Rodolfo não se importou muito em preparar um momento pra voltar pra empresa, quando ele entrou e caminho até sua sala logo de manhã, pode perceber o olhar de algumas pessoas, alguns de admiração e outros se perguntando se ele não ligava para o acontecido do ano na empresa.
Mas ele não ligava tanto assim, estava ali pra aguentar e passar por aqueles seis meses, quase 180 dias e incalculáveis horas passando perto do primo bosal e que poderia estar longe dali.
Rodolfo gostava de pensar que as coisas já estivessem r**m, mas não poderiam piorar. O que era um peido pra quem já estava todo cagado?
Quando chegou na ala da sua sala, na mesa que antecedia ao seu escritório, ele pode ter a imagem da pessoa que ajudou ele a voltar e que fazia bons dias que não via, daquela que ele sempre pegava o café e ia pra sala, chamando ela logo depois pra rever a agenda completa dele.
Manuella aos olhos dele agora parecia incrível e inestimável, Manuella tinha os cabelos presos naquela manhã, num r**o de cavalo que prendia todo o cabelo castanho dela, fazendo ela ficar com o rosto fino amostra, deixando ela com o ar de nariz em pé e até com os lábios mais castos, embora ela tinha uma boca pequena e nem tanto chamativa, ela cultivava um sorriso bonito, com uma fileira de dentes brancos e perfeitos.
Manuella não parecia o tipo de garota que acordava cedo pra correr e nem nada do tipo, fazia o tipo que caminhava sempre depois do turno dela, quando dava certamente, mas ela também era do tipo que levantava de manhã e tomava um bom banho e uma xícara de café ou, quando estava atrasada, passava na principal e pegava um café.
Era esse café que Rodolfo gostava, tinha isso em comum, ela não gostava de café doce demais e nem sem açúcar, era com a medida certa pra sentir o sabor do que estava bebendo e não do próprio açúcar. Manuella achava o ritual do café importante, mas Rodolfo ao chegar naquela manhã fez a mesma coisa que sempre fazia.
Deslizou a mão pela mesa e pegou o copo, suspirando fundo e vendo ela erguer o olhar e encarando ele parado na sua frente, com aquela cara sinica e com o café dela na mão.
Mas Manuella estava vacinada, se inclinou um pouco e pegou um copo de café e suspirou fundo, Rodolfo a encarou surpreso, mas era um ponto pra ela.
- Como estamos hoje?
- Reunião com William, assim que você chegar ele informou pra subir, parece importante.
- Ou apenas uma m***a qualquer, olha, isso vai ser complicado. Aguentar ele me dando ordens, falando o que tenho ou não que fazer aqui. Meu pai era uma hierárquica acima de outra, ele não.
- Pulso firme e pronto senhor, você consegue.
- Diz isso porque não tem a mesma vontade que eu tenho de machucar ele.
- Não gosto dele e violência é r**m.
- Violência fica sendo r**m quando vai para um inocente. Ele é culpado - Rodolfo bebeu um pouco do café e fez uma careta. - Café está frio.
- Sim, provavelmente - Manuella bebeu o dela rindo, como se aquilo fosse uma grande piada.
- Aprende rápido - Rodolfo deixou a maleta em cima da mesa dela e puxou a agenda, vendo que estava totalmente limpa. - O que fez com meus compromissos da semana passada, a reunião com o pessoal que eu represento e tenho que fechar ainda?
-Sobre isso - Ela pensou na melhor forma de falar, se tinha coisa que o chefe não gostava era que alguém se enfiasse no trabalho que ele estava fazendo, era tão r**m a ponto dele brincar se fosse preciso, então Manuella, sabendo disso, precisava pensar em uma melhor forma pra não gerar tantos conflitos, embora já estava quase fazendo pra ver Rodolfo batendo no cara lá de cima. - William retomou pra revisão os clientes e até as reuniões, disse que nada vai ser passado para os membros sem ele saber.
- Você só pode estar brincando, não é?
- Não senhor, não estou.
- Ele tirou meus acordos, casos e reuniões com pessoas importantes. Eu tinha uma fusão quase pronta.
- Ele levou tudo, disse que está sobe revisão.
- m***a, já começou péssimo isso, como vou recuperar o contato, muitos me querem em frente, mas é agora?
- Bem, agora você vai lá encima e fala com ele, com todo o tom profissional que tem - Rodolfo deu um sorriso, levando em conta a situação, bem, estava com um ótimo humor para o retorno.
- Falando em tom profissional, o que me diz de um almoço ou um jantar?
- Almoço no restaurante da empresa e não costumo ir jantar em dias da semana.
- Gosto do sábado e do domingo.
- Não, não vai rolar. Se ainda está com aquelas ideias senhor, esqueça, me quer? Espero que seja como sua secretária, apenas isso está ótimo pra mim.
- Na verdade...
- O senhor William te espera - Manuella não gostava da ideia do lado pessoal se misturar com o trabalho e nem s**o também. Rodolfo tinha o tipo de cara s****l, que corria atrás de uma mulher quando queria, estava evidente e comprovado durante o tempo que ele cismou em pegá-la e levá-la até sua sala ou sua cama, bem no seu apartamento, claro, não precisava ser apenas a cama e nem nada do tipo, havia outros lugares. Na mesa dela, no elevador, na casa dele, no sofá dele, no balcão da cozinha e até mesmo na área de serviço. Não importava muito. Rodolfo já havia deixado claro que não era apenas o trabalho bem feito que interessava, era ela no todo.
Poderia deixar as coisas estranhas, mas não, virava até uma coisa doce e amigável esses flertes vindo dele e as recuadas que ela mesma dava pra ele.
- Vou ver o que ele quer pra podermos arrumar nossa agenda, espero que ele não tente sacanear, embora já estou preparado caso ele faça isso.
- Algo em mente.
- Possivelmente mas, mas nada que eu e você não poderemos cuidar. Somos praticamente o Woody e Buzz Lightyear, Bumblebee e Sam Witwicky, Dominic Toretto e Brian O'Connor ou até mesmo Frodo e Sam!
- Referências bacanas - Manuella sorriu.
- Nos vemos em breve, me deseje paciência.
- Geralmente a gente deseja sorte.
- Eu já tenho ela - Ele piscou pra ela, antes de dar as costas e sair caminhando com total confiança e com um copo de café na mão.
- Prepotente - Suspirou fundo, pegando o copo de café e balançando a cabeça percebendo a troca feita por ele, ela não sabia como se distraiu e nem o momento certo, mas ele era esperto, minucioso. - Filho da mãe.
Quando Rodolfo saiu do elevador, parou no mesmo momento quando viu a figura de uma ruiva, saia lápis e camisa de cetim, sem decote, tudo dá maneira mais formal, mas que pra muitos poderia não parecer ISS.
Ele se lembrou bem da ruiva, de um vez anos atrás quando o caminho dos dois se cruzaram e partir de lá ele ouviu muito sobre a competente Karen Louis, secretária executiva bem renomada na cidade e nos escritórios onde trabalhava.
Só não entendeu o que ela estava fazendo ali, ela não poderia estar trabalhando para William, podia?
- Karen Louis, que satisfação vê-la em território Vinelly, o que traz a senhorita aqui?
- Rodolfo Vinelly, voltou pra casa e me parece decidido, o senhor William o espera - A mulher se mexeu, até dar a volta e se sentar.
- Está mesmo trabalhando pra ele?
- Fui chamada pra cobrir por seis meses.
- Que bom, como anda as coisas por aqui.
- Fase de mudanças e adaptações - Rodolfo estranhou o fato dela não dar a******a e se esquivar um tanto quanto muito, mas não importava naquele momento, era irrelevante. Ela fazendo o trabalho dele, que ele sabia que fazia, estava ótimo, pelo menos alguém competente na gerência.
Rodolfo se mexeu e quando entrou no escritório, que antes apenas seu pai ocupou, sentiu uma coisa r**m e até medonha ao ver William sentado, envolto em uma pilha de papéis, centrado, mas parando de fazer aquilo quando notou a presença de Rodolfo, que caminho até puxar a cadeira e se sentar, encarando em silêncio e esperando ele falar o que queria.
- Que bom que veio.
- O que precisa? Vi que pegou trabalho que não era seu.
- Ah claro, todos estão finalizados, fechei aquela fusão dos Mendes, grande negócio.
- Você fez o que?! - Rodolfo abriu e fechou a boca. - Você fez a m***a de um acordo com uma coisa assim? Eles iriam ceder as empresas pra compra e não fusão, estava explícito isso. Você não podia ter feito isso. Eu nunca mexi no seu trabalho, nada. Então que direito você teve com esse caso ou os outros no meu percurso, hum?
- Ei, só ajudei você.
- Você não me ajudou, apenas me atrapalhou em coisas que demorei pra conseguir, além de ter seguido com o meu nome do meio.
- Aqui - William deslizou a pasta azul sobre a mesa, até ficar de frente pra ele. - Esse é seu novo trabalho, dou grau de extrema importação pra isso, você fica encarregado disso. Acha que dá conta, primo?
Rodolfo pegou a pasta e não precisou de muitos detalhes quando viu o nome da empresa em negrito no começo do documento.
Analisou depois mais algumas coisas antes de olhar para o cara analisando ele, atentamente, como se esperasse ele falar alguma coisa de negativa sobre o que foi dado pra ele.
Mas ele não podia deixar de perceber que aquilo iria dificultar o tempo e a vida dele.
- Conheço o pessoal dessa empresa, estão quase falidos, endividados e ferrados. Mas não cedem por nada, mesmo com um potencial enorme pra reerguer. Estudei isso já, não peguei o caso por se tratar de uma transação muito grande entre a gente e eles. Mas se me passou a bola, eu vou chutar e fazer esse gol, sabe o que dizem, não é?
- O dono nominal de lá e Olavo, sabe, ele é bem r**m pra negócio, tradicional.
- Ele é o tipo de cara que vai fazer minha vida um inferno.
- Exatamente Rodolfo, você sabe que poderia ficar com o caso, mas tenho mais coisas pra resolver, além disso você pode se dedicar 100% nesse, só lhe darei um novo negócio depois que fechar com Olavo, fui claro?
- Isso vai diminuir em 100% a minha produtividade pela firma.
- Por outro lado se você fechar esse negócio, subirá a sua produtividade até 100%.
- Esse é seu plano William, mexer no meu desempenho aqui e tentar fazer as coisas ficarem ainda melhor para o seu lado durante esses seis meses? Não esqueça que isso é apenas um semestre.
- Devia confiar em si mesmo.
- Eu confio, não se preocupe William, mas não sabia que tinha que fazer truques pra garantir sua confiança em si mesmo.
Rodolfo se levantou.
- Sabe que não preciso disso.
- Não pense que isso que vou falar seja algum tipo de maldade - Rodolfo sorriu, arrogante e prepotente, sabendo que ele enfrentaria aquele cara quando e onde ele quisesse, como ele quisesse. Não suportava a Ideia de perder pra ele e não iria deixar que aquilo fosse uma derrota.
- Diga de uma vez.
- Você não é nada ainda, não pense que vai ser também, sabemos como a história termina, você não continua onde está e eu não fico r**m nessa história toda.
- Vá, faça o seu trabalho. Agora você responde a mim.
- Não, eu respondo ao nome Vinelly, você é apenas um funcionário temporário. Sabe o que isso significa? - Rodolfo fez uma pausa. - Que seu tempo está passando.
- Saia daqui, agora!
- Aliás, Karen sempre foi muito competente, ela é ótima com a posição executiva. Vai gostar de trabalhar com ela, claro, isso se ela não tomar raiva de você logo no primeiro mês.
- Pro inferno, Rodolfo!
- Nos vemos lá, primo.