Ele estaciona bem em frente ao prédio do meu apartamento, Noah havia dormido dentro do carro e o role ficou pra depois.
Desço do carro com dificuldade com esse nenenzao no colo, e Breno rapidamente estende o braço.
Coringa: Da ele aqui. Tá pesado demais pra tu, toda pequena!
Sol: Eu já até me acostumei. - entrego Noah que dorme com a boquinha aberta dando visão aos dentinhos na frente. - Ele é russinho igual tu era quando bebê!
Coringa: eu acho que ele parece contigo. O nariz e a boquinha!
Entro no elevador já me arrepiando inteira, tomei um trauma de elevador desde que vim morar aqui e ele estragou com um morador dentro. Imagina a agonia!
Sempre subia pelas escadas, meu AP era no terceiro andar, então não tinha muito pra subir.
Tiro a chave do bolso abrindo a porta e dando espaço pra ele entrar. Caminho até o quarto e Breno coloca ele na cama, tiro só o sapato dele e ligo o ar. Muito calor!
Volto pra sala me sentando e respirando fundo, sentindo a mesma carga de energia passear pelo meu corpo.
Sol: vai ficar até que dia?
Coringa: Ainda não decidi... - ele senta de frente pra mim, apoiando os cotovelos em cima da perna e balançando seu corpo de um lado para o outro. - Tu tá namorando?
Sol: Não!
Coringa: ficou com alguém nesse meio tempo?
Sol: por que isso importa? Eu estava solteira. - mantenho o contato visual e ele espera por uma resposta. - depois de 1 ano, eu fiquei sim com uma pessoa.
Coringa: foi com ele? - eu já sabia de quem se tratava.
Sol: ainda não entendi onde tu quer chegar com esse assunto. Quem eu fiquei ou deixei de ficar, não diz a respeito de ninguém. Torno a dizer que eu estava solteira.
Coringa: Eu só quero saber, Sol. Sei que não tenho direito de te cobrar nada e nem estou nem posição pra isso.
Sol: isso te acrescenta em algo, foi com ele.
Coringa: sabia... Ele vem aqui?
Sol: Ele mora aqui também... - olho pra ele que tem o olhar fechado. - não aqui em casa, aqui em arraial do Cabo.
Coringa: Isso por que tu dizia que não tinha possibilidade de tu ficar com ele.
Sol: E não tinha mesmo. Até o momento que eu estava contigo. Ele foi meu amigo e esteve ao meu lado durante um bom tempo. - me levanto jogando o cabelo pra trás. - Eu não sentei aqui pra ter esse tipo de conversa, o que eu quero é resolver as coisas entre tu e meu filho, e tu se torne um pai presente agora.
Coringa: Eu ainda tenho muita coisa pra resolver lá no morro. - cruzo os braços passando a língua no lábios. - Quando eu resolver tudo, eu venho pra cá de vez.
Sol: Eu não quero que tu seja o tipo de pessoa que é pai só quando te convém. Se for pra tu sair por aquela porta e ficar mais um ano sem ver teu filho, não precisa voltar. - ele n**a com a cabeça fechando os olhos. - Ele é só uma criança e não tem nada a ver com o que rolou entre nós dois. Não é justo tu fazer ele se acostumar contigo e depois tu sumir.
Coringa: então volta pro morro comigo, me espera resolver as coisas e eu volto contigo.
Sol: eu tô morrendo de saudade do pessoal lá, mas ainda não tô preparada pra voltar e olhar pra cara de várias pessoas que eu nem preciso dizer quem.
Coringa: E quanto a mim e você?
Sol: se for pra ser, será Breno. Tempo ao tempo pra gente resolver as coisas. - ele afirma com a cabeça. - quero que tu se resolva com seu vício.
Coringa: não tem mais vício, Sol. E eu vim aqui justamente pra te falar isso e te contar uma coisa.
Ele começa a falar e meu coração parece perder o rumo das batidas, sinto minha frequência cardíaco ir no céu e voltar.
Ele sempre me disse que era sozinho e não tinha ninguém por ele, mas nunca me contou a crueldade que havia acontecido em sua vida e com sua mãe.
Fecho os os olhos ouvindo sua voz, sinto o nó se formando na minha garganta e a vontade de chorar me preencher. Eu o amo e isso não é segredo, e saber que ele sofreu tanto assim, me corta o coração, mesmo sabendo que eu não poderia fazer nada por ele na época, já que eu nem existia.
Coringa: Então não pense que eu me afastei por não querer fazer meu papel de pai. Tu sabe mais que ninguém que aquele moleque sempre foi meu sonho. Eu so não queria me tornar pra ele o pai que eu tive.
Sol: tu nunca seria ele... Nunca! Você é incrível, foi um bom namorado e com certeza um bom pai. Eu entendo seu medo, mas tu deveria ter me contado, Breno. Quantas e quantas vezes eu te ofereci ajuda pra sair disso?
Coringa: Eu não podia te jogar no fundo poço que eu estava, sabia que tu tinha que cuidar do Noah e lidar com meu vício iria te atrapalhar. Eu demorei... Mas consegui sair sozinho. E por isso tô aqui hoje, pra te pedir perdão por tudo, eu não consigo ver uma vida que não seja ao seu lado.
Sol: só teremos uma vida tranquila longe daquele morro... - falo e ele me encara se aproximando. - se tu ficar...
Coringa: fico contigo onde tu quiser, minha bonequinha! - sorrio abaixando o rosto e ele entrelaça seus braços em minha cintura. - tu tá linda demais! - deu um cheiro em meu pescoço e fechou os olhos. - e esse cheirinho gostoso continua o mesmo.
Sol: Eu ainda quero um pedido formal de casamento. Mas antes disso, um de namoro novamente. Vamos recomeçar como deveria ser!
Coringa: Tudo que tu quiser. - ele roça seu nariz ao meu, aproximando seu lábios e me dando um selinho demorado, mordendo meu lábio inferior. - Estava morrendo de saudade, bonequinha.