Sol...
Fim de tarde como todos os dias, passeio de mãos dadas com Noah pela orla da praia.
Ele ama essa vibe e fica todo bobo cumprimentando Deus e o mundo, ter filho simpático é isso, eu amo demais esse neném.
Paro num quiosque próximo a areia e me sento com Noah pra tomar uma agua de coco, o clima esta abafado e a praia lotada a vontade de me jogar na água, é grande, mas sozinha aqui com o neném, nem da. Vou ter que me contentar com uma ducha no banheiro.
Volto minha atenção a praia novamente, olhando o movimento das pessoas e crianças, sorri com a tranquilidade que esse lugar passava.
Noah bebericava sua água de coco enquanto balbuciava palavras, vai falar mamãe nunca? É só papapa. Se ele falar papai primeiro, eu vou deserdar esse garoto.
Sinto meu celular vibrar e pego o mesmo vendo a chamada de vídeo do Breno, que fazia tempo que não acontecia.
Eu: apareceu a margarida?
Coringa: tá abusada pra c*****o, né? - observei seu cabelo perfeitamente cortado e barba feita. - cadê ele? - virei a câmera pra Noah que logo abriu um sorriso pra tela. - e aí moleque! Tá grande pra c*****o, em. Tua mãe tá te dando fermento?
Eu: puxou tu, quase 2 metros de altura!
Coringa: Tivesse te puxado, seria um anao. Fala!
Eu: tu calado é um poeta, Breno. - reviro os olhos negando com a cabeça. - onde tu tá?
Coringa: Reconhece? - ele vira a câmera do celular, apontando para a varanda do quarto que ficamos quando viajamos pra cá a primeira vez. - me diz onde tu tá. Tô indo buscar vocês!
E de certa forma eu acabei ficando ansiosa com aquilo, já tinha mais de um ano que eu não via ele pessoalmente, nem ninguém lá do morro, só Apolo que apareceu por aqui uma vez.
Engoli seco pensando no quanto ele estava perto dessa vez, e já estava mais que na hora de deixar o orgulho tomar conta da minha vida.
Eu amadureci, virei mãe e não tenho tempo pra tá brincando com o que eu quero ou não. Breno também teria que mudar caso me quisesse em sua vida novamente, pois eu não iria aceitar mais nada daquilo.
Não tenho a intenção de voltar para o morro, aquele lugar onde eu fui tão feliz, foi o motivo da minha ruína e por isso estou aqui hoje, tranquila e em paz, como deveria ser.
Eu: tô na prainha do atalaia... - demorei a responder. - tu vai vir aqui como?
Coringa: Tô de carro, já já chego aí. - sedentário como sempre. Assenti com a cabeça desligando a ligação.
O meu coração acelerou no automático, sabe quando tu marca um encontro com uma pessoa que gosta, pela primeira vez? Aquela ansiedade e dorzinha na barriga só em pensar na situação. Eu estava bem assim, e ri sozinha só de pensar.
Paguei o dono do quiosque e fiquei ali com Noah grudado em meu peito como se fosse um sanguessuga, e eu ainda lembro de ter falado que quando ele fizesse 6 meses, tiraria do peito. E cá está ele com 1 ano, mamando como se fosse um bezerro.
Era como se eu reconhecesse quando ele se aproximava, e senti o perfume dele de longe.
Sentou ao meu lado como se fosse um desconhecido qualquer, pediu uma agua e eu não tive nem boca pra falar nada. De fato era, ele ainda mexia comigo como a primeira vez, e eu ainda era apaixonada nesse homem com toda certeza do mundo.
Ele agradeceu e se levantou ficando mais perto de nós, estendeu o braço e Noah foi rapidamente para seu colo sorrindo.
Coringa: Oi papai... - deu um longo abraço nele e eu permaneci imóvel sem saber o que fazer ali. - pai tava morrendo de saudade, tu não tem noção!
Sorri aliviada que Noah não o estranhou, era o que eu mais temia.
Coringa: Tá linda, bonequinha! - ele deposita um beijo em minha testa segurando minha nuca. - tá a coisa mais linda com esse cabelão loiro!
Sol: obrigado! - ouço noah falar perfeitamente papai, é isso mesmo?
Coringa: papai mesmo, menorzinho. Voltou pra ficar contigo!
Sol: tá hospedado naquele hotel. - ele afirma com a cabeça beijando o rostinho de Noah. - esta a mesma coisa?
Coringa: Nada mudou. Posso lembrar perfeitamente da nossa última noite lá. - E depois foi só ladeira abaixo, pensei.
Sol: Noite que Noah foi feito! - gargalhei ao lembrar de tudo perfeitamente.
Coringa: Tu tava possuída pelo Espírito da safadeza aquele dia, moleque foi feito com gosto. - sinto meu rosto queimar, mesmo sabendo que nunca tivemos vergonha de falar nada um para o outro, naquele momento ali, parecia que eu havia perdido totalmente a i********e com ele. - Quis ir pra lá primeiro, por que já havia te dito que lá seria nosso ponto de paz e refúgio. Eu precisava disso!
Sol: como tá o pessoal lá no morro? - troco de assunto não querendo tocar nisso agora.
Coringa: geral bem, po. E com saudades de vocês.
Sol: eu vou tirar um tempo pra ir lá...
Coringa: Vem. - ele se levanta ajeitando meu neném no colo. - vamos dar uma volta, minha bonequinha.
"Minha bonequinha" sooa tão gostoso em sua boca, que eu sinto uma corrente elétrica passear por todo meu corpo.
Caminho junto a ele até o carro estacionado um pouco lá pra trás, ele me entrega noah abrindo a porta do carona e eu entro me confortando no banco. Dá meia volta no carro e senta ao meu lado.
Olhando pra frente ele não diz nada, só tem o olhar fixo na pista, com as mãos no volante e respirando fundo.
Coringa: Eu preciso conversar contigo, te contar algumas coisas e esclarecer outras. - se vira me olhando dentro dos olhos. - mas antes quero dar uma volta com vocês dois, e depois conversamos sobre isso, pode ser?
Sol: A gente tem muito o que conversar, e teremos tempo pra isso. Só foco em ficar com Noah hoje, faz tempo que ele não te vê!
Coringa: Quero ficar contigo também, e compensar todo tempo que passamos longe um do outro!