ALLY NARRANDO
Nós fizemos o que Damon queria, e passamos o dia na praia. Mas depois, quando chegou a noite, ele decidiu que queria ir até o bar do hotel. Eu pensei na tal da Dáhlia, e aquilo me enfureceu.
“Você vai encontrar com a Dáhlia, não vai?” Olhei para ele, e ele respirou fundo.
“Ally, ela é apenas uma amiga. Nós vamos tomar um drinque, e é apenas isso. Estarei de volta em uma ou duas horas. Você não precisa... Ficar com ciúme, minha querida.” Ele se aproximou de mim, e levou a mão até meu queixo, o que fez meu rosto levantar. “Eu sou todo seu.” O olhar de ironia dele me fez querer mata-lo.
“Ridículo.” Resmunguei e me afastei dele.
Ele saiu, e estava tão arrumado que meu rosto fervia de ódio. Ele quer brincar? Nós iremos brincar. Eu sei ser um porre quando quero.
Coloquei um vestido vermelho, colado, até a metade das coxas. Saltos altos, uma maquiagem forte e amarrei meu cabelo no alto. Coloquei brincos de argola, e fui em direção ao bar do hotel, que estava lotado. Vi Damon e a “amiguinha” dele sentados em frente ao balcão do bar, e fui até o outro lado, em um lugar onde Damon poderia me ver. Pedi um martini, e assim que nossos olhares se cruzaram, eu ergui o martini, como se quisesse brindar com ele.
Não demorou muito até um homem bonito se aproximar de mim, e começar a flertar comigo. Damon não conseguia mais prestar atenção em Dáhlia, e agora, só tinha olhos para mim. Era exatamente o que eu queria.
“Dáhlia, me dá licença, parece que tem um rapaz incomodando minha esposa.” Ele se levantou e veio até mim. Eu tomei um gole do meu martini, e Dáhlia vinha atrás de Damon como uma c****a no cio.
“Posso saber o que está acontecendo aqui?” Ele questionou, me olhando e olhando para o rapaz.
“Exatamente o que você está vendo, Damon. Estou bebendo com o... Como é seu nome mesmo?”
“Phill.” O homem parecia extremamente sem graça. Assim como Damon.
“Ela te avisou que é casada?” Questionou.
“Foi a primeira coisa que me disse. Porém, não achei que havia problema em conversar... Já que estava sozinha.” Phill, obrigada por ser tão bom amigo.
Eu sorri de forma irônica. Olhei para Damon e estiquei o martini para ele.
“Quer um gole?” Ele pegou o martini a contra gosto.
“O que car@lhos você está fazendo, Ally?”
“Não estou fazendo nada. Assim como você. Você está sentado com sua amiga... Que aliás, está vindo para cá. E eu me sentei aqui e arrumei um amigo. Não achei justo ficar sozinha no quarto.”
Ele bufou.
“São coisas completamente diferentes. Dáhlia não tem interesse em mim.”
“Nem o Phill em mim.” Eu olhei para o homem, e ele, já constrangido, pediu licença e saiu. “Viu só? Ele até nos deixou a sós.”
“Você é um demônio, menina. Eu já sei por qual motivo meu pai quis que eu casasse com você. Ele queria testar minha paciência.” Soltei uma gargalhada divertida e neguei com a cabeça.
“O que foi, Damon? Escolheu a garota errada para vir no bar essa noite?” Ele virou meu martini e o colocou de volta em cima do balcão.
“Praga birrenta.”
“Mentiroso traidor.” Eu me virei para ir embora, mas ele segurou meu braço.
“Eu não te traí. Mas você está me fazendo passar tanto nervoso que minha vontade é encontrar a primeira v@dia que quiser dar pra mim e trans@r na sua frente.”
Eu sorri levemente. Neguei com a cabeça, e assim que ele soltou meu braço, me virei de costas e saí andando.
Eu estraguei a noite dele, e era exatamente aquilo que eu queria.
“O que aconteceu, Damon?” Era a voz de Dáhlia.
“Minha esposa está um pouco brava. Acho que não é uma boa ideia deixa-la no quarto sozinha enquanto bebo com você. Podemos nos ver outra hora, tudo bem? Estamos em lua de mel... Ela tem razão.” Dáhlia bufou ao ouvi-lo.
Eu não ouvi mais a conversa porque estava subindo as escadas para ir até o saguão onde os elevadores se encontravam. Apertei o botão e aguardei pacientemente. Quando entrei no elevador, antes da porta se fechar, Damon a segurou e entrou. Ele parecia bravo.
A porta do elevador fechou. Ele me empurrou contra a parede, e eu arregalei os olhos.
“Olhe para mim. Anda!” Eu o obedeci. “O que diab0s você quer de mim, senhora River? Esse casamento é uma farsa, e você não irá me permitir sequer tomar um drinque com uma amiga?”
“Ela não é uma amiga. Ela é interessada em você, e eu não vou aceitar isso.” Ele se afastou de mim e riu com deboche da situação.
“Você só pode estar de brincadeira comigo.” Ele passou as duas mãos no próprio cabelo. “Ela é irmã do Patrick. Aquele que morreu. Você devia entender o motivo de eu me manter próximo a ela.”
“Culpa? Achei que você era uma estátua sem sentimentos.” Cruzei meus braços. O elevador abriu e eu saí andando. Damon foi atrás de mim.
“Eu tenho que ficar de olho nela, porque ajudei a encobrir... Você sabe o quê.” Entramos no quarto e ele trancou a porta. Começou a tirar a camisa que vestia.
“Você é tão emotivo... Esse sentimento de culpa...” Zombei dele, e ele se aproximou de mim. Segurou meu rosto e me fez olhá-lo.
“Emotivo? Culpa?” Ele negou com a cabeça. Estava me olhando com raiva, muita raiva. “Você não sabe nada sobre mim, boneca. Nada. Não sabe do que eu sou capaz ou de qualquer outra coisa.”
Olhei para o peitoral dele, e ele acabou me soltando.
Peguei meu celular, que eu havia deixado na mesinha de cabeceira, e saí do quarto mais uma vez. Ele saiu atrás de mim, e ficou me olhando pela porta do quarto.
“Aonde você vai?” Questionou. Eu lancei-lhe o dedo do meio, e continuei meu caminho.
Voltei ao bar. Havia uma pista de dança, onde eu, depois de tomar mais um martini, fui até o centro e comecei a dançar.
Estava tocando “you know i am not good” de Amy Winehouse. Aquilo me fez rir. A música cabia exatamente para aquele momento. Ergui a taça de martini, e comecei a cantar junto com a música, como muitas pessoas faziam. Eu sentia que todos naquela pista eram meus amigos. Talvez eu estivesse começando a ficar bêbada.
De repente, senti braços ao meu redor, e alguém tomou minha bebida – a mesma pessoa que me agarrou por trás.
“Chega, né?” A voz de Damon era inconfundível. “Já me puniu o suficiente.”
Eu me virei de frente para ele, e neguei com a cabeça. Tomei a taça dele e dei o último gole.
“Que tal você aceitar sua punição e dançar comigo?”
“Dançar? Eu não danço. Vim te tirar dessa drog@ de pista e te levar para o quarto.”
“Não tem nada de interessante para fazer lá.” Eu coloquei as mãos no peitoral dele, e comecei a deslizar até os ombros. “Vamos nos divertir um pouco.”
Ele bufou e apertou os lábios. Me virei de costas para ele, e comecei a dançar. Ele não se mexia, e eu completei minha vingança naquela noite. Damon nunca mais sairia e me deixaria sozinha, principalmente para ficar com outra mulher.
Aquilo não era ciúme. Eu só não queria ser chamada de corna. Não é?