Resgate
Lucca Miller
A viagem para aquele fim de mundo estava sendo tranquila, não tinha muito para onde corremos, as horas para chegar até lá serviram para que estudássemos a topografia do lugar e o melhor jeito de agir.
Eu precisava pensar em todas as possibilidades, rotas de fuga e possíveis acidentes que poderiam ocorrer e até quantas pessoas estariam lá. Era um tiro no escuro, mas eu queria me precaver.
Nosso inimigo não era muito difícil de enfrentar, no caso eles são mais escorregadios e entregam os seus sem muito esforço. Não tem honra entre os ladrões, era somente pegar um para se descobrir toda a rede que iriamos dizimar.
Piratas geralmente não lutam, eles fogem como ratos em meio a enchentes, então como a mata e densa podemos os perder facilmente por lá. Entretanto, todo cuidado é pouco. Eu odiava com todas as minhas forças essa escória, então faria a festa por lá.
Eram cinco horas em um voo particular até a fronteira, depois mais quatro horas de caminhada mata a dentro, era um verdadeiro teste de resistência e físico.
No meu caso era como treinamento, eu sou muito bom em resgatar e matar pessoas que adoram se esconder.
Acho que todo mundo que vivi no submundo gosta do perigo eminente e ter a sua inteligência testada.
- Como ficou sabendo dessa história, tia, não sabia que fazia caridade para o FBI... – Minha tia Aretha sorri, ela era a pessoa que mais tinha medo na vida!
Sim, eu morria de medo da minha Aretha, aliás, todos que tinham um pouco de juízo na cabeça tinham medo de Aretha Salvatore.
- Quem disse que eu estou fazendo caridade moleque? Sabe que eu limpei a sua b***a quando era um bebê careca e sem dente, não sabe? – Todos nem se atrevem a me olhar, mas sei que ouviam a nossa conversa. – Sabe que pode confiar em mim e que eu posso estar fazendo tudo, menos caridade. – Eu sabia que ela não iria estar aqui se o motivo não fosse muito importante.
Tia Aretha mesmo com seus anos a mais e de experiência e poder, me dava menos trabalho que os soldados que Ítalo mando para o resgate de hoje. Ela era uma líder nata e a idade era somente um número, ela era a pessoa mais profissional que há na face da terra.
Ela conhecia cada soldado que estava na missão e principalmente, sabia todos os podres que eles cometiam.
Então cada um deles e eu também fazíamos tudo que essa mulher queria, não só por medo, mas também por um respeito maior do que eu tinha pelo meu próprio pai.
Não sei porque, mas Aretha Salvatore era uma mulher f**a e que todos paravam para admirar, não somente pela beleza exótica, mas por ser muita sabia e perspicaz.
Ela era poderosa e sabia fazer de tudo um pouco, não sei como os homens da família ainda mandam em algo, Aretha facilmente seria a excelente líder.
A mulher não se cansava e estava bem disposta para tudo, agora mesmo estava melhor que muitos soldados que está vomitando no banheiro da aeronave.
- A Senhora sabe que as coisas vão esquentar quando chegarmos no porto clandestino, preciso saber o que devo esperar... – Digo para saber até a onde a aventureira da minha tia poderia ir. – Sei que não estou indo somente para caçar um monte de piratas, não sairia de casa somente para isso...
Ela suspira, temos soldados para fazer esse serviço, então para a minha tia estar indo pessoalmente é porque tem algo maior.
- Estamos indo atrás de um navio com trinta mulheres sendo traficadas aqui para a Itália... – Ela suspira. – Sabe que não estou fazendo favor, mas estou sim fazendo um grande negócio. Não com as mulheres, me mataria se ganhasse dinheiro para salvar elas, mas também não posso garantir que estou cultivando favores. É bom ter as cartas certas lá na frente, Lucca. Você é melhor do que eu sei disso.
- É bom ter favores a cobrar, não é mesmo? - Digo imaginando o que a sua mente desenha.
- No entanto, salvar essas mulheres é o principal, não temos esses negócios de tráfico aqui na máfia Itália. Não vamos permitir que elas sejam feitas de objetos para prostituição. Algumas delas iriam ser mortas, abertas e teriam seus órgãos retirados para serem vendidos no mercado ilegal de órgãos, Lucca. – Sinto cada parte do meu corpo tremer. - Sabe que eu já fiz loucuras por muito menos, não iria deixar essa história passar.
Eu não era justiceiro, muito longe disso, eu matava pessoas por dinheiro, mas mexer com pessoas inocentes para as tratar como mercadorias e vender elas como o pão que acabou de sair da padaria, isso era desumano.
- No entanto tem algo a mais, a senhora não iria nessa missão se não tivesse algo que precisa da sua supervisão tia, lhe conheço muito bem... – Aretha sorri.
- Tem uma menina que é filha de um conhecido meu, ela morava no Brasil, fugiu do pai que não era pai. É uma longa história, mas... Sim! Estamos indo porque eu tenho que salvar essa menina e não posso falhar. Então vamos ajudar todas sem olharemos os motivos extras para essa ação.
- Se ela estiver viva, sabe que essas viagens são longas, desumanas e poucas sobrevivem... – Minha Tia Aretha suspira.
- Se ela tem o sangue de quem eu desconfio, sim, ela vai sobreviver e vai sair dessa viva. – Não entendia a maioria das coisas que tia Aretha falava.
- Tia, porque todas as vezes que a senhora resolve ser misteriosa, eu acho que estou vendendo a alma para o demo? – A mulher ri.
- Segue o baile, Lucca, sabe que eu tenho meus métodos tortos para conseguir o que eu quero... – Pior que eu sabia disso, aliás, eu tinha certeza.
No entanto, ninguém questiona os seus métodos, Aretha tinha um olhar de águia, ela sempre via além do que imaginávamos, muito além...
(...)
Três dias de viagem desgastante, tinha que ser muito bom para entrar em uma mata densa e sobreviver.
E agora estávamos aqui, escondidos e esperando o sinal da minha tia. O navio já foi atracou e todas as mulheres sairam, estão organizando elas e a minha tia quer que todas estejam em terra firme.
Se atacaramos no navio, podemos ter mais dor de cabeça e é um lugar que não temos qualquer controle.
A mata densa não nos deteve e agora estávamos aqui, doidos para atacar, mais a minha tia olhava tudo de um modo diferente.
Aretha tinha um olhar assustador, ela estava vendo os traficantes separando uma mulher da sua mãe.
Minha tia chega tinha os nós dos dedos brancos, ela estava mergulhada em um mundo que eu conhecia bem, quando limpamos a nossa mente de coisas boas e deixamos nossos monstros surgirem.
Era um mergulho na escuridão do nosso ser, mesmo que o motivo valesse a pena, ainda assim, quando deixávamos o nosso jeito programado de lado e deixávamos nossos instintos fluírem, nada era o bastante para alimentar aquele ser cheio de raiva e crueldade.
Olho para a cena na minha frente, a menina gritava pelo amor de Deus, que eles não fizessem isso e eles não ouviram as suas súplicas.
Quando a mulher é jogada no carro e o mesmo sai pela estrada, minha tia dá a ordem e tudo vira um mar de sangue. Mas eu queria mesmo ir atrás daquela mulher, precisava proteger ela, não sei por que...
Todos os homens que obedeciam a minha tia tinham sangue nos olhos e não teve uma única súplica que fosse ouvida, choro de arrependimento e clemência. Cada um pagou por seus crimes e as mulheres que estavam apavoradas estavam em choque, elas estavam pressas, mas tínhamos que matar primeiro a todos que lhes prederam.
a máfia tinha feito daquele porto um lugar marcado pelo sangue e fogo.
Todos os traficantes foram mortos, nenhum sobrou nenhum, somente um que já estava embarcando para o desespero eterno, mas a minha tia ainda tentava tirar qualquer informação do homem que já não conseguia respirar direto.
Ela queria exterminar todos que estavam usando de forma indevida a vida de pessoas inocentes, os homens da família eram maus encarnados com raiva, mas a minha tia, ela era o próprio demo quando estava com raiva.
Eu tinha minhas mãos com sangue de gente que mereceu morrer, mas meus pensamentos estavam na mulher que saiu sozinha sem a sua mão.
Caminho até a senhora que chorava desesperadamente e procurava a sua filha entre as vítimas, ela estava machucada, mas a sua dor maior estava na falta da sua filha.
- Por favor... – Ela era brasileira. – Salva a minha filha! Por favor... – A mulher desmaia no colo de um soldado e eu vou até o carro que tinha ali e entro para ir atrás da menina.
- Calma campeão, vou com você... – Aretha senta no banco após dar ordens precisas aos seus homens. Iriamos encontrar todos em um ponto especifico em uma área mais calma da fronteira.
- Eu sei me virar sozinho tia... – Ela me olha atentamente.
- Eu vou com você e não está em discussão...
Três dias procurando a menina e após seguir seu rastro, vimos a menina fraca, machucada e quase caindo na cachoeira.
Eu nem vi mais onde estava Aretha, eu somente peguei aquele ser que quase caiu e ainda vi seus olhos verdes se fecharem pela exaustão.
- Está segura agora...
Obrigada pelos comentários e bilhetes lunares 🥰