A luz do sol entrava pelas cortinas do meu quarto de hotel, mas não aquecia o coração de Lara.
Ela sentou-se na cama, ficou olhando a cidade lá fora, pensando no beijo que o Dante lhe deu na noite passada.
O sabor dele ainda estava em lábios, e o calor do toque percorria o corpo como uma corrente elétrica que não podia ser desligada.
— Maldito seja você, Dante. — Ela murmurou, apertando as mãos contra as coxas. — Não posso sentir isso por ele, eu me recuso.
O celular vibrou sobre mesa da cabeceira. Uma mensagem da sua amiga Sofia:
-Temos que conversar. Coisas decisivas sobre o jogo.
Lara suspirou profundamente, e levantando rápido da cama.
Correu ao banheiro para fazer as suas higiene pessoal, e depois vestiu uma roupa simples.
Quando chegou à sala de reuniões improvisada, que Sofia arrumou em uma das salas do hotel, viu a amiga cercada por telas e papéis.
— Então Sof… o que temos aqui? — perguntou Lara, jogando-se na cadeira.
— Primeiro, respira. — Sofia passou a mão pelos cabelos. — Segundo, precisamos combinar um plano perfeito.
O torneio vai ser ainda mais complicado hoje. E Dante… ele vai te irritar ainda mais do que nunca.
— Já começou?
— Ele sempre começa antes de todo mundo — respondeu Sofia, com um sorriso torto. — E desta vez, você não pode se dar ao luxo de perder.
Lara fechou os olhos, respirando fundo.
— Então vamos fingir que confiamos um no outro. Só por enquanto.
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O salão do cassino estava fervendo.
Jogadores famosos e desconhecidos ocupavam as mesas, e os olhares se voltavam para a dupla que todos suspeitavam que não iria durar: Lara e Dante.
Ele estava lá, elegante, impecável, com um olhar fixo nela.
Quando ela se aproximou, ele deu um sorriso que misturava provocação e algo mais sombrio.
— Vamos fazer isso de uma maneira simples — disse ele, baixo. — Eu te cubro, você me cobre.
— Nada de truques sujos. — Ela respondeu. — Estamos em lados opostos, mas temos o mesmo objetivo.
— Objetivo? — Dante arqueou a sobrancelha. — Acha que consegue me enganar tão facilmente?
O dealer distribuiu as cartas. O jogo começou, e cada gesto se tornou uma dança silenciosa entre eles.
Cada olhar, cada movimento de ficha, carregava um significado oculto.
— Você está blefando — disse Dante, baixinho, enquanto ela jogava todas as fichas na mesa.
— Você também. — Ela respondeu, sem desviar o olhar.
O toque involuntário das mãos durante a troca de cartas fez o coração de Lara disparar.
Ela recuou mentalmente, tentando se concentrar: não podia deixar que o seu desejo por ele a distraísse.
Mas ele estava sempre lá, perto demais, desafiando-a de todas as formas possíveis:
— Você acha que consegue enganar o mundo inteiro, mas não consegue me enganar.
Lara respirou fundo, o corpo reagindo contra a razão.
— Eu não estou tentando enganar você, Dante. — Sua voz era firme, mas ainda mostrou um pouco da sua vulnerabilidade . — Só estou tentando sobreviver a isso.
Ele se aproximou para mais perto dela, com o rosto tão próximo que ela podia sentir a respiração dele.
— E se a sobrevivência exigir algo mais… íntimo? — murmurou, provocativo.
Lara desviou o olhar, mas não afastou totalmente o corpo.
— Não jogue com isso. Não aqui.
Dante riu baixinho, como se aceitasse o desafio.
— O problema é que já estou jogando, faz tempo, só você é que ainda não percebeu. — Ele disse, quase inaudível. — Entendeu?.
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Algumas horas depois, o torneio entrou em uma rodada decisiva.
Lara e Dante precisavam coordenar jogadas sem que os outros percebessem — uma dança perigosa, cheia de segredos, olhares e falsas apostas.
Quando finalmente ela venceu a rodada mais importante do dia, Dante se aproximou, encostando o braço no dela de forma casual — mas íntima.
— Parabéns — disse, baixo. — Mas lembra: o jogo real ainda nem começou.
Ela sentiu o calor do corpo dele próximo e, por um segundo, pensou em se render à atração que crescia como fogo dentro dela.
Mas desviou o olhar.
— O jogo não acabou — respondeu, com firmeza. — Nem pra você, nem pra mim.
Ele sorriu, misterioso:
— Então vamos continuar. E que o melhor — ou o mais esperto — vença.
Lara percebeu, naquele instante, que não se tratava mais apenas de pôquer.
Era uma guerra de segredos, de atração, de coragem…
E que o inimigo mais perigoso poderia ser aquele que estava mais perto do seu coração.
O salão principal do cassino estava mergulhado em um silêncio tenso.
A rodada decisiva da noite começava, e todos os olhares estavam fixos em Lara Monteiro, a mulher que todos queriam derrotar — e ninguém ousava subestimar.
Ela respirou fundo, sentindo a adrenalina correr pelas veias.
Mas algo parecia errado.
O dealer distribuía as cartas, mas Lara percebeu um movimento suspeito no balcão de observação: dois homens encapuzados trocavam olhares com Dante.
Antes que pudesse reagir, um disparo ecoou no salão, provocando gritos e correria.
Lara se jogou no chão, com o coração acelerado.
Dante estava ao lado dela num instante, puxando-a para trás de uma pilha de fichas.
— Você está bem? — ele perguntou, segurando-a firmemente.
— Sim — ela respondeu, com a respiração ofegante. — Mas… o que está acontecendo?
Ele cerrou os olhos, observando os intrusos.
— Alguém quer garantir que você não chegue à final.
O caos se instalou no cassino. As luzes piscavam, sirenes começaram a soar, e Lara sentiu o perigo mais real que já enfrentou.
Dante olhou para ela, e naquela fração de segundo, algo mudou.
O jogo, a rivalidade, a desconfiança… tudo desapareceu diante do instinto de proteção.
— Segura firme — ele disse, puxando-a para mais perto.
Ela sentiu o calor do corpo dele, a força do braço envolvendo-a.
Com o coração disparado, o rosto a centímetros do dele, e pela primeira vez, não havia cartas entre eles, apenas o risco e a atração.
Um segundo depois, os tiros cessaram, e os homens fugiram pelas saídas de serviço.
Dante a soltou parcialmente, mas manteve as mãos nos ombros dela.
— Está tudo bem agora. — Ele murmurou, tão perto que o cheiro do perfume dela se misturava ao dele.
Lara olhou para ele, com as mãos ainda trêmulas.
— Dante…
— Shhh. — Ele inclinou-se lentamente, com os olhos nos dela. — Só respira.
O mundo pareceu parar.
O barulho do cassino, os gritos, as sirenes… tudo desapareceu.
Ele tocou o rosto dela com suavidade, como se temesse quebrá-la.
E então, sem pensar muito, os lábios dele encontraram os dela.
O beijo foi urgente, profundo e desesperado, uma explosão de sentimentos contidos: medo, raiva, desejo e alívio misturados em um só instante.
Lara correspondeu, sentindo a força dele, o calor e a promessa silenciosa de proteção.
Quando se afastaram, ofegantes, os olhos de Dante ainda estavam presos nos dela.
— Você está tentando me enlouquecer, Lara. — Ele murmurou, a voz rouca.
— E você está conseguindo. — Ela respondeu, com a respiração ainda entrecortada.
Antes que pudessem se tocar novamente, um alerta soou pelo celular de Sofia:
“Lara, eles voltaram. Prepare-se para a rodada final.”
Eles se entreolharam por um instante, sabendo que o jogo real estava apenas começando.
Mas agora, algo havia mudado.
O perigo era real, mas o desejo também.
E nenhum dos dois poderia mais fingir indiferença diante do que aconteceu.