Eu estou te perseguindo, onde quer que você vá.
Shadow Petrov
5 anos atrás...
Naquele dia, as nuvens carregadas no céu pareciam derramar lágrimas em sincronia com a sua própria tristeza, mas a visão dela mudou tudo.
Eu estava lá para um enterro, não que importasse quem estava sendo enterrado. Funerais sempre foram minha fuga silenciosa da realidade, meu refúgio. Eu observava as pessoas chorando, suas expressões tristes e angustiadas, mas então, meus olhos pousaram nela.
Ellowen. Um nome tão bonito quanto a mulher que o carregava. Ela estava de pé à beira de uma sepultura, seu rosto escondido atrás de um véu n***o. Seu luto parecia mais profundo do que qualquer outra pessoa presente. Os cabelos escuros caíam graciosamente sobre seus ombros, e seu vestido preto acentuava sua beleza. A cor da pele que destacava entre todas a pessoas me fez estremecer. Ela é linda, como a noite, e sua pele brilhava naturalmente.
Nunca havia visto alguém tão radiante em um ambiente tão sombrio. Minha respiração se tornou superficial enquanto eu a observava, como se o mundo inteiro tivesse desaparecido e só existisse ela e eu naquele momento.
Eu não sabia quem era a pessoa no caixão, nem me importava. Minha atenção estava completamente focada nela. Cada gesto, cada movimento, era como uma obra-prima, uma sinfonia que tocava meu coração. Naquele momento, eu soube que não podia deixá-la escapar. Como um caçador que anseia por sua presa, eu estava ansiando por ela, completamente obcecado.
Não sei por quanto tempo fiquei admirando a beleza inigualável que ela mantinha, ou o modo que ela secava suas lágrimas apenas com as pontas do dedos. Ela estava sofrendo, e ficava ainda mais linda desse jeito.
Ellowen é como uma rosa n***a, rara e deslumbrante em meu jardim de desejos proibidos.
— Problemas no paraíso, Shadow? — Amber socou meu braço me tirando do transe, ainda ouvindo a voz de Ellowen ecoando em meu ouvido — tire essa roupa, o calor irá te matar com tantos panos.
— Não vou ficar hoje, preciso fazer uma coisa — avisei — volto amanhã mais cedo, se der.
— O que? Você acabou de chegar aqui — constatou ela — parece que está sempre tentando fugir de mim, somos irmãos, sabe disso, né?
Aceno com a cabeça confirmando, mas sem um pingo de paciência para ouvir Amber reclamar da boa vida que ela leva e mesmo assim achar r**m os dias que eu não posso ou não quero dormir em casa.
Vasculhei todas as redes sociais de Ellowen, mas em nenhuma delas mostrar quem foi ela lá no passado, há exatamente 5 anos atrás quando eu a conheci. No cemitério, no enterro de alguém que eu diria ser muito importante para ela. Não encontrei nenhuma foto de luto ou dor, nenhuma foto com seus pais ou algum familiar, nada, simplesmente apenas quem ela é hoje. Sorte que ainda guardo cada foto que tirei dela desde aquele dia, assim posso me lembrar de como foi com o cabelo que eu sempre fui apaixonado.
Não era a minha intenção falar com ela tão precocemente, gostava de admirar sua beleza de tão perto ao ponto de ouvir sua respiração. Na faculdade enquanto ela falava sozinha pelos corredores, em sua casa varrendo o chão enquanto cantava algo que eu jamais soube o que era.
Você canta m*l pra c*****o, pequeno diamante n***o.
Mas, o momento preferido acho que por mim e ela sempre foi a noite. Primeiro que ela podia fotografar o céu, mesmo quando estava chovendo, e eu, podia admirar sua beleza enquanto ela estava super concentrada. E no final da noite, seguia seus passos até seu pequeno apartamento que dividia com a amiga e me pegava ouvindo sua respiração cansada enquanto dormia.
Às 20 horas exatas, sob o brilho das luzes da cidade de Nova York, Ellowen estava no ponto designado. Com um vestido amarelo ajustado em seu corpo, observei sua tensão com sua câmera nas mãos. Digitei seu número sem olhar para a tela do celular, ajustei meu rifle para o zoom alcançar ainda mais seu rosto e a fina chuva que fazia seu cabelo voltar aos poucos a forma natural.
— Porque não está usando a câmera que eu te dei? Era justamente para isso, Ellowen — questionei.
— Está me vendo? — o olhar curioso ao redor da praça aberta me faz sorri — pode aparecer para mim?
— Não.
— Porque? — indagou curiosa — preciso saber quem é você e por que está me perseguindo. Me conhece de algum lugar?
— Te conheci há 5 anos atrás, Ellowen.
— Como? — sua voz saiu em um sussurro — onde?
— No cemitério... — afirmei — estava enterrando alguém e até hoje me pergunto quem. Vasculhei sua vida, suas redes sociais e não encontrei nada durante esses 5 anos. Quem você enterrava naquele dia?
O silêncio ensurdecedor o outro lado da linha quase me fez pensar que ela havia desligado, se eu ainda não estivesse com os olhos fixos nela e ela ainda manter o celular no ouvido.
— Apareça para mim, e eu te conto quem enterrei naquele dia, e quem eu deveria ter enterrado junto também.
— Alguém que te fez m*l, diamante n***o? — perguntei, nervoso. A máscara abafada com a minha respiração quente, faz meu rosto transpirar.
— Só vou te contar se você aparecer!
— Não aqui, no meio de todas essas pessoas. E não pense que vai conseguir arrancar minha identidade tão facilmente. Você terá que fazer por merecer, Ellowen — um sorriso irônico surge em meus lábios quando vejo ela revirar os olhos e bufar frustrada — vou cheirar seu cabelo essa noite, mas antes, quero que lave-o e deixe ele naturalmente, lindo como é.
— Gosta do meu cabelo? — Ellowen cruzou os braços na altura do peito, ainda permaneceu uns bons minutos no meio da praça enquanto as pessoas ao seu redor nem sequer notavam sua presença.
— Eu amo tudo em você, chyornaya roza. Ainda não percebeu?
— Ah, te encontrei finalmente — ouço a voz masculina se aproximar de Ellowen e ajusto o zoom do rifle para trás, observando o homem que encosta a mão no ombro dela — estive em seu apartamento, Kayle disse que você poderia estar aqui.
— Eu já estava indo para casa — Ellowen respondeu, sem desligar ou tirar o celular do ouvido — o que faz aqui?
— Ellowen? — chamei sua atenção — avise esse filho da p**a que se ele não quiser terminar essa noite sem uma de suas mãos, que ele desencoste ela de seu ombro.
— O que? — ela se vira, ainda procurando por mim e solta uma lufada de ar preocupada.
— 10 segundos... — advertir — 10, 9, 8...
— Kaynan, é melhor você ir para casa — avisa, com a voz trêmula — eu ainda vou demorar aqui e daqui a pouco começa a chover forte.
— Então vamos, deixo você em seu apartamento.
— Não! — ela quase grita com ele — pode ir, eu vou sozinha depois.
O homem não responde mais nada, como se obedecesse aos comandos de Ellowen ele se afasta e da meia volta saindo de perto dela.
— Seu psicopa...
— Shiiiu... — interrompi — achou que eu estava brincando quando eu disse que você é minha? O quanto acha que minhas palavras são brincadeiras, Ellowen? Se você me disser que sim, eu ainda consigo acertar a nuca do homem que você me disse ser apenas seu amigo. Mas me pareceram íntimos demais para quem tem somente amizade.
— Kaynan é irmão da minha melhor amiga, nós não temos nada — boa menina, admiti a mim mesmo — você não pode me coagir desse jeito, não pode ameaçar meus amigos quando não se dá nem o trabalho de revelar quem você realmente é. E se for um traficante de órgãos? Hum? Você deve ter 50 anos e calvo.
Ok, isso me arrancou um sorriso bem sincero.
— Calvo? — perguntei, curioso com a sua pergunta.
— Então você admite que tem 50 anos? Merda, eu sabia. Eu tenho a p***a de um stalker e ele é um idoso me coagindo.
— Ellowen... — ouço ela murmurar algo e surtando sozinha no meio da rua — me escuta!
— O que foi?
— Eu não sou calvo — afirmei — e nem tenho 50 anos. Mas se você quer realmente saber quem eu sou, talvez a hora seja agora. Entre na floresta em a sua frente.
— O que?
— Entre na floresta e corra, sem olhar para trás — ela passa os olhos ao redor da praça movimentada e em seguida olha para as árvores onde começa a pequena floresta, mas que se torna imensa quando cai a noite e o tempo está chuvoso — Ellowen... corra, mas corra muito. Se eu te pegar, vou te f***r antes mesmo de você conseguir arrancar minha máscara.
— Merda! — ela reclama.
— Agora, bombom!
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