Manuella se levantou daquela cadeira em um pulo, parou diante ele e observou quando ele abriu um botão do terno que ele usava e encarava ela de forma atenta.
Ele estava da mesma forma que ela se lembrava, da forma perfeita que todos descreviam Rodolfo, ele poderia numa boa estar entre um dos homens mais sexy e atraente da empresa. Manuella mesmo mantendo o respeito e decoro, não era cega. Rodolfo Vinelly era um homem que poderia significar muitas coisas, como um pedacinho de um desenho muito bem feito.
Não era apenas a forma social de se vestir, não era nem de perto o terno de cinco mil dólares ou os sapatos brilhantes, talvez se fosse pensar bem, ele com roupas inferiores aquelas se sairia da mesma forma, talvez teria passar mais confiança e credibilidade, sim, era isso que ele passava por baixo daquela posse toda.
Rodolfo estava sempre alinhado, nada fora do lugar, assim como o rosto livre de pelos e o cabelo penteado para trás, usando nada menos que uma L'Occitane nos cabelos escuros, deixando eles sempre bonitos e arrumados.
Rodolfo também usava gravatas, ele gostava apenas da de cores escuras, mas não vermelhas, ele não gostava de gravatas vermelhas e suas prediletas eram as verdes, diziam que sempre caiu bem pra ele. Sim, isso era uma coisa verdadeira.
- Parece que anda bem desocupada na minha ausência - Manuella balançou a cabeça de forma frenética, com perguntas e mais perguntas se formando sobre a presença dele ali, não era algo esperado, mas era Rodolfo, ele sempre tinha que ter um retorno assim, sem avisar ou ser anunciado.
- Não estou senhor, estou apenas esperando meu horário - Ela referiu não falar da carga de trabalho adiciona, estava cedo pra falar da árdua tentativa de perturbação vinda de William Vinelly.
- Eu acho que estou aqui pra ver como eu fico na história toda.
- O que quer dizer? - Rodolfo se mexeu, dando a volta na mesa e se sentando, encarando diretamente a secretária que se moveu e ficou frente a frente dele, como nos velhos tempos.
- Que talvez eu volte ou apenas assine minha demissão.
Manuella abriu e fechou a boca, vindo dele, bem, tirava a posse de credibilidade que ele tinha, aquela de não desistir e insistir como um desgraçado, pelos céus, ele não poderia estar falando sério.
Ela suspirou fundo.
Sua função nem era sobre consolar e nem nada, mas ver ele tentando ou dizendo que iria sair, ele devia ter batido a cabeça no caminho até ali, era isso, só poderia ter sido isso, uma pancada forte.
Manuella entendia o motivo dela sair, ela era inferior ao poder interno, Rodolfo não, Rodolfo era o chefe dela, o único que poderia bater de frente com qualquer ameaça ou imposição estúpida.
Ver ele abrindo a boca pra falar aquilo, esquecendo de quem ele era e como devia ser importante ele aceitar as medidas provisórias adotadas por um conselho e até o pai dele, era r**m demais, ainda mais sabendo como ele queria ter sido escolhido.
Mas, como muitos diziam também, era um teste, a gerência ainda podia ser dele, ele só não poderia desistir daquilo agora, nem naquele momento, mas como fazer isso com ele querendo entregar os pontos assim? Como fazer para ele não entregar sua cabeça em uma bandeja?
Era esse o objetivo do primo dele, quanto mais longe Rodolfo estivesse era melhor, com aquela decisão iria facilitar demais.
Manuella suspirou fundo, se lembrou quando estudava e até em todos os lugares que foi uma secretária, uma que engoliu muita coisa e até passou do objetivo central no negócio todo, se lembrou que ela não desistia fácil, mas ela não era de ferro.
- Vai desistir?
- Eles fizeram a escolhas dele.
- Não senhor, eles apenas estão segurando as coisas, os dois apresentaram projetos. Você perdeu uma batalha, não a guerra toda.
- Então acha que eu deva continuar?
- Senhor, desistir das coisas não é bom - Manuella suspirou fundo, buscando todo otimismo pra falar com ele. - Já viu a história de Steve Jobs? Aquele homem ficou para a história como um homem de sucesso, até hoje e assim, mas ele não teve todas as portas abertas ou ganhou todas as batalhas que entrou, não! O cara teve que sair da própria empresa, isso com quase a mesma idade que o senhor. Mas o que ele fez? Considerou aquilo positivo, depois que ele fez isso ele entrou no seu período mais glorioso, teve que rever muita coisa, mas ele mostrou que se ele caiu, ele levanta. Entende?
- Você conhece a pessoa que está sentada naquela cadeira lá em cima, por que acha que devo continuar?
Rodolfo ficou satisfeito com cada palavra dela, se alegrou em saber que ela ainda estava ali, tentando. Mas ele sabia que a decisão dele influenciava a vida dela ali dentro, de ficar ou ir embora, ele poderia apostar que a carta de demissão dela devia estar pronta pra ser entregue.
Ela havia falado algo sobre em uma mensagem que ela havia enviado, ele só não botou muita fé, mas ali, diante ela, ele soube que era possível sim ela não ficar se ele fosse embora.
- Você não vai desistir por causa daquele cara, só pode estar brincando com isso. Você é tão bundão que não pode encarar isso por um único semestre ou está apenas fazendo birra como um menino mimado, filhinho de papai, que acaba de perder o prêmio e vai chorar? O senhor é bem mais que isso.
Manuella tinha sempre esse jeito de falar o que pensava, ela não era tão conformada com as coisas, ela poderia estar saindo do rumo falando aquilo, sem ter autonomia ou direito nenhum, mas ela tinha a responsabilidade como secretária de fazer lembrete.
Um daqueles lembretes era de não ficar sem fazer o trabalho, isso incluía não desistir dele.
- Eu não...
- Sim, você é! Poxa, o senhor ficou uma semana fora, chega aqui hoje com essa coisa de desistir, não faz isso, isso é estupidez genuína, daquelas que você vai repensar apenas quando for tarde.
- Você me quer tanto aqui assim, Manuella? Pensei que me detestava como chefe.
- Detesto algumas atitudes, como essa agora de querer desistir.
Antes que os dois continuassem o assunto, a porta do escritório foi aberta, a figura de William Vinelly surgiu diante Rodolfo e Manuella, com um sorriso debochado e sacana no rosto, do tipo que faria Rodolfo querer bater bastante nele, no ponto de ferir a integridade física dele e até espiritual.
- Não vi a secretária na mesa, então tive que entrar.
Aquela voz era tão r**m de escutar, era até agradável pra quem não conhecia o homem direito, ele tinha sua marca, tinha seu jeito e sua aparecia chamativa, mas sempre ouvimos falar que o d***o veste prada.
William era poucos anos mais velho que Rodolfo, era um solteirão e competia as coisas com o primo desde que soube da chegada do novo integrante da família, fazendo uma linha de competitividade, vendo Rodolfo superar ele a cada ano, no colégio, na universidade e até nos negócios.
Eles não tinham medo de expor a guerra entre os dois, até mulheres já haviam entrado no meio da disputa.
O que deixava William r**m, era o fato de sempre ver Rodolfo a um passo dele, ainda mais nas merdas gigantes que entrava. Era r**m pensar que alguém como Rodolfo passava por cima dele. Era inadmissível também.
- Bater na porta ainda é uma opção.
A voz de Rodolfo mostrava claramente que não gostou de ver ele ali.
William terminou de entrar e parou ao lado de Manuella, que nem se importou de encarar ele direito. Ela sentia a tensão no ar, sabia que aquilo iria terminar com os dois se ofendendo e xingando um ao outro.
- Acho que agora não preciso tanto disso primo, estou agora cuidado das coisas, sabia que fui nomeado para cuidar das coisas até o fim do semestre? Acho que meu desempenho e históricos passaram de um cara que estava no mesmo caminho que eu, mas sabem o que dizem, sempre tem a pessoa certa para o lugar certo.
Rodolfo sorriu, com raiva e um decoro pré estabelecido para aquela situação.
Ele não iria parar.
Ele não iria parar mesmo, até poderia, se Rodolfo pedisse isso, mas era mais fácil o sol congelar.
-Que bom, mas deixa eu te falar uma coisa William, uma que vou falar apenas uma vez pra você, como você é inteligente, não vou precisar repetir. Você pode ter aceitado o cargo até o fim do semestre, farei meu trabalho e responderei aquele que está superior à mim, assim como fazia com o senhor Hugo.
- Temos uma coisa boa aqui?
- Não pense que não sei o que fez com Manuella, eu sei que a carga de trabalho dela triplicou na minha ausência, então não pense que vai descontar nela a sua frustração e essa competitividade que você tem exclusivamente comigo. Eu respondo a você, ela não. Ela responde apenas a mim.
Manuella encarou ele, como ele sabia?
Ficou quieta, mas por dentro tinha uma voz e um par de mãos batendo palmas para o chefe.
- Manuella, Manuella, já foi reclamar para o seu chefe?
- Ela não precisou fazer isso. Isso é o tipo de coisa que você faria.
- Olha Rodolfo, eu estou no comando agora - Rodolfo ficou de pé, diante ele, nenhum dos dois abaixaram, nada, nem por um milésimo de segundo alguém abaixou a guarda. Manuella até pensou em ir até o fim do corredor e ver se arrumava uma pipoca.
Mesmo sabendo que levaria aquela ou possivelmente iria dar a última carta.
- Eu sei que está no comando, que bom que escolheram você, faça seu trabalho que eu farei o meu.
- Sabe que agora as coisas não vão ficar nada fácil pra você.
- Quem disse que eu espero isso vindo de você, William? Me poupe desse discurso que está fazendo, quer esfregar algo na minha cara, esfregue quando fazer algo útil e satisfatório pra empresa, não por sentar sua b***a em uma cadeira. Sabemos o motivo que eu não fui escolhido, não foi por desempenho e trabalho, espero que fique ciente disso, primo.
William poderia sentir a raiva subindo e a forma que queria m*******r Rodolfo, a raiva não passava tão fácil.
- Vou te poupar do meu discurso e até no meu pensamento que você não estaria mais aqui hoje, mas já que está aqui, prepare-se, eu não vou facilitar pra você. Você vai passar os seis meses mais intensos da sua vida comigo primo.
- Estou pagando pra ver.
- Ótimo, aliais, vamos ter um reajuste de valores, parte dos salários estão sendo revisto, assim como da sua secretária.
- O salário dela é o mesmo do começo.
- Mas a folha que ela assina não mostra isso, muitas horas extras e um bônus mensal com uma porcentagem alta. Confesso que não esperava.
- Horas extra confirmo e o bônus mensal sai de mim, não sai nada além do que foi permitido durante o acordo dela com o Rh.
- Senhorita Medina, sabe que pode ser demitida por serviços não colaborativos com a empresa, não sabe?
Manuella entendeu a audácia no segundo seguinte, sentiu o sangue ficar rápido.
- Garanto que ela sabe, mas você não sabe ou entendeu que esse valor sai do meu bolso, que não preciso dar satisfação, sabe que ela é uma boa profissional e em um acordo eu fiz essa a******a pra ela, não por nada em troca além do trabalho que ela faz tão bem. Veja só, está de prova que ela é eficiente e rápida, dedicada e moralmente correta, até demais eu diria. Se vamos fazer isso, não se meta com meu braço esquerdo e direito aqui dentro, eu não vou aceitar isso, nem falta de respeito ou decoro junta a ela, fui claro Manuella?
- Como água - Falou, satisfeita.
Havia algo diferente ali.
- Bravo, o bom chefe e a boa funcionária. Veremos onde isso vai parar - O telefone de William começou a tocar e ele se moveu. - Bem, está na minha hora, vamos terminar essa conversa depois ou apenas deixar isso ir pra ver onde vamos parar, apenas lembre quem está acima de você, primo.
Quando o homem saiu, Rodolfo se sentou.
- i****a de m***a - Praguejou.
- Manuella - Ela o encarou. - Você tem razão, sou bem mais que isso, querida - Manuella abriu e fechou a boca entendendo que o que ela falou era só um adicional que ele precisava escutar, que ele chegou com a ideia de ficar mesmo, não se despedir ou apenas assinar sua demissão também.
- Você não veio aqui pra sair, você veio pra falar que vai ficar, desde que chegou aqui - Ela fez uma pausa, deu um sorriso. - Aquele papo todo era conversa fiada pra você.
- Não é todo dia que você age como uma fofa comigo, precisava aumentar um pouco do ego que tantos falam que já é enorme - Rodolfo riu, observando aquele rosto que estava na sua mente por tempo demais.
- Que bom que está de volta.
- Espero que a senhorita siga as regras - Rodolfo deu um sorriso, não qualquer sorriso, um que pra ele dizia que ele não queria que ela seguisse todas as regras, apenas algumas.
Não dar para o chefe não era a regra que ele queria que ela seguisse, mas ele iria primeiro fazer seu dever de casa.
- Sim, senhor.
AVISO IMPORTANTE - Mais um capítulo fresquinho pra vocês (FINALMENTE), para ficar por dentro da história, adicione o livro na biblioteca, comente sempre nos capítulos para eu poder saber o que vocês acham do livro e se estão gostam, deixe sua palavra maravilhoso pra mim ou me sigam para receber novidades e atualizações, além de novos livros incríveis que temos aqui na plataforma. Até amanhã com mais um capítulo fantástico. Att, Amanda Oliveira, amo-te. Beijinhos. Hehehehe até logo!!