Tudo de mim - Parte final de destinados.

Sol... Quando Lara jean disse: A conexão entre duas pessoas não pode ser apagada; mesmo que elas se odeiem, eles sempre sentirão carinho em seus corações, uma parte de uma, sempre viverá na outra." Eu realmente senti isso. Eu até pensei em alguém. Há pessoas que marcam a vida toda. Olhava o rostinho sereno de Noah dormindo, e alisei com o polegar. 1 ano desde que saí do morro e vim morar aqui em arraial do Cabo. E sinceramente, foi a melhor coisa que eu já fiz. Minha vida mudou de uma tal forma, que eu chego agradecer de hora em hora. Quanto a mim e Breno, mantinhamos contato por causa do nosso filho, o que já estava me esgotando, desde que ele se afundou nas drogas e se tornou um completo viciado. Era r**m ver a situação que ele vivia, até por que ele foi uma pessoa importante em minha vida e já não guardava tantas mágoas assim. Já era uma mulher convicta de si mesma, com um filho, trabalhando e com responsabilidades. Meu pai me ajudou no começo, comprou um ap bem pequeno, porém confortável, para que eu não precisasse pagar aluguel. Pagava as despesas até 4 meses atrás, foi quando arrumei um emprego e neguei que ele continuasse pagando. Trabalhava com telemarketing em casa e ainda ficava juntinho com meu pacotinho. Éramos inseparáveis! Já faz bastante tempo que não vejo Breno, ou coringa, sei lá como chamo ele agora. Só falávamos por chamada de vídeo uma vez ou outra pra ele ver Noah. Ele estava com uma aparência h******l, não era o Breno que me relacionei 2 anos atrás. Cabelo enorme, barba nem se fala, e pra várias, mais magro do que já era. Andava pelas ruas feito zumbi, segundo meu pai, foi até afastado do comando por conta disso. Deplorável a situação, e eu não podia deixar ele assim, ele é pai do meu filho e não quero vê-lo morto. Peguei o celular ligando pra ele que não me atendeu de primeira, insisti quando na terceira vez me atendeu. Eu: Breno? Coringa: Oi Sol, tô aqui. Eu: o que tá acontecendo contigo, cara? Quer morrer sem antes ver teu filho crescer? Coringa: se ele morrer, ele tem tu. Tem seu pai, o Vicente e até Apolo. Não vou fazer falta pra ninguém não, nunca tive ninguém que se importasse com minha vida. Eu: eu sempre me importei contigo, é até mancada sua me mandar esse papo agora. Coringa: Noah está bem? Eu: ele esta bem. Mas não mude de assunto. Quer conversar sobre isso? Coringa: Eu já disse, Sol. Sinto falta de vocês aqui... Me tornei um viciado fodido que nem tenho coragem de te enfrentar cara a cara pra ver meu filho. Eu: tu pode vim aqui quando quiser, já te falei isso. Noah é seu filho e eu tenho um carinho imenso por tu. Coringa: Tu ainda me ama? Eu: Breno... Coringa: responde... Por favor! Eu: Eu te amo, Breno. Tu sabe disso. Coringa: Então volta pra mim. Tá h******l sem vocês aqui e sozinho eu não consigo. Eu: não assim... olha, eu tenho uma vida agora aqui, tenho minha casa, meu emprego, a independência que sempre quis. Não posso abrir mão de tudo agora! Coringa: eu não quero que tu abra mão de suas coisas, só quero sua ajuda pra sair desse poço sem fundo que eu me encontro agora. Eu: vamos fazer o seguinte... Vem pra cá, fica com a gente aqui por um tempo, eu, tu e nosso filho. Eu trabalho em casa, então é tranquilo. Coringa: tu ainda tá com aquele cuzão do marreco? Eu: Eu já disse pra você que eu e ele nunca tivemos nada, além de amizade. Eu nao quero que tu venha pra cá se for pra ficar nessa paranoia. Coringa: se der, eu vou. Eu: se der eu vou? Tô tentando te ajudar, cara. Mas não vou ficar insistindo quando você não quer. Tenho que trabalhar agora, mais tarde falo contigo! Desliguei o telefone sem nem esperar ele responder, eu queria ajudar, mas não tinha como fazer isso se ele ficasse recuando o tempo todo. Eu nunca tive nada com Renan, e não havia possibilidade disso acontecer, somos apenas amigos e nunca irá passar disso. Não me relacionei com outra pessoa desde o nosso término, e também não senti necessidade disso. Agora ele, já não sei e nem me importo, tem coisas que é melhor a gente nem ficar sabendo pra manter a saúde mental. Olhei para Noah que havia acordado e me olhava piscando aqueles olhinhos lindos. Sol: ooi mamãe. - dei um cheiro em seu pescoço e sua mãozinha parou em meu rosto. - bom dia, minha vida. Vamos tomar um banho? Noah era um bebê muito bonzinho, não dava trabalho com nada, só chorava pra comer e mamar esse tetê dele que não largava de jeito nenhum. Ver ele tentando balbuciar algumas palavras era a coisa mais linda do mundo. Uma pelotinha das coxas grossas e cabelinho tão liso e negros, como o do pai. Tudo faz lembrar ele, por que Noah é a cópia feita do coringa e não tinha como negar. Tu espera a criança por 9 meses, sonha com o rostinho parecido com o seu, e no final, vem a cara do pai. Deitei Noah em meu colo que mamava me olhando bem nos olhos, nossa conexão era incrível, e esses momentos eram únicos. Um turbilhão de pensamentos sem fez presente em minha mente. Tiê me representa quando canta "me perdi no que era real, e no que eu inventei." O que me assombra em estar perdida, é o fardo de consequências que agregam juntamente com a angústia de ter falhado, o vazio e o medo. A incerteza de dias melhores, e se, por ventura, chegará o tão esperado tudo passa. O que fica solto na minha cabeça é o constante questionamento "será que ira passa mesmo?" "E se não passar?". Não tem nada mais desesperador do que lidar com uma mente aflita que implora por respostas. Mesmo sabendo que eu dei tudo de mim para melhorar essa situação.