Agora, com o diploma em mãos, comecei a
buscar oportunidades para trabalhar em uma escola. Foi
somente em 2007 que comecei a atuar em uma escola
municipal, lecionando para uma turma de terceira série.
Ali, me encontrei e me realizei profissionalmente,
amando cada uma daquelas crianças. Dediquei-me ao
máximo, ensinando e aprendendo com eles, formando
uma bela amizade. Quando o ano letivo terminou,
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choramos muito, pois no ano seguinte eu iria para outra
escola no interior, enfrentando mais um desafio, mas
sempre trabalhando com amor e fazendo a diferença na
vida de cada aluno que passava por minhas mãos.
Mais tarde, no ano de 2010, tive a oportunidade
de adquirir a Escola de Educação Infantil Raio de Sol, a
primeira na qual comecei meu trabalho como pedagoga.
Foram praticamente dez anos como diretora e
coordenadora pedagógica nessa instituição de ensino
particular. Chegando a ter entre trinta e quarenta alunos
na faixa etária de zero a cinco anos e seis profissionais
formados atuando com as crianças. Durante esse
período, larguei a contratação municipal para me
dedicar exclusivamente à minha escola. Um dos
momentos mais esperados do ano eram os ensaios para o
Natal, onde as crianças se preparavam para recriar o
nascimento de Jesus; era algo extraordinário, e no final,
sempre aparecia o Papai Noel com os presentes para os
pequenos. Também organizávamos a guerra de água,
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onde todos traziam bexigas cheias de água para se
molhar; era muita diversão.
Hoje, após passar um longo período, muitas
dessas crianças que frequentaram a chamada
carinhosamente de “escolinha”, ainda lembram de seus
feitos e, de vez em quando, aparecem para rever o lugar,
matar a saudade, dizer um “oi, profe”; isso é realmente
gratificante. Dessa forma, sei que fiz a diferença na vida
de muitas delas com um pequeno gesto, palavra, atitude,
colo, apoio nas horas de dificuldade e adaptação.
Durante esses anos, tive duas gestações
interrompidas por aborto espontâneo e só consegui
seguir em frente, não deixar a depressão tomar conta de
mim por causa do meu trabalho com as crianças. É difícil
acreditar para alguns, mas sou muito sensível, e na
minha terceira gestação, em um sonho, meu bebê
apareceu para mim e disse: — Mamãe, eu te amo muito,
mas não vou ficar com você, não vou nascer. Te peço
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apenas uma coisa: quero que você coloque o meu nome
de Helena e me enterre no seu jardim; e pode ter certeza
de que te amo demais. E ali você deve plantar uma flor
que jamais ficará seca.
Lembro de ter acordado de madrugada, toda
molhada de suor e agitada. Então, acordei meu marido,
e ele disse que era só um pesadelo. Mas eu, em meu
íntimo, sabia que não; ele duvidara de mim, e amanheci
muito m*l e com sangramento.
Liguei para o médico, e este disse para tomar
uma medicação contra aborto e ficar em repouso; caso o
sangramento aumentasse, deveria procurar o hospital.
Passou então o sábado, e nós tínhamos uma viagem
marcada para Gramado e Canela, mas, devido às minhas
condições de saúde, o médico proibiu. Meu marido
ficou muito bravo, insultou-me verbalmente, dizendo
que não queria que eu estivesse grávida, que eu era uma
mulher estragada, pois já havia perdido outro bebê, e não
seria esse que ia dar certo. Saiu de casa e foi trabalhar;
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nossa filha mais velha estava na escola, e eu estava ali
sozinha me martirizando. Foi então que senti uma dor
intensa no ventre; eu sabia que meu bebê estava
morrendo. Liguei para o médico, e ele veio até minha
casa, chamou meu marido e disse que eu precisava ser
internada para tentar salvar o bebê.
Quando voltamos do cemitério, a pessoa que vinha trocar as fechaduras e reforçar as janelas já tinha chego, ele e sua equipe começam a trocar e reforçar tudo, eu faço um chá e fico no meu jardim observando tudo, observo cada poste, cada canto, então vou na parte de trás da minha casa e pego um limão para expremer no meu chá, então vejo algo estranho na parte de trás da casa de Carla, um portão nos fundos, isso nunca teve, algo bem discreto que passaria despercebido pelo meu olhar se eu não tivesse aqui observando, coloco a mão no bolso do meu casaco e tiro mais uma mini câmera, olho para os cantos da minha casa e acho um lugar ideal, disfarçadamente coloco lá uma mini câmera, pego meu celular e vejo que dava exatamente para ter visão do portão.
Eu não queria ter que desconfiar da minha irmã, mas nesse momento eu desconfiava até da minha própria sombra, enquanto eles reforçavam e trocavam tudo, eu abro meu notbook no escritório, começo a pesquisar por todas as noticias que tinha sobre o assalto que motivou a morte dos meus pais, era dolorido de mais ver todas as lembranças e ver que rapidamente tudo foi arquivado e que os culpados nunca foram pegos e a policia fez pouco caso para ir atrás, mesmo sendo pessoas ricas, bem sucedidas e com fama no país.
— Dona Serena – o homem fala – acabamos.
— Obrigada – eu falo observando o que eles tinham arrumado.
Eles me entregam todas as copias novas, eu pego e saio com o meu carro, deixo ele estacionado há alguns metros e volto bem discretamente, entro na casa e eu instalo com a furadeira as trancas por dentro, as janelas eram de alumínio e eu instalei trancas em todas elas, eu desligo as luzes da casa e fico no sótão da casa no terceiro andar, pela janelinha que tinha observando a rua, a rua está com o movimento tranquilo, das crianças passeando com os cachorros, casais caminhando e os carros passando, nada que poderia tornar algo suspeito. A casa de carla estava com a luz acesa somente no seu quarto, com o celular monitorando as câmeras na parte de trás e dentro da sala dela, tudo tranquilo e no esquema.
Talvez eu esteja ficando louca e desconfiando da minha própria irmã, que não deve ter nada de suspeita ou, ela poderia ser a principal suspeita de tudo.
Como desvendar tudo isso?
Vejo uma moto passando pela frente da minha casa e logo reconheço que era Yan, abro a janelinha do sótão e vejo que ele me encara, mas logo depois sai a disparado com a moto e eu fico ali parada no mesmo canto.
Eu paro a moto onde está Caio, Pedro e Tadeu.
— Mandei homens para vigiar a casa dela – eu falo – ela está lá.
— Mas que raios que ela foi sair do morro – Pedro fala
— Anjinho queria saber o que está acontecendo, talvez esteja na hora de falar para ele a verdade sobre Serena – Tadeu fala – ele está revoltado.
— Ainda não – eu respondo – eu não sei até onde vai a revolta dele.
— E agora o que vamos fazer? – Tadeu pergunta
— Vamos seguir o plano – Pedro fala – vamos receptar a carga suspeita que está vindo para cá.
Essa carga era suspeita porque não era de ninguém da facção, ningupem sabia para quem ela estava vindo, quer dizer, ninguém a não ser a gente, que sabia muito bem de quem era essa carga.
Ficamos ali aguardando e na hora certa, a gente ver o caminhão se aproximando, sabemos que o alvo não está ali.
Começamos atirar e logo conseguimos fazer com que o caminhão pare, entramos para dentro e atiramos no motorista, abrimos a parte de trás do caminhão e eu abro um sorriso vendo toda a carga, vejo a câmera de segurança na cabine e mando o dedo do meio e abro um sorriso antes de quebrar ela por inteira, arrancamos o rastreador e levamos o caminhão para o morro.
Quando chegamos no morro começamos a descarregar tudo, começamos abrir caixa por caixa e numerar e colocar em nosso estoque bem escondido de todos, essas coisas eram valiosas, valiosas de mais, muito mais de informação do que de dinheiro.
— Serena já voltou para o morro – Pedro fala
— Maisa?
— Está em casa dormindo – ele responde
— Ok, melhor manter as duas nas casas dela – eu falo
— Qual é o próximo passo? – Pedro pergunta
— Esperar uns dias e esperar que todos os segredos através das portas se revelam – eu respondo para ele e eles me encaram.