de Nova Iorque, mocinha. Isso tem mais a ver com teu ego, do que com qualquer outra coisa. Sinceramente? Você é a porr@ de uma patricinha mimada.”
“E você é um i****a, grosso e troglodita.” Ele levantou e ergueu as sobrancelhas. Eu me levantei também, e de novo, como ele era muito mais alto que eu, eu vi que a mesinha de centro faria com que nós dois ficássemos da mesma altura. Subi ali e o olhei nos olhos. “É isso mesmo que você ouviu. Troglodita. Homem das cavernas.” Coloquei as duas mãos na minha própria cintura.
“Seu pai te casou comigo pra se livrar de você, porque você é chata. Chata, chata, chata!”
Naquele momento, eu fiquei cega de ódio ou seja lá do que eu sinto por ele. Levei minhas duas mãos até o pescoço dele, e comecei a apertar. Ele tentou desviar de mim, mas eu acabei me atrapalhando por estar em cima da mesinha de centro e caí. Mas não antes dele me segurar e impedir que eu caísse no chão. Caí em cima do sofá, e ele caiu por cima de mim. Segurou no sofá para não derrubar todo o peso em mim. Eu estava agarrada no pescoço dele, e nossos olhares se encontraram. Eu respirei fundo, e depois, prendi a respiração.
Nossos narizes se tocaram. Eu senti meu corpo ferver. Eu percebi, naquele momento, que a linha entre o ódio e o desejo era tênue pra c@ralho.
Com uma das mãos, ele agarrou meu rosto. Seu polegar deslizou por meu lábio inferior enquanto ele olhava para os meus lábios.
“Não me provoque mais. Chega.” Ele demorou alguns segundos para tirar a mão do meu rosto, mas então, me soltou. Se levantou e saiu de perto de mim.
“Já entendi o recado.” Respirei fundo e me sentei no sofá.
“Você é... Maluca, cara. Mas enfim, deixa isso pra lá. Nós vamos sair em algumas horas e ir para a Europa. Você conseguiu seus sedativos? Eu acho que se eu te ver bêbada mais uma vez, sou eu que vou ficar de ressaca.”
“Sim, consegui. Estão na minha bolsa.”
“Então, se arrume porque logo partiremos.”
Duas horas se passaram e nós estávamos no avião. Eu estava sedada, dormindo. Era tudo que eu precisava fazer: Ficar sedada tempo suficiente para chegar na Europa sem problemas.
Não sei quantas vezes paramos para abastecer ou coisa do tipo. Só sei que quando acordei, nós estávamos na Itália.
“Acordou, bela adormecida?” Ele sorriu de leve, e eu observei ao meu redor. Estávamos em um quarto bonito. Ele havia me deixado na cama, talvez eu tenha tomado sedativos demais.
“Oi...” Sussurrei, enquanto levantava da cama. “Então, Itália?”
“Sim. Eu disse que viríamos. Sou um homem de palavra.” Eu concordei com a cabeça. “O que você quer ver aqui?”
“Eu estou morrendo de fome. No momento, tudo que eu quero é ver uma pizza enorme e cheia de queijo.”
Nos arrumamos e saímos. A Itália é linda, e estamos em um hotel perto da Fontana Di Trevi. Passamos em frente àquele lugar e eu me aproximei.
“É linda...” Sorri ao falar aquilo. “Sabia que essa é a fonte mais fotografada do mundo? Fora que ela foi criada para abastecer a cidade de água, e não somente para decoração.” Ele ergueu a sobrancelha.
“Hm. Interessante.”
“A Itália é inspiradora. Eu queria terminar de escrever meu livro aqui.” Ele me olhou como se eu fosse uma grande esquisita.
“Seu livro?”
“Você achou que eu era só um poço de confusão?” Ri de mim mesma ao dizer essa frase. “Eu estudo letras por um motivo, Damon. Minha paixão é a poesia. Estou com doze poesias prontas. Quando chegar em cinquenta, irei publicar meu livro. Quer dizer... Se alguma editora se interessar, é claro.”
“Você é rica, qualquer editora iria te publicar.” Eu neguei com a cabeça.
“Eu não quero me apresentar como a menina rica. Quero mostrar o meu talento... Sem que ninguém saiba quem eu sou, entende?”
“Um pseudônimo?” Eu concordei com a cabeça.
“Sim.”
Não acreditei quando olhei para o lado e vi uma pessoa fotografando a fonte. Era Brandon... Meu ex-namorado.