Capítulo 7

1252 Words
A luz do sol entrava pelas cortinas do meu quarto de hotel, mas não aquecia o coração de Lara. Ela sentou-se na cama, ficou olhando a cidade lá fora, pensando no beijo que o Dante lhe deu na noite passada. O sabor dele ainda estava em lábios, e o calor do toque percorria o corpo como uma corrente elétrica que não podia ser desligada. — Maldito seja você, Dante. — Ela murmurou, apertando as mãos contra as coxas. — Não posso sentir isso por ele, eu me recuso. O celular vibrou sobre mesa da cabeceira. Uma mensagem da sua amiga Sofia: -Temos que conversar. Coisas decisivas sobre o jogo. Lara suspirou profundamente, e levantando rápido da cama. Correu ao banheiro para fazer as suas higiene pessoal, e depois vestiu uma roupa simples. Quando chegou à sala de reuniões improvisada, que Sofia arrumou em uma das salas do hotel, viu a amiga cercada por telas e papéis. — Então Sof… o que temos aqui? — perguntou Lara, jogando-se na cadeira. — Primeiro, respira. — Sofia passou a mão pelos cabelos. — Segundo, precisamos combinar um plano perfeito. O torneio vai ser ainda mais complicado hoje. E Dante… ele vai te irritar ainda mais do que nunca. — Já começou? — Ele sempre começa antes de todo mundo — respondeu Sofia, com um sorriso torto. — E desta vez, você não pode se dar ao luxo de perder. Lara fechou os olhos, respirando fundo. — Então vamos fingir que confiamos um no outro. Só por enquanto. ++++++++++++++ O salão do cassino estava fervendo. Jogadores famosos e desconhecidos ocupavam as mesas, e os olhares se voltavam para a dupla que todos suspeitavam que não iria durar: Lara e Dante. Ele estava lá, elegante, impecável, com um olhar fixo nela. Quando ela se aproximou, ele deu um sorriso que misturava provocação e algo mais sombrio. — Vamos fazer isso de uma maneira simples — disse ele, baixo. — Eu te cubro, você me cobre. — Nada de truques sujos. — Ela respondeu. — Estamos em lados opostos, mas temos o mesmo objetivo. — Objetivo? — Dante arqueou a sobrancelha. — Acha que consegue me enganar tão facilmente? O dealer distribuiu as cartas. O jogo começou, e cada gesto se tornou uma dança silenciosa entre eles. Cada olhar, cada movimento de ficha, carregava um significado oculto. — Você está blefando — disse Dante, baixinho, enquanto ela jogava todas as fichas na mesa. — Você também. — Ela respondeu, sem desviar o olhar. O toque involuntário das mãos durante a troca de cartas fez o coração de Lara disparar. Ela recuou mentalmente, tentando se concentrar: não podia deixar que o seu desejo por ele a distraísse. Mas ele estava sempre lá, perto demais, desafiando-a de todas as formas possíveis: — Você acha que consegue enganar o mundo inteiro, mas não consegue me enganar. Lara respirou fundo, o corpo reagindo contra a razão. — Eu não estou tentando enganar você, Dante. — Sua voz era firme, mas ainda mostrou um pouco da sua vulnerabilidade . — Só estou tentando sobreviver a isso. Ele se aproximou para mais perto dela, com o rosto tão próximo que ela podia sentir a respiração dele. — E se a sobrevivência exigir algo mais… íntimo? — murmurou, provocativo. Lara desviou o olhar, mas não afastou totalmente o corpo. — Não jogue com isso. Não aqui. Dante riu baixinho, como se aceitasse o desafio. — O problema é que já estou jogando, faz tempo, só você é que ainda não percebeu. — Ele disse, quase inaudível. — Entendeu?. ++++++++++++ Algumas horas depois, o torneio entrou em uma rodada decisiva. Lara e Dante precisavam coordenar jogadas sem que os outros percebessem — uma dança perigosa, cheia de segredos, olhares e falsas apostas. Quando finalmente ela venceu a rodada mais importante do dia, Dante se aproximou, encostando o braço no dela de forma casual — mas íntima. — Parabéns — disse, baixo. — Mas lembra: o jogo real ainda nem começou. Ela sentiu o calor do corpo dele próximo e, por um segundo, pensou em se render à atração que crescia como fogo dentro dela. Mas desviou o olhar. — O jogo não acabou — respondeu, com firmeza. — Nem pra você, nem pra mim. Ele sorriu, misterioso: — Então vamos continuar. E que o melhor — ou o mais esperto — vença. Lara percebeu, naquele instante, que não se tratava mais apenas de pôquer. Era uma guerra de segredos, de atração, de coragem… E que o inimigo mais perigoso poderia ser aquele que estava mais perto do seu coração. O salão principal do cassino estava mergulhado em um silêncio tenso. A rodada decisiva da noite começava, e todos os olhares estavam fixos em Lara Monteiro, a mulher que todos queriam derrotar — e ninguém ousava subestimar. Ela respirou fundo, sentindo a adrenalina correr pelas veias. Mas algo parecia errado. O dealer distribuía as cartas, mas Lara percebeu um movimento suspeito no balcão de observação: dois homens encapuzados trocavam olhares com Dante. Antes que pudesse reagir, um disparo ecoou no salão, provocando gritos e correria. Lara se jogou no chão, com o coração acelerado. Dante estava ao lado dela num instante, puxando-a para trás de uma pilha de fichas. — Você está bem? — ele perguntou, segurando-a firmemente. — Sim — ela respondeu, com a respiração ofegante. — Mas… o que está acontecendo? Ele cerrou os olhos, observando os intrusos. — Alguém quer garantir que você não chegue à final. O caos se instalou no cassino. As luzes piscavam, sirenes começaram a soar, e Lara sentiu o perigo mais real que já enfrentou. Dante olhou para ela, e naquela fração de segundo, algo mudou. O jogo, a rivalidade, a desconfiança… tudo desapareceu diante do instinto de proteção. — Segura firme — ele disse, puxando-a para mais perto. Ela sentiu o calor do corpo dele, a força do braço envolvendo-a. Com o coração disparado, o rosto a centímetros do dele, e pela primeira vez, não havia cartas entre eles, apenas o risco e a atração. Um segundo depois, os tiros cessaram, e os homens fugiram pelas saídas de serviço. Dante a soltou parcialmente, mas manteve as mãos nos ombros dela. — Está tudo bem agora. — Ele murmurou, tão perto que o cheiro do perfume dela se misturava ao dele. Lara olhou para ele, com as mãos ainda trêmulas. — Dante… — Shhh. — Ele inclinou-se lentamente, com os olhos nos dela. — Só respira. O mundo pareceu parar. O barulho do cassino, os gritos, as sirenes… tudo desapareceu. Ele tocou o rosto dela com suavidade, como se temesse quebrá-la. E então, sem pensar muito, os lábios dele encontraram os dela. O beijo foi urgente, profundo e desesperado, uma explosão de sentimentos contidos: medo, raiva, desejo e alívio misturados em um só instante. Lara correspondeu, sentindo a força dele, o calor e a promessa silenciosa de proteção. Quando se afastaram, ofegantes, os olhos de Dante ainda estavam presos nos dela. — Você está tentando me enlouquecer, Lara. — Ele murmurou, a voz rouca. — E você está conseguindo. — Ela respondeu, com a respiração ainda entrecortada. Antes que pudessem se tocar novamente, um alerta soou pelo celular de Sofia: “Lara, eles voltaram. Prepare-se para a rodada final.” Eles se entreolharam por um instante, sabendo que o jogo real estava apenas começando. Mas agora, algo havia mudado. O perigo era real, mas o desejo também. E nenhum dos dois poderia mais fingir indiferença diante do que aconteceu.
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