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O RECOMEÇO NO MORRO

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Milena narrando

Tinha acabado de colocar a Gabi pra dormir. Ela respirava calma, os cílios longos repousando sobre o rosto sereno. Tão pequena… tão inocente… nem imaginava o caos que estava acontecendo no andar de baixo.

Mas eu sabia. Cada grito que ecoava da sala me fazia fechar os olhos por um segundo. Eu reconhecia aquelas vozes — Marcos discutindo com Pedro, o subdono do morro — e no meio deles, como sempre, o estopim de toda desgraça: Thiago.

— Que p***a! — ele gritou lá de baixo, a voz rasgando a casa — Isso não poderia ter acontecido, c*****o! Esses filhos da p**a tão achando que tão onde?

Meu corpo inteiro se retesou. A mesma sensação de sempre: medo misturado com ódio. Ódio por ele. Por esse homem que um dia eu achei que amava. Por esse monstro que destruiu minha vida.

— Calma aí, Thiago — Pedro tentou apaziguar — A gente vai desenrolar essa história aí.

Mas não tinha calma que funcionasse com Thiago. Ele não queria diálogo. Ele queria guerra. Sempre foi assim: se não fosse do jeito dele, era no grito, na porrada, na bala.

Respirei fundo, tentando conter o enjoo de ouvir aquela voz mais uma vez. Me aproximei devagar da escada e espreitei. Os dois estavam na sala, Thiago com a garrafa de cerveja na mão e colocando cocaína em cima da mesa como se fosse açúcar.

— Eles vão invadir — ele rosnou, como se quisesse que alguém duvidasse — E você precisa estar são pra quando isso acontecer, c*****o — Pedro retrucou — Tu não pode comandar uma invasão bêbado e drogado!

E era isso que me deixava ainda mais revoltada. Thiago tava sempre drogado, bêbado, fora de si. Um covarde com uma arma na mão e o poder de arrastar todo mundo pro buraco com ele.

— Some daqui, Pedro Henrique! — ele gritou de novo — Eu sei comandar meu morro muito bem!

Comandar? Eu tive que morder o lábio pra não rir. Comandar o quê? Nem a própria vida ele conseguia segurar. Era uma criança com um brinquedo perigoso, e a qualquer momento alguém ia tirar isso dele à força.

— A gente comanda isso junto, p***a — Pedro respondeu, mais firme — Não vou deixar tu jogar nosso morro ladeira abaixo.

— Quem comanda isso sou eu! — Thiago berrou, batendo no peito com força — Eu sou o dono dessa p***a toda! Já mandei tu sair daqui antes que eu atire no meio da tua cabeça!

Eu tremi, não de medo, mas de raiva. Tanta raiva acumulada que dava até dor nas costas. Esse maldito… ainda tinha coragem de se gabar de ser dono de alguma coisa. Ele era dono do próprio inferno e queria arrastar todo mundo com ele.

— Tu vai cair, c*****o, e eu não vou cair junto! — Pedro disse, jogando a cadeira no chão antes de sair porta afora.

Voltei pro quarto da Gabi, ainda com o coração acelerado. Me ajoelhei ao lado da cama e passei a mão nos cabelos dela. Dormia como um anjo.

— Eu prometo que logo vamos sair daqui — sussurrei, beijando sua testa.

Era tudo que eu queria. Fugir. Sumir desse morro, desse pesadelo. Ir pra um lugar onde ninguém conhecesse meu nome, onde Gabi pudesse crescer sem ouvir tiros ou gritos de ódio.

Mas eu não tinha ninguém. Minha mãe morreu pouco tempo depois que eu me envolvi com o Thiago. Eu era só uma adolescente s*******o quando subi esse morro com uma amiga. Me achei forte, esperta. Me enganei.

Me envolvi com esse traste, e logo depois veio a gravidez. Depois, as ameaças. E a prisão invisível.

Tentei fugir. Mais de uma vez. Mas ele sempre me achava. Sempre me trazia de volta. E me batia. E me ameaçava. E fazia questão de deixar claro que eu era dele. Como um troféu quebrado.

Quando ele começou a ameaçar a própria filha… foi aí que o medo virou pavor. Ali eu entendi: se ele era capaz de querer machucar a Gabi, ele não era humano. Era pedra por dentro. Frio. Podre.

E eu? Eu precisava proteger minha filha. Mesmo que isso me custasse a vida.

Saí do quarto em silêncio e comecei a descer as escadas. A casa estava estranhamente quieta. Talvez ele tivesse saído. Aproveitei pra descer logo, levar a mamadeira da Lara que estava suja. Queria deixar o mama pronto, assim não precisaria descer depois e correr o risco de dar de cara com ele.

Mas o destino não alivia pra quem já tá no chão.

— Você tá aí, sua vagabunda — a voz dele soou atrás de mim quando cheguei na cozinha.

Congelei.

— Tava se escondendo de mim no quarto da Gabi? Achei que você não ia sair de lá nunca.

Me virei devagar. Ele estava com os olhos vermelhos, dilatados, e a arma na mão.

— Por favor, Thiago… — falei baixo, tentando não acordar a Gabi — Ela tá dormindo lá em cima…

Ele colocou o baseado na boca e continuou vindo na minha direção.

Se quiser, posso seguir com o próximo capítulo. Essa cena tá forte — e Milena tá pronta pra explodir também.

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1
Milena sempre viveu sob a constante ameaça de Thiago, o temido chefe do Morro de Paraisópolis, e a única razão pela qual permaneceu ao seu lado foi a proteção de sua filha, Gabriele, de apenas 4 anos. Envolvida com TH ainda na adolescência, Milena se viu presa em um relacionamento sem amor, onde as ameaças de violência eram diárias, e sua sobrevivência dependia das ordens dele. Mas tudo muda abruptamente quando, durante uma briga violenta, o morro é invadido e TH é preso. Milena vê a chance de recomeçar, mas sua fuga não será tão simples quanto ela imagina. Desesperada e sem saber para onde ir, Milena recorre a dois velhos amigos: Gabriel, mais conhecido como GB, e Claudia, que moram no Morro do Alemão, no Rio de Janeiro. GB foi braço direito de TH durante anos e, após uma reviravolta no poder, se muda para o Rio, onde se junta a Deoclesio (DC), o novo dono do Alemão. Eles se tornam aliados, mas também inimigos em potencial, pois o mundo do tráfico é movido por traições e jogadas de poder. Ao chegar no Rio, Milena acredita que encontrou um refúgio, mas logo se vê imersa em um novo pesadelo. No Morro do Alemão, as alianças de GB e DC são mais complicadas do que ela imaginava, e ela percebe que sua vida e a de Gabriele estão longe de estarem seguras. Milena agora enfrenta uma batalha dupla: proteger sua filha e descobrir em quem pode realmente confiar em um ambiente onde todos jogam para si mesmos. Com o perigo de TH ainda à espreita e novas ameaças surgindo a cada passo, Milena terá que se aliar aos mais inesperados para garantir a sobrevivência de sua filha. Mas em um mundo onde a lealdade é volúvel, até mesmo os amigos mais antigos podem se tornar inimigos implacáveis. A luta por poder, sobrevivência e o desejo de proteger aqueles que amamos nunca foi tão intensa. Milena narrando Tinha acabado de colocar a Gabi pra dormir. Ela respirava calma, os cílios longos repousando sobre o rosto sereno. Tão pequena… tão inocente… nem imaginava o caos que estava acontecendo no andar de baixo. Mas eu sabia. Cada grito que ecoava da sala me fazia fechar os olhos por um segundo. Eu reconhecia aquelas vozes — Marcos discutindo com Pedro, o subdono do morro — e no meio deles, como sempre, o estopim de toda desgraça: Thiago. — Que p***a! — ele gritou lá de baixo, a voz rasgando a casa — Isso não poderia ter acontecido, c*****o! Esses filhos da p**a tão achando que tão onde? Meu corpo inteiro se retesou. A mesma sensação de sempre: medo misturado com ódio. Ódio por ele. Por esse homem que um dia eu achei que amava. Por esse monstro que destruiu minha vida. — Calma aí, Thiago — Pedro tentou apaziguar — A gente vai desenrolar essa história aí. Mas não tinha calma que funcionasse com Thiago. Ele não queria diálogo. Ele queria guerra. Sempre foi assim: se não fosse do jeito dele, era no grito, na porrada, na bala. Respirei fundo, tentando conter o enjoo de ouvir aquela voz mais uma vez. Me aproximei devagar da escada e espreitei. Os dois estavam na sala, Thiago com a garrafa de cerveja na mão e colocando cocaína em cima da mesa como se fosse açúcar. — Eles vão invadir — ele rosnou, como se quisesse que alguém duvidasse — E você precisa estar são pra quando isso acontecer, c*****o — Pedro retrucou — Tu não pode comandar uma invasão bêbado e drogado! E era isso que me deixava ainda mais revoltada. Thiago tava sempre drogado, bêbado, fora de si. Um covarde com uma arma na mão e o poder de arrastar todo mundo pro buraco com ele. — Some daqui, Pedro Henrique! — ele gritou de novo — Eu sei comandar meu morro muito bem! Comandar? Eu tive que morder o lábio pra não rir. Comandar o quê? Nem a própria vida ele conseguia segurar. Era uma criança com um brinquedo perigoso, e a qualquer momento alguém ia tirar isso dele à força. — A gente comanda isso junto, p***a — Pedro respondeu, mais firme — Não vou deixar tu jogar nosso morro ladeira abaixo. — Quem comanda isso sou eu! — Thiago berrou, batendo no peito com força — Eu sou o dono dessa p***a toda! Já mandei tu sair daqui antes que eu atire no meio da tua cabeça! Eu tremi, não de medo, mas de raiva. Tanta raiva acumulada que dava até dor nas costas. Esse maldito… ainda tinha coragem de se gabar de ser dono de alguma coisa. Ele era dono do próprio inferno e queria arrastar todo mundo com ele. — Tu vai cair, c*****o, e eu não vou cair junto! — Pedro disse, jogando a cadeira no chão antes de sair porta afora. Voltei pro quarto da Gabi, ainda com o coração acelerado. Me ajoelhei ao lado da cama e passei a mão nos cabelos dela. Dormia como um anjo. — Eu prometo que logo vamos sair daqui — sussurrei, beijando sua testa. Era tudo que eu queria. Fugir. Sumir desse morro, desse pesadelo. Ir pra um lugar onde ninguém conhecesse meu nome, onde Gabi pudesse crescer sem ouvir tiros ou gritos de ódio. Mas eu não tinha ninguém. Minha mãe morreu pouco tempo depois que eu me envolvi com o Thiago. Eu era só uma adolescente s*******o quando subi esse morro com uma amiga. Me achei forte, esperta. Me enganei. Me envolvi com esse traste, e logo depois veio a gravidez. Depois, as ameaças. E a prisão invisível. Tentei fugir. Mais de uma vez. Mas ele sempre me achava. Sempre me trazia de volta. E me batia. E me ameaçava. E fazia questão de deixar claro que eu era dele. Como um troféu quebrado. Quando ele começou a ameaçar a própria filha… foi aí que o medo virou pavor. Ali eu entendi: se ele era capaz de querer machucar a Gabi, ele não era humano. Era pedra por dentro. Frio. Podre. E eu? Eu precisava proteger minha filha. Mesmo que isso me custasse a vida. Saí do quarto em silêncio e comecei a descer as escadas. A casa estava estranhamente quieta. Talvez ele tivesse saído. Aproveitei pra descer logo, levar a mamadeira da Lara que estava suja. Queria deixar o mama pronto, assim não precisaria descer depois e correr o risco de dar de cara com ele. Mas o destino não alivia pra quem já tá no chão. — Você tá aí, sua vagabunda — a voz dele soou atrás de mim quando cheguei na cozinha. Congelei. — Tava se escondendo de mim no quarto da Gabi? Achei que você não ia sair de lá nunca. Me virei devagar. Ele estava com os olhos vermelhos, dilatados, e a arma na mão. — Por favor, Thiago… — falei baixo, tentando não acordar a Gabi — Ela tá dormindo lá em cima… Ele colocou o baseado na boca e continuou vindo na minha direção.

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