O sol já se punha sobre Las Vegas quando Lara entrou no salão principal do cassino, estava como sempre um ambiente cheio de gente rica e esnobe.
O ar estava carregado de fumaça de cigarro caro, perfume caro e murmúrios tensos dos jogadores.
Lara sentiu cada olhar sobre si — mas nenhum tanto quanto o de Dante.
Ele estava encostado no balcão, onde vende bebidas, com o terno impecável, os braços cruzados, e o sorriso torto no rosto.
Quando ela se aproximou, ele disse apenas:
— Está pronta para a rodada final do dia?
— Pronta para sobreviver a tudo isso— respondeu ela, firme.
— Sobreviver é diferente de vencer. — Ele deu um passo à frente. — Mas hoje, vamos combinar os dois.
Lara arqueou a sobrancelha.
— Combinar? Não confio em você o suficiente para isso.
— Não precisa confiar. Precisa apenas não perder o jogo.
Ela suspirou, percebendo que não havia outra escolha.
— Então… aliança temporária.
Ele sorriu, mas os olhos escuros não mostravam brincadeira.
— Temporária ou não, precisamos estar sincronizados.
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O dealer começou a distribuir as cartas, a Lara e o Dante se sentaram lado a lado, uma primeira vez que transformava cada gesto em códigos silenciosos.
Ela aprendeu rápido: o toque discreto de dedos indicava blefe, o movimento da ficha, a estratégia.
A cada jogada, o coração dela disparava — não só pela adrenalina, mas porque a proximidade deles era impossível de ignorar.
— Cuidado com a próxima mesa — Dante murmurou no ouvido dela.
Ela sentiu a respiração dele por perto, quente e firme contra a sua pele.
— Diga você primeiro — respondeu, tentando manter a voz firme.
O olhar dele brilhou, como se gostasse do desafio.
— Ela vai tentar te enganar. Não deixe.
Lara assentiu, percebendo que, pela primeira vez, estavam verdadeiramente conectados — mesmo que cada um ainda guardasse segredos perigosos.
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Durante a rodada, Lara percebeu um movimento suspeito: um dos rivais tentava manipular as fichas do dealer.
Ela sinalizou discretamente para Dante.
Ele entendeu imediatamente, desviando a atenção do jogador e bloqueando a jogada.
— Bom instinto — ele disse, encostando o braço no dela de maneira casual.
— Instinto de sobrevivência — respondeu ela, tentando disfarçar o efeito que o toque tinha sobre ela.
O beijo da noite passada ainda queimava nos pensamentos dela.
Mas agora, cada gesto dele carregava uma intenção mais intensa, um toque calculado de poder e sedução.
E Lara percebeu que não podia mais separar o jogo da atração.
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Quando a rodada terminou, Lara e Dante estavam lado a lado, o público aplaudindo as jogadas ousadas da dupla improvável.
— Sobrevivemos — disse Dante, um sorriso que era ao mesmo tempo provocador e protetor.
— Sobrevivemos… por enquanto. — Ela respondeu, percebendo que suas mãos se tocaram casualmente e nenhum dos dois recuou.
No corredor de serviço, longe dos olhares curiosos, Lara olhou para ele.
— Sabe que não posso confiar em você totalmente, certo?
— Sei — ele respondeu, aproximando-se. — Mas se precisarmos sobreviver, vamos precisar confiar pelo menos parcialmente.
O ar ficou pesado, carregado de desejo contido e tensão.
— Então… aliança? — ela murmurou, quase sem fôlego, levantando a mão em sinal de comprimento, e o Dante fez o mesmo como se estivesse selado um acordo.
— Aliança — respondeu ele apertando a mão dele, mas o olhar dele dizia que isso significava muito mais que apenas cartas.
Enquanto saíam para o terraço, o vento frio de Las Vegas cortava a tensão, mas não conseguia apagar a atração elétrica entre eles.
Lara olhou para o horizonte, sabendo que o verdadeiro jogo estava apenas começando.
E que cada segredo que Dante escondesse, poderia ser tão perigoso quanto qualquer carta na mesa.
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De volta ao salão do cassino, lá tudo estava em um completo silêncio e tenso.
A rodada final do dia tinha começado, e Lara sentia cada olhar sobre si, cada respiração sincronizada com o barulho das fichas e cartas.
Ela estava concentrada quando notou algo estranho: um dos jogadores na mesa oposta observava cada movimento dela com atenção excessiva, quase predatória.
— Dante… — murmurou, discretamente.
Ele inclinou-se para perto dela, os olhos atentos.
— Relaxa. Apenas siga o jogo.
Mas Lara não conseguia ignorar a sensação de perigo.
O rival parecia planejar algo além das cartas.
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De repente, uma distração no balcão de fichas.
Um choque elétrico percorreu a mesa.
Lara sentiu uma fagulha percorrer o braço — alguém tentava sabotar seu equipamento de apostas eletrônicas.
— Cuidado! — Dante gritou, impulsivo.
Ele agarrou o braço dela, puxando-a para trás da mesa num movimento ágil, enquanto o rival tentava se aproximar.
O choque ecoou pelo salão, os espectadores gritando e correndo.
Lara sentiu o coração disparar, o corpo colado ao dele.
— Você está louco?! — disse, entre ofegante e furiosa.
— Louco o suficiente pra não deixar que te machuquem — respondeu, a voz firme, carregada de perigo.
Ele ergueu a mão e, com um gesto rápido, desarmou o jogador com uma movimentação sutil, mas letal, usando apenas a força da surpresa e da estratégia.
— Isso… — Lara engoliu em seco, ainda tremendo. — Isso foi…
— Sobrevivência. — Dante respondeu, os olhos fixos nos dela. — Não é hora de jogar.
O salão ainda era um caos, mas o rival fugira, percebendo que havia subestimado a combinação de Lara e Dante.
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Quando tudo se acalmou, Dante levou Lara para fora do cassino, para um beco na lateral iluminado apenas por lâmpadas amareladas.
— Você está bem? — ele perguntou, segurando o rosto dela entre as mãos.
— Sim… acho — ela murmurou, sentindo o corpo ainda tremer com a adrenalina.
— Não só por causa do jogo — ele disse, baixando a voz. — Por causa de mim mesmo.
Ela sentiu a intensidade do olhar dele, como se pudesse ler cada medo, cada desejo.
— Você não pode fazer isso comigo — disse ela, a respiração acelerada.
— Eu não posso? — ele perguntou, aproximando-se perigosamente. — E se eu disser que não me importa?
O calor dele envolveu-a, e antes que pudesse recuar, ele a beijou novamente.
O beijo foi urgente, desesperado, como se tentasse transmitir tudo que não podia dizer com palavras: proteção, desejo, perigo e conexão.
Lara correspondeu, deixando-se levar, sabendo que cada instante poderia ser o último seguro.
— Dante… — ela murmurou entre os lábios dele. — Não podemos nos perder nisso.
— Talvez seja tarde demais — ele respondeu, a voz rouca. — Mas se vamos enfrentar esse jogo mortal, precisamos estar juntos.
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Enquanto se afastavam, Lara percebeu que algo tinha mudado.
Não eram apenas parceiros no torneio.
Agora, eram aliados em uma guerra invisível, e cada toque, cada olhar, era carregado de paixão e perigo.
— Vamos precisar de mais do que cartas para vencer — disse Dante, segurando a mão dela.
— Eu sei — respondeu Lara, sentindo que, pela primeira vez, confiava nele, ainda que parcialmente.
E naquele instante, o torneio não era apenas uma questão de dinheiro ou poder.
Era uma questão de sobreviver, confiar e não deixar que os segredos destruíssem o que ainda podia nascer entre eles.