ALLY NARRANDO
Ciúmes? Era isso que eu estava sentindo? Não, não pode ser...
Subi com pressa para o quarto e me arrumei. Damon estava em uma reunião de negócios, e eu vi uma garota confortável demais ao lado dele. Talvez o que eu esteja sentindo seja uma vontade imensa de não ser taxada como corna.
Saltos brancos, um vestido branco e colado até o joelho, de alcinhas e decote quadrado. Meu cabelo estava muito bonito e a maquiagem era leve. Apesar de estar apropriada para a ocasião, eu ainda estava muito bonita.
Cheguei no saguão e vi que eles já haviam ido embora, e estavam no restaurante do hotel, sentados à mesa. A mulher que estava tocando o braço de Damon estava ao seu lado, e ela tocava seu braço sempre que podia.
Me aproximei da mesa e acenei para todos. Damon ficou confuso ao me ver.
"Oi, amor." Eu sorri ao olhá-lo. "Desculpe a demora."
"Oi, querida. O que está fazendo aqui?" Ele perguntou, olhando para mim com um olhar desafiador.
Ele parecia tentar entender o que eu estava fazendo, ao mesmo tempo que estava bravo por aquilo.
"Vamos arrumar um espaço para a sua esposa, Damon." Um dos homens disse. A mulher que estava sentada ao lado dele sorria de forma falsa.
"Acho que eu posso me sentar aqui. Não queria ser rude, mas é o assento mais próximo ao meu marido." Coloquei a mão na cadeira onde a mulher estava sentada, e ela me olhou com ódio.
"Acho que não é necessário. Não vejo meu amigo Damon há tanto tempo, não te custa me deixar aqui." Ela acariciou o braço dele, e eu sorri de forma irônica.
"Na verdade, me custa. Esse é o meu lugar." Agora, meu rosto expressava raiva, por mais que houvesse um sorriso em meus lábios.
"Sua esposa é esquentadinha..." Ela aproximou os lábios do ouvido de Damon e sussurrou algo. Depois, se levantou. "Pode ficar. Eu já estava de saída, preciso resolver algumas coisas."
"Até mais, Dáhlia." Damon disse.
Me sentei ao lado dele, enquanto os outros sequer prestavam atenção no que havia acabado de acontecer. Na verdade, conversavam entre si e nem notaram a falta de Dáhlia à mesa.
"O que diabos você está fazendo?" Ele sussurrou.
"Acha que eu quero ficar com fama de corna? Não mesmo." Ele girou os olhos e olhou para mim.
"Não tenho nada com a Dáhlia. Ela é uma grande amiga, não pretendo fazer nada com ela." Eu o olhei nos olhos.
Estávamos perto. Perigosamente perto.
"É? Não foi o que pareceu. O que ela sussurrou no seu ouvido agora? O número do quarto dela pra vocês irem para a cama mais tarde?"
"Foi. Mas eu não vou."
Meu rosto ficou vermelho como uma pimenta. Sei disso, porque estava queimando como se eu tivesse enfiado a pele no óleo quente. Um sorriso malicioso surgiu nos lábios de Damon.
"Com ciúmes, loirinha?"
"Por que diab0s eu teria ciúmes de você?" Falei, com firmeza e ironia.
"Talvez porque eu sou seu marido."
"Pombinhos, não queria interromper..." Um dos homens disse, sorrindo. "Mas estamos de saída. Foi um prazer fazer negócios com você, Damon River. Mande abraços para o seu pai."
Todos se despediram, inclusive de mim. Eu estava com tanta raiva que não conseguia esconder. Quando já estávamos sozinhos, saí andando com pressa, mas ele agarrou meu braço e me puxou para perto dele. Nossos corpos colidiram e eu ergui o olhar.
"O que foi?" Questionei.
"Eles estão olhando. Pode agir como se fosse uma mulher normal, e não uma garotinha birrenta?"
Olhei para trás e constatei que estavam nos olhando. Respirei de forma profunda, e então, abracei Damon. Ele beijou minha testa e depois, demos as mãos e saímos juntos.
"Aquela Dáhlia vai apanhar se tocar em você daquele jeito de novo." Resmunguei.
"Por que você se importa? Nosso casamento é de fachada. E você sabe disso."
"Porque eu já disse." Eu o parei, e o olhei nos olhos. "Se você me fizer passar por corna, eu arranco suas bolas. Quer se divertir? Faça escondido o suficiente para nem o diab0 saber."
"Como você é má. Está revelando sua verdadeira personalidade? Parece que você puxou para seu pai." Ele ria de forma sacana, enquanto caminhávamos novamente, lado a lado.
"Vá a merd@."
"Se não quer que eu te traia, vai ter que dar pra mim." Ele falou como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo. "Você é gostosa, eu te comeria quantas vezes você quisesse."
Uma gargalhada. Ele conseguiu dizer essas coisas e rir depois! Eu estava vermelha, mas não de raiva... Agora era de constrangimento.
Entramos no quarto, juntos.
"Não acredito que você teve coragem de falar isso pra mim. Eu já disse, eu..." Ele me interrompeu.
"Tá, tá, você não é esse tipo de garota. Eu já entendi. Só estou enchendo a sua paciência, porque não tenho mais o que fazer. Não quer ir à praia? Seria ótimo sair desse quarto um pouco."
"Eu não sei. Você vai ficar olhando meu corpo, talvez eu tenha ficado muito incomodada com seus comentários pervertidos." Cruzei meus braços e sentei na cama.
"Jura? Engraçado, no dia do nosso casamento você tirou o vestido de noiva e ficou totalmente sem roupas na minha frente. O que mudou, bonequinha?" Ele parou na minha frente, também com os braços cruzados.
"Eu não sabia que esse casamento poderia ser... Sem sex0. Eu achei que você iria me tomar a força. Por isso fiz aquilo. Não queria ficar traumatizada ou coisa do tipo, então eu decidi apenas... Entrar na vibe."
"Entrar na vibe?" Ele riu, como se aquilo fosse uma grande piada. "Eu já te vi nua. Tenho memória fotográfica. Não preciso te ver novamente para ficar imaginando coisas inapropriadas, loirinha. Vá se trocar e vamos nadar, pare de ser birrenta."
Não tive muita escolha. Ele era meu marido, e já havia facilitado bastante as coisas para mim. Então, eu decidi obedecer.