CAPÍTULO 3
CONDOR
NARRANDO...
Tô aqui, pensando até agora no que o chefe me falou. Como é que ele me bota nessa furada?
Meu sonho sempre foi ser chefe do Comando.
Mas não assim... tendo que casar com a prometida de um moleque morto, o tal Lucas, que nem cresceu.
Isso é um cavalo de Troia.
Tô tonto.
Do nada o Arcanjo brota na minha frente. Quase caí da cadeira de susto.
— Tem mão não, viado? Bate na porta, chama, p***a! Tá doido, carai?
— Eu bati, chamei e nada. Tu não atendeu — ele falou rindo.
— Dormiu, não, viado? — ele insistiu.
— Tô com a cabeça fervendo... de tanto pensar naquela proposta do CJ.
— Proposta? Tá é maluco. É ordem, irmão.
— Rapaz, o que eu faço? Ter que casar com uma patricinha...
— O chefe falou que ela é cria aqui do morro mesmo. Só saiu porque o pai dela virou laranja da facção. O coroa vacilou com o dinheiro do bonde.
— Sei lá, viado... essa fita tá me tirando o sono. Ela nem me conhece. Como que vou casar com alguém assim? Só pra herdar a cadeira? Isso é cadeia sentimental, p***a.
— Tu quer ser chefe ou não quer? O chefe confia em você, por isso te escolheu. Essa mina é só a chave da porta. Tu casa, assume o trono... depois desenrola. Quem manda é tu.
— E se ela não quiser?
— Vai querer. A família tá jurada. Tem dívida no sangue. Ela aceita... ou o bonde leva geral.
— Isso não é certo...
O Arcanjo me olhou firme, gelado.
— Aqui nada é certo, irmão. É só o que convém.
Condor narrando...
— Ela fez 17 anos ontem... tá cheirando a leite ainda. Tá nas fraldas, mano.
Arcanjo: — Kkkkk carai, se fudeu. Vamos ver no que vai dar...
Condor: — Posso até querer negar isso aí, mas carai... só tô pegando essa responsa porque o Cobra tá doido pra sentar na cadeira. Eu não posso recusar isso pro Comando.
E o pior... ainda vou ter que dar um herdeiro — ou uma herdeira — pra facção.
Já tô velho, nem de fachada pode ser esse casamento.
Tem que fazer o ato, provar que ela era virgem, lacrada... sei não, tá sinistro demais.
Arcanjo: — Segura esse B.O aí, porque quem vai causar na sua mente é a Mabel. Já tô até vendo...
Vai conhecer a mina antes?
— Sei lá, Arcanjo. Tô nem aí pra isso. Ontem, depois daquela notícia, brochei. Nem consegui me concentrar, caiu legal...
Se eu aceitar, em três meses já tô casado.
Mas eu sou cachorro solto, gosto é do fervo. Já falei pro CJ: não vou abandonar a p*****a, não.
Vou continuar fazendo o que eu quero nessa p***a.
Arcanjo: — E se a mina for neurótica, daquelas que gostam de causar?
Condor: — Vai dar r**m pra ela.
Desço a mão firme e dou um corte novo. Deixo careca e nem ligo.
MABEL NARRANDO...
Fala, gatas. Meu nome é Maria Izabel, tenho 29 anos, sou a quase fiel do Condor.
Sou loira, olho azul, toda montada estilo cavala.
Meus s***s são silicone, fiz lipo, botei silicone no bumbum.
Fiquei gostosa — as marmitas piram quando eu passo com meu boy magia, ou no carro que ele me deu.
Ontem... não entendi nada.
Meu boy broxou. Tava nervoso com alguma coisa que eu não consegui descobrir. Deve ser coisa grave da facção. CJ chamou ele pra conversar, e quando o Condor saiu... tava puro veneno. Arcanjo também.
Não sei, mas nesse mato tem coelho. Ou coelha...
(...)
Senti o cheiro dele... virei.
Era ele. Todo tatuado, gostoso do jeito que eu gosto.
Condor: — Vamo tirar o atraso, vamo?
Levantei na hora. Subimos pro meu quarto arrancando a roupa.
Beijo com desejo, cheio de t***o. Fiquei louca.
— Sem preliminar — já avisei.
Ele me apertou toda, deu tapa estalado na minha b***a, me botou de quatro.
Pegou a camisinha GG, meteu no p*u e enterrou sem dó.
Mordia minhas costas, apertava meus m*****s, dava beijo na b***a.
Socava fundo, sem piedade.
Me segurava firme pela cintura com aquelas mãos grandes.
Me virou, me pegou de barriga pra cima, segurou minhas pernas nos braços e meteu olhando nos meus olhos, selvagem.
Senti meu g**o vindo.
Coração acelerado, pernas tremendo... gozei gemendo o vulgo dele.
Ele deu mais umas socadas, gemeu com a voz grossa...
e quase me fez gozar de novo.
Ele caiu do meu lado, respirando pesado, olhou pra mim e soltou:
___ Tu é foda...
Se levantou devagar, caminhando pro banheiro.
Condor: Quero falar com você.
Enquanto ele tomava banho, me ajeitei na cama. Já sabia que vinha bomba.
Ele voltou, sentou ao meu lado, respirou fundo e largou o que tava engasgado: o casamento arranjado. Disse que apareceu do nada, coisa da facção, e que ele não podia dizer não.
Respirou fundo de novo, dizendo que ia aceitar. Em três meses, estaria casado com uma completa desconhecida. Falou que só tava me avisando mesmo. Que não queria que eu desse chilique na rua, que tudo ia continuar do jeito que sempre foi.
Aquilo caiu como uma bomba. Meu peito apertou como se tivesse passado um trator em cima. Meus olhos marejaram. Respirei fundo e gritei:
— E eu, como fico nessa situação?
Condor: Fica do jeito que sempre ficou. Você aqui, eu lá. Sempre vou estar aqui contigo.
Se não der pra ser aqui, a gente sai, dá um rolê em Angra e tá tudo certo.
Baixei a cabeça e assenti, calada. Foi aí que entendi: eu nunca fui nada pra ele. Só uma f**a fixa, bem paga pra ser exclusiva.
E eu, burra, ainda acreditava que ia ser a primeira-dama do morro.
Ele me abraçou, deu um beijo na minha cabeça, se afastou, abriu a porta do quarto, me olhou e saiu.
Naquele momento, entendi que a partir de hoje tudo ia mudar.
Desabei no chão igual criança quando perde o brinquedo preferido. Chorei tanto que dormi ali mesmo.
Acordei às dez da manhã com a campainha tocando. Desci.
Era o Arcanjo com dois vapor carregando compras. Encheram a cozinha. Tinha coisa até no chão.
Ele me entregou um malote com 5 mil reais.
Arcanjo: Fica sussa. Vai dar tudo certo.
Me deu um abraço de lado, um beijo na cabeça e saiu fechando o portão.