Capítulo 8

1203 Words
O sol já se punha sobre Las Vegas quando Lara entrou no salão principal do cassino, estava como sempre um ambiente cheio de gente rica e esnobe. O ar estava carregado de fumaça de cigarro caro, perfume caro e murmúrios tensos dos jogadores. Lara sentiu cada olhar sobre si — mas nenhum tanto quanto o de Dante. Ele estava encostado no balcão, onde vende bebidas, com o terno impecável, os braços cruzados, e o sorriso torto no rosto. Quando ela se aproximou, ele disse apenas: — Está pronta para a rodada final do dia? — Pronta para sobreviver a tudo isso— respondeu ela, firme. — Sobreviver é diferente de vencer. — Ele deu um passo à frente. — Mas hoje, vamos combinar os dois. Lara arqueou a sobrancelha. — Combinar? Não confio em você o suficiente para isso. — Não precisa confiar. Precisa apenas não perder o jogo. Ela suspirou, percebendo que não havia outra escolha. — Então… aliança temporária. Ele sorriu, mas os olhos escuros não mostravam brincadeira. — Temporária ou não, precisamos estar sincronizados. ************** O dealer começou a distribuir as cartas, a Lara e o Dante se sentaram lado a lado, uma primeira vez que transformava cada gesto em códigos silenciosos. Ela aprendeu rápido: o toque discreto de dedos indicava blefe, o movimento da ficha, a estratégia. A cada jogada, o coração dela disparava — não só pela adrenalina, mas porque a proximidade deles era impossível de ignorar. — Cuidado com a próxima mesa — Dante murmurou no ouvido dela. Ela sentiu a respiração dele por perto, quente e firme contra a sua pele. — Diga você primeiro — respondeu, tentando manter a voz firme. O olhar dele brilhou, como se gostasse do desafio. — Ela vai tentar te enganar. Não deixe. Lara assentiu, percebendo que, pela primeira vez, estavam verdadeiramente conectados — mesmo que cada um ainda guardasse segredos perigosos. *********** Durante a rodada, Lara percebeu um movimento suspeito: um dos rivais tentava manipular as fichas do dealer. Ela sinalizou discretamente para Dante. Ele entendeu imediatamente, desviando a atenção do jogador e bloqueando a jogada. — Bom instinto — ele disse, encostando o braço no dela de maneira casual. — Instinto de sobrevivência — respondeu ela, tentando disfarçar o efeito que o toque tinha sobre ela. O beijo da noite passada ainda queimava nos pensamentos dela. Mas agora, cada gesto dele carregava uma intenção mais intensa, um toque calculado de poder e sedução. E Lara percebeu que não podia mais separar o jogo da atração. *********** Quando a rodada terminou, Lara e Dante estavam lado a lado, o público aplaudindo as jogadas ousadas da dupla improvável. — Sobrevivemos — disse Dante, um sorriso que era ao mesmo tempo provocador e protetor. — Sobrevivemos… por enquanto. — Ela respondeu, percebendo que suas mãos se tocaram casualmente e nenhum dos dois recuou. No corredor de serviço, longe dos olhares curiosos, Lara olhou para ele. — Sabe que não posso confiar em você totalmente, certo? — Sei — ele respondeu, aproximando-se. — Mas se precisarmos sobreviver, vamos precisar confiar pelo menos parcialmente. O ar ficou pesado, carregado de desejo contido e tensão. — Então… aliança? — ela murmurou, quase sem fôlego, levantando a mão em sinal de comprimento, e o Dante fez o mesmo como se estivesse selado um acordo. — Aliança — respondeu ele apertando a mão dele, mas o olhar dele dizia que isso significava muito mais que apenas cartas. Enquanto saíam para o terraço, o vento frio de Las Vegas cortava a tensão, mas não conseguia apagar a atração elétrica entre eles. Lara olhou para o horizonte, sabendo que o verdadeiro jogo estava apenas começando. E que cada segredo que Dante escondesse, poderia ser tão perigoso quanto qualquer carta na mesa. *********** De volta ao salão do cassino, lá tudo estava em um completo silêncio e tenso. A rodada final do dia tinha começado, e Lara sentia cada olhar sobre si, cada respiração sincronizada com o barulho das fichas e cartas. Ela estava concentrada quando notou algo estranho: um dos jogadores na mesa oposta observava cada movimento dela com atenção excessiva, quase predatória. — Dante… — murmurou, discretamente. Ele inclinou-se para perto dela, os olhos atentos. — Relaxa. Apenas siga o jogo. Mas Lara não conseguia ignorar a sensação de perigo. O rival parecia planejar algo além das cartas. ************ De repente, uma distração no balcão de fichas. Um choque elétrico percorreu a mesa. Lara sentiu uma fagulha percorrer o braço — alguém tentava sabotar seu equipamento de apostas eletrônicas. — Cuidado! — Dante gritou, impulsivo. Ele agarrou o braço dela, puxando-a para trás da mesa num movimento ágil, enquanto o rival tentava se aproximar. O choque ecoou pelo salão, os espectadores gritando e correndo. Lara sentiu o coração disparar, o corpo colado ao dele. — Você está louco?! — disse, entre ofegante e furiosa. — Louco o suficiente pra não deixar que te machuquem — respondeu, a voz firme, carregada de perigo. Ele ergueu a mão e, com um gesto rápido, desarmou o jogador com uma movimentação sutil, mas letal, usando apenas a força da surpresa e da estratégia. — Isso… — Lara engoliu em seco, ainda tremendo. — Isso foi… — Sobrevivência. — Dante respondeu, os olhos fixos nos dela. — Não é hora de jogar. O salão ainda era um caos, mas o rival fugira, percebendo que havia subestimado a combinação de Lara e Dante. ********** Quando tudo se acalmou, Dante levou Lara para fora do cassino, para um beco na lateral iluminado apenas por lâmpadas amareladas. — Você está bem? — ele perguntou, segurando o rosto dela entre as mãos. — Sim… acho — ela murmurou, sentindo o corpo ainda tremer com a adrenalina. — Não só por causa do jogo — ele disse, baixando a voz. — Por causa de mim mesmo. Ela sentiu a intensidade do olhar dele, como se pudesse ler cada medo, cada desejo. — Você não pode fazer isso comigo — disse ela, a respiração acelerada. — Eu não posso? — ele perguntou, aproximando-se perigosamente. — E se eu disser que não me importa? O calor dele envolveu-a, e antes que pudesse recuar, ele a beijou novamente. O beijo foi urgente, desesperado, como se tentasse transmitir tudo que não podia dizer com palavras: proteção, desejo, perigo e conexão. Lara correspondeu, deixando-se levar, sabendo que cada instante poderia ser o último seguro. — Dante… — ela murmurou entre os lábios dele. — Não podemos nos perder nisso. — Talvez seja tarde demais — ele respondeu, a voz rouca. — Mas se vamos enfrentar esse jogo mortal, precisamos estar juntos. ************** Enquanto se afastavam, Lara percebeu que algo tinha mudado. Não eram apenas parceiros no torneio. Agora, eram aliados em uma guerra invisível, e cada toque, cada olhar, era carregado de paixão e perigo. — Vamos precisar de mais do que cartas para vencer — disse Dante, segurando a mão dela. — Eu sei — respondeu Lara, sentindo que, pela primeira vez, confiava nele, ainda que parcialmente. E naquele instante, o torneio não era apenas uma questão de dinheiro ou poder. Era uma questão de sobreviver, confiar e não deixar que os segredos destruíssem o que ainda podia nascer entre eles.
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