Darius voltou a realidade. Agora estava em seu carro indo para casa. Pela primeira vez se sentiu um cretino por ter saído no meio da noite e deixado aquela mulher sozinha na cama. Entretanto, isso já era um habito na qual sempre fazia quando acabava com uma mulher desconhecida nos braços. Ele não queria vinculo ou muito menos laços.
- Já estava cogitando a ideia de ligar para a policia te procurar. Era Adriano no viva voz, parecia preocupado. – Mas, acho que seu sumiço se chama Nádia.
- Eu e ela terminamos.
- De novo?
- Me encontra em casa, conversamos lá. Desligando, ele olhou para a marca vermelha em seu pescoço pelo retrovisor. Respirando fundo, ligou o rádio, tudo que ele menos precisava naquele momento era de uma distração para os seus planos.
Algumas semanas depois...
“Isso não estava acontecendo”. Darius olhou para Adriano e logo em seguida para Afonso, advogado de seu pai. Após a leitura do testamento, onde também estavam presentes Eleanor e Cintia juntas com seus respectivos advogados.
- Deixa eu ver se entendi direito! Devo me casar, e ter um filho no período de um ano para garantir que a fortuna na qual eu tenho total direito não vá parar nas mãos de Alex, o gerente da Corp. rival é isso? Ele apenas resumiu o absurdo que tinha acabado de ouvir.
- É um desejo do seu pai. O velho advogado olhou para Darius, fisicamente lembrava bastante seu amigo. – Tenho uma carta pra lhe entregar, mas só depois que concluir as clausulas do testamento.
Darius olhou para cada um ali. Bilhões em investimentos escapariam pelo ralo. Eleanor ficaria sem nada, e ele seria culpado. Pois no testamento também dizia que caso ele não se casasse, tudo que tinha sido acordado naquele momento seria anulado exceto a parte em que tudo passaria para o nome de Alex Vander Hunt um ex sócio de seu pai que perdeu sua parte da Corporação Fenrin em uma aposta de cartas contra seu pai. Eleanor olhava para Darius, como se tivesse dizendo que não se importava com o testamento.
Darius não permitiria que aquilo acontecesse.
- Um ano. Darius olhou para seu amigo que o olhava passivamente. – Vamos ver o que acontece então...
- Ótimo. O advogado organizou os papeis que estavam em suas mãos. – A reunião está encerrada, mas alguma dúvida? Senhora, senhorita? Ele se dirigiu para Eleanor e Cintia que permaneciam sentadas.
- Não Afonso obrigada. Eleanor lhe sorriu ternamente. Ela sempre se mantinha assim, paciente e amorosa por mais que a vida tenha sido injusta.
- Disponha. Ele retribuiu o sorriso. – Se me dão licença.
Cintia nada falou, estava totalmente chateada por seu pai simplesmente lhe dizer que ela teria que tomar de conta da filial em Moscou onde lá ela teria uma enorme casa ao seu dispor e que teria que esperar um ano diante da decisão de Darius para garantir um herdeiro a família, que a ela também teria uma carta a ser entregue nesse período, assim então o que lhe restou fora apenas aceitar, saindo então da sala principal dizendo a sua mãe que a esperaria no carro.
Eleanor tocou o rosto de Darius que a olhou ternamente.
- Você não precisa fazer os joguinhos do seu pai. Você sabe disso, não é?
- E, dá tudo assim de mão beijada para Alex? E depois ver Artur e Rodrigo destruírem o que meu avô e meu pai construíram? Não Eleanor, eu não vou permitir isso.
- Só quero que seja sensato, e não coloque qualquer mulher na sua vida por puro capricho e depois seja infeliz.
- Não se preocupe. Ele beijou seu rosto, oferecendo seu braço para que ela se apoiasse. – Quero que vá esse final de semana para a fazenda.
- Tão teimoso...
- Ela é sua agora.
- Ainda não.
- Confie em mim.
Darius se despediu de Eleanor que entrou no carro junto com Cintia que apenas o encarou.
Ele voltou para dentro da casa, indo até o escritório onde Adriano o esperava.
- Acho que precisamos de algo bem forte. Adriano lhe estendeu um copo com uma dose de conhaque. – Papai disse pra mim que vai ser fácil pra você conseguir uma mulher. Afinal de contas, você tem...
- Dinheiro Adriano. Jamais conheci uma mulher que não tivesse um preço.
- E o que tem em mente?
- No momento nada.
- Nádia...
- ... Terminamos.
- Mas você ainda a ama. Era uma afirmação que Adriano sabia muito bem. – Basta apenas ela lhe ligar e dizer que precisa de você.
- Já se passou um mês amigo, ela não retorna minha ligação.
- Viajando. Adriano sentou na poltrona. – Sabe como são essas modelos.
- Por isso sei que ela não aceitará ficar gravida de um filho meu. Ele parecia hesitar. Foi quando se olhou no espelho. “O que está acontecendo com você?” Ele olhou para o seu reflexo. “Você é Darius Fenrin, o primogênito da família Fenrin. Você é visto como um delicioso amante, desejado pelas mais lindas e elegantes solteiras do meio social milionário.” Embora tenha tido rumores até que mulheres casadas teriam visitado a cama dele, Darius tinha caráter e jamais se permitiria isso pois era arrogante o suficiente para não aceitar menos do que merecia e essa seria sua maior sensualidade. – Nádia não é essa mulher. Ele afirmou, entornando o copo que tinha em mãos.
- Chefe!
Darius olhou para o homem parado na porta do escritório.
- Entre Caos, conseguiu o que pedi?
- Acredito que sim, mas vou continuar investigando.
- Certo. Darius pegou dois envelopes da mão de seu empregado que saiu logo em seguida. – Você também pode ir Adriano.
- Vamos sair e beber hoje...
- ... Hoje não. Eu tenho muito o que analisar e pensar.
- Certo.
Darius fechou a porta quando caminhou até a poltrona principal atrás da escrivaninha. Olhou a estante repleta de livros... anteriormente de seu pai, mas agora era seu. Pegou os dois envelopes, abrindo o primeiro onde tinha escrito “Helena Antonelli”.
Ele tinha sido t**o e irresponsável. Duas semanas atrás enquanto tomava banho, lembrou da noite que teve com ela e então sua consciência lhe sinalizou que naquela mesma noite os dois não usaram nenhum tipo de proteção.
Saindo do banho, se enrolou na toalha indo até seu quarto. Pegou um cartão de contato que sempre carregava na carteira e rapidamente ligou para Caos, investigador particular que desde sempre prestava serviços para seu pai, e agora para ele.
Ouvindo as condolências de seu amigo, ele passou o nome dela resumindo toda a situação, então disse: - Preciso que fique na cola dela, dia e noite. Descubra tudo que puder sobre ela. Quero qualquer coisa que eu possa usar caso ela queira me prejudicar.
Darius ouviu uma risada de Caos do outro lado.
- Você é realmente filho de Augusto Fenrin. Não se preocupe, conseguirei o que pede com urgência.
A segunda coisa que tinha pedido era que precisava saber se seu pai estava envolvido com a morte de sua mãe.
Um mês, uma semana e dois dias. Helena estava deitada na cama quando escutou seu celular tocar. Mas, ela não queria falar com ninguém, tinha acordado enjoada e com um m*l-estar que não lhe permitiu sair da cama naquele dia. Havia ligado para a escola onde trabalhava informando do ocorrido e que precisava de uma licença.
Agora ela estava ali. Não conseguia segurar nada no estomago, e sozinha acreditava que se morresse só sentiriam a falta dela dias depois. Sua mãe tinha ligado falando pra ela procurar fazer uma sopa pelo menos e que se mantivesse hidratada. Seu irmão disse que poderia busca-la caso ela precisasse. Teria sido uma boa ideia, mas precisava trabalhar. Ela escutou a porta do apartamento se abrindo e fechando.
- Desculpa a demora, eu tive que ir no supermercado comprar alguns ingredientes da sopa.
- Tudo bem. Ela pegou a sacolinha da farmácia. – Dois testes?
- Sim, só pra garantir o resultado.
Ela levantou do sofá indo direto para o banheiro. Parecia agora uma eternidade esperar ali sentada no vaso. Olhando aquele teste. “O que era mesmo? Duas linhas rosa é positivo ou uma linha é positivo?”
Sofia foi correndo para o banheiro quando ouviu o grito de Helena.
- Meu Deus Helena! O que aconteceu? Você caiu... abre essa porta. Sofia estava preocupada, batendo na porta.
- Não, não, não... Helena sentou no chão próximo a porta, o que impedia dela ser aberta. – Não pode ser verdade. Ela olhou para o teste na sua mão, a proposito o segundo teste. – Não, não mesmo.
- Helena abre essa porta, senão eu vou ter que quebrar ela e eu juro que te mato se tiver que fazer isso.
Aquilo poderia ter soado engraçado, mas Helena se sentia desolada naquele momento. Ela estava grávida e o pânico tomava conta dela. Ela respirou fundo, levantou e se olhou no espelho. Não gostou nenhum pouco do que viu.
- Helena...
Sofia chamou uma ultima vez vendo sua amiga abrir a porta e sem falar nada indo em direção do quarto, deitando na cama em modo fetal.
- O que houve Helena? Perguntou Sofia sentando na cama. – Você está me preocupando.
- Veja você. Ela estendeu o teste para Sofia.
Passado todo o nervosismo ela agora estava na cozinha tomando a sopa que Sofia lhe preparou. As duas não moravam juntas. Sofia era sua amiga de infância que tinha vindo morar na cidade grande e ajudou Helena a alugar o apartamento que ela morava hoje, as duas eram vizinhas de quase porta. Há três anos moravam no mesmo prédio.
- Você está mais calma? Sofia perguntou. – Acho que é um bom momento para falar com o pai da criança.
- Hum? Helena continuou a tomar a sopa. – De quem você está falando?
Sofia suspirou profundamente em forma de censura. Helena, se segurou para não rir. Conhecia sua amiga muito bem, e sabia exatamente o que ela queria. Helena contou para Sofia que tinha ficado com Darius Fenrin naquela noite da despedida da amiga dela, Monica. E, sabia que ela se referia ao irresistível bilionário.
- Pelo amor de Deus, mulher! Você precisa contar para ele.
- Tenho andado muito ocupada ultimamente. Helena levantou a vista e arriscou olhar para Sofia, que andava pela cozinha, impaciente.
- Vou fingir que não ouvir isso. Sofia revirou os olhos. – E você sabe muito bem que precisa contar.
“Gravida?” Ela se viu pensando nessa informação durante um bom tempo. Sabia quem era o pai, sabia que seria julgada e que todos diriam que ela fez tudo de forma bem pensada. Afinal de contas, o pai de seu filho estava noivo de uma outra mulher e ela seria visto como a errada. No dia que ficou com ele ela nem assimilou os nomes porque até então ela nem era muito ligado nisso. Mas ao comentar com sua amiga Sofia, a mesma no dia quase colocou o café pra fora e literalmente jogou uma revista com a foto dele estampada acompanhado de uma linda mulher, loira e linda. Os dois estavam noivos e ela possivelmente tinha sido a despedida dele de solteiro.
Pensativa, Helena sabia que teria que carregar aquela responsabilidade sozinha. Ela se daria bem, afinal de contas trabalhava com crianças e as amava. Ter uma agora vinte e quatro hora na sua vida não seria problema. Foi quando se viu pensando nos olhos de um profundo verde daquele homem que a fez se entregar sem reserva e pudor algum.
- Eu tenho que ir Helena. Sofia terminou de beber o restante de café em sua xicara. – Bruninho tá perto de acordar.
Helena olhou surpresa.
- Não se preocupe, esse super poder você vai adquirir com o tempo. Ela falou rindo enquanto caminhava até a saída. – E alguns outros.
- Engraçadinha.
Entretanto, ela sabia que mesmo brincando, Sofia tinha razão, não de adquirir poderes, mas que sua rotina mudaria. Será que deveria voltar para a casa de sua mãe? Helena voltou a sentir o enjoo voltando. Embora a sopa tenha aliviado um pouco a irritação, ela estava voltando aos poucos. Decidida, ela iria procurar um médico para que pudesse tirar todas as dúvidas.
Dois meses se passaram, Darius mexia em todos aqueles documentos na mesa de seu pai. Concentrado, era assim que ele permanecia a maior parte do tempo. O primeiro relatório dizia que Helena era uma professora do ensino infantil. Ele se viu sorrindo.
- Parece que encontrou algo proveitoso. Adriano falou se levantando e indo em sua direção do outro lado da sala. – Algo que der pra usar?
- Como? Darius olhou para ele com a mesma carranca séria. – Não sei do que você está falando.
- Você. Adriano o imitou. – Fazendo essa cara aqui. Não conseguindo conter, riu de si mesmo.
- Eu descontei do seu salário aquele dia que você faltou porque estava com uma mulher...
- Não está mais aqui quem falou.
Darius deu um sorriso contido. Ate que teve sua atenção voltada para a porta, ouvindo algumas batidas.
- Entre.
Era Caos, o detetive particular que acenou para Adriano quando o viu, colocando um envelope em cima da escrivaninha de Darius.
- Bom dia Chefe.
- Alguma novidade? Darius perguntou, abrindo o envelope onde continha algumas fotos e alguns papeis. Ele permanecia em silencio.
Tanto Adriano quanto Caos ficaram parados olhando para Darius que parecia sério demais.
- Obrigado Amigo. Agradeceu sem olhar para ele. Darius examinava o documento que tinha em mãos. Citava uma clinica particular. – Isso é o original? Ele perguntou, olhando com cautela o exame.
- Uma cópia, mas a enfermeira me garantiu que se refere a ela.
- Do que vocês dois estão falando? Perguntou Adriano curioso. – Do que se trata esse documento? Ele estendeu a mão, pedindo o papel.
- Não vou precisar dos seus serviços por enquanto Caos, cuide daquele outro assunto depois.
- Sim senhor.
Saindo da sala, Adriano e Darius se encaravam com ele tendo o exame em mãos.
- Acho que encontrei a mãe do meu filho.
- Como? Perdendo a paciência, seu amigo pegou o papel. Nele estava escrito que a paciente de nome Helena Antonelli de Castro, 25 anos, solteira. Tinha dado positivo para gravidez. – Está falando sério? Nunca imaginei que você...
-... Não foi planejado. Ele andou até o barzinho que tinha no escritório. – Foi no dia que eu terminei com a Nádia.
- E o que você pretende fazer?
- Assumir. Ele virou o copo de uísque. – Não é isso que um bom pai faria.
- Você não precisa só assumir, tem que se casar.
- Por um ano somente.
- Acha que vai ser tão fácil assim? Nada envolvendo uma mulher é. Adriano falava agora mais como amigo do que advogado.
- Todas elas têm um preço. Ele estendeu um copo para Adriano.
- Você se engana amigo.
- É só um ano Adriano, assim como nos entendemos muito bem na cama, tenho certeza que passar um ano com ela não será tão difícil assim.
- Sua confiança ainda pode ser sua ruina. Adriano ajeitou seus óculos que teimavam em cair dos olhos. – O que você sabe sobre ela?
- O necessário. Ele olhou para seu amigo que bebia o uísque em silencio. – Helena não é o tipo de mulher que vai deixar essa oportunidade escapar.
- Você pode estar enganado.
- Não vou deixar bilhões escaparem pelo ralo. Darius estava ficando com raiva. – Ela tem um filho meu, veja o que posso fazer caso ela não queira aceitar minha proposta.
- Vá devagar amigo. E, seja sincero com ela.
- Não tenho tempo a perder com romantismo Adriano, foi fácil levar ela pra cama uma vez, tenho certeza que ela não vai resistir quando lhe propor casamento.
- Será que ela está disposta a ter um casamento sem amor?
- Amor são para pessoas tolas. Ele bebia seu uísque com gelo, mantendo o ar orgulhoso de sempre. – Pra que perder tempo com isso, principalmente ao saber que nada vai faltar em sua vida e na vida da criança?
- A criança é seu filho, ou é somente o dinheiro que importa? Adriano perguntou, tirando seus óculos, esfregando os olhos demonstrando seu cansaço.
- Sempre. Mas, isso não quer dizer que vou faltar com a responsabilidade de pai.
- E se ela quiser não só o pai do seu filho, mas o homem...
- Tolice. Ele riu, mas para si. – Helena vai perceber que ganha muito mais, se não envolver amor.
“Nada que envolva amor, vai pra frente”. Era assim que ele pensava, era assim que seu pai pensava.
Adriano pegou seu paletó e maleta que estava na poltrona mais próxima.
- Vou providenciar os documentos. Seja rápido então, o tempo não para.
Ele bateu a porta. Darius ainda permaneceu ali. Como ele poderia convencê-la sem ela se sentir ofendida? Ele sabia que precisava conseguir a confiança dela.
O plano que elaborou em sua mente era perfeito. Sedução era melhor do que amor, foi assim que ele conseguiu ir para cama com ela naquela noite. Precisou apenas de um cortejo. Ele sabia que naquela noite Helena não tinha tirado os olhos dele, e aquelas duas mulheres terem se aproximado dele foi inesperado até para o mesmo, mas foi perfeito. Ele queria Helena desde que tinha olhado para ela, embora fosse atraente não era de parar o trânsito, mas interessante. Até que sorriu, um sorriso que poderia derreter qualquer tijolo.
Ele se casaria com ela, lhe faria um contrato. Helena teria status e uma mesada mensal para que nem ela e a criança que viesse tivesse alguma dificuldade. Os dois nem precisariam se encontrar ou algo do tipo. Mas, ele não podia ignorar que a desejava. E, enquanto houvesse o desejo ambos só tinham a ganhar.
“O plano perfeito”. Ele bebeu o restante da bebida que agora estava quente, mas no final das contas não se importou. Helena Antonelli seria dele.