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Olho pela décima vez o bilhete em minha mão, eu tenho 19 anos e um total de 3,50 no bolso.
E uma passagem só de ida pro rio de janeiro, as bordas do bilhete estão transparente por causa do suor das palmas da minha mão!
Suspiro fundo tentando conter as lágrimas, eu não tinha para aonde ir minha mãe avia me expulsado de casa por conta de seu novo marido.
Raul o homem havia tentado enfiar seus dedos sujos dentro da minha calcinha quando eu ainda estava dormindo.
— socorro — eu havia gritado assim que percebi oque de fato estava me acontecendo, ainda lembro do olhar de nojo da minha mãe, como se eu fosse a culpada.
— com meu marido? — ela avia respondido incrédula, eu sabia que a fama de quando eu era mais nova ainda, me perseguia mais não esperava que minha mãe, acreditasse que eu estava tentando roubar seu novo marido!
Quando eu tinha 12 anos eu costumava ser muito namoradeira! Só beijo nunca sexo, mais isso era o suficiente eu avia ficado com 5 rapazes naquele ano, e somente aquele ano!mais a fama de fácil me perseguia até hoje.
Eu me foquei nos estudos naquele mesmo ano, tentando reconstruir o respeito que aviam perdido por min! Mais mesmo quando passei no Enem em primeiro lugar para medicina.
Era becca a v***a, a cada dia as pessoas diziam que tinham me visto em tal lugar!
— a beca a filha da Fatinha guria ela tava no mato com 7 rapazes — uma vez ouvi a vizinha dizer ,mesmo eu sendo virgem, todos os anos eu estava grávida.
— a beca tá! Grávida de um rapaz casado — era o boato que transcorria na vizinha-sa, não importava oque eu fizesse.
— vai embora — minha mãe disse alisando o ventre avantajado.
— foi ele mãe — sussurrei em meio aos choros.
— eu sei, que foi! Mais oque eu posso fazer eu não tenho como te sustentar e esse bebê, e ele e meu marido
— mãe — choro enquanto ele me observa.
— você vai pegar esse dinheiro — ela me estende a pequena quantidade de notas de 10 — e vai para casa da sua tia, não vai ser fácil lá e provavelmente você vai ter que trabalhar na casa para pagar a estadia, mais você não fica mais aqui.
— mãe não faz isso comigo.
— e então oque? Vamos juntos para rua? E além do mais você passou no Enem pode fazer a faculdade onde quiser.
Eu sempre pensei que faria medicina aqui em Minas.
Nunca vou me esquecer do sorrisinho de Raul quando eu deixei a casa! Agora dele a pequena estrutura de madeira era herdada da minha vó Rita, vendíamos queijo e geladinho.na minha infância, mais após a morte dela, eu comecei a limpar casas as faxinas não davam muito dinheiro eu conseguia 60,70 reais, o problema e que atualmente eu não conseguia mais ter clientes.
Minha mãe trabalhava em uma cantina, mais foi demitida depois que foi vista comendo no horário de trabalho, eu não a culpava eu costumava furta frutas das mesas que arrumava, nossas condições financeiras nós permitíamos comer ovo todo dia, mais nem sempre comíamos carne, ou frutas nem lembro a última vez que comi uma suculenta maçã.
Minha mãe conheceu Raul no ano passado, no começo ele era um homem incrível e gentil, até me chamava de filha, ele avia comprado várias cestas básicas para nós naquele ano.
Ele era um homem, de 38 anos recém, divorciado. E sem filhos, parecia mais uma alma piedosa, que se dizia vítima do ódio da ex, que gritava por todos os cantos o quanto ele não prestava, nos acreditamos nele! Ele era gentil conosco, como poderíamos não acreditar. Ele veio morar conosco 6 meses depois e foi só quando mamãe engravidou que ele mudou completamente.
Não era mais gentil, e agora era c***l o armário de comida agora vivia fechado, segundo ele eu comia de mais.
Mais a verdade era que eu evitava comer em casa, pois ele sempre humilhava minha mãe por se ele quem pagava as contas atualmente, por sorte avia um pé de manga na praça em frente em casa. Muitas vezes eu sentava nos bancos e esperava que o movimento diminuísse para que eu pudesse, pegar algumas frutas!
O barulho do ônibus me tira dos meus devaneios, me aproximo da fila de embarque, Laura esse era o nome da minha tia ,eu não a via desdos 6 anos quando ela se casou com um empresário, americano Stephen esse era o nome juntos eles tiveram gêmeos Rachel e Ben.
Eu não tinha boas impressões sobre ela por mais que não a conhece ela nunca veio visitar vovó, quando ela estava viva, nem ao menos ao velório da própria mãe.
Que tipo de pessoa fazia isso?
— passagem — o co- motorista me pergunta estendo o papel já molhado com o meu suor. — documentação!
— sim, — pucho da pequena mochila que eu carregava comigo uma pasta azul com todos os meus documentos nela.
— aqui — puxo minha carteira de trabalho, meu RG avia uma antiga foto minha de quando eu tinha 9, sendo assim inválido de qualquer maneira.
— ótimo, senhorita Rebecca o ônibus sai às 9:30 e boa viagem — ele me entrega meus documentos e subo na cabine.
A procura da poltrona 39 corredor, eu só avia saído de minas uma vez e tinha sido para o Tocantins, onde tínhamos alguns parentes o clima era péssimo, mais adorei as pessoas lá.
Tudo que eu sabia sobre o rio era relacionado, ao que eu avia visto na tv. Muito roubo e traficantes, sinto um arrepio na espinha eu não podia pensar assim, agora aquela cidade seria meu lar pelos próximos 5 anos.
Até eu poder retornar para Minas.
Me sento na poltrona 38 de frente a janela que está vazia, eu gostava de ver a paisagem, mais para meu azar eu não havia só conseguido aquela poltrona, teria que sair dela assim que outro passageiro embarcasse ,mais ainda sim , era um alívio o próximo ônibus saia às 6 da manhã se eu não conseguisse provavelmente dormiria na rodoviária, até o ônibus chegar.
me reencosto na poltrona e fecho os olhos.