Eu estava sentado no banco do motorista, num canto pouco iluminado da rua, o motor ainda ligado só pra alimentar o ar-condicionado. Tinha acabado de ver uma mensagem do Crispim no celular, quando decidi que a hora era aquela. Precisava fazer a ligação que eu vinha adiando por dias. Respirei fundo, conferi se não tinha nenhum curioso rondando, e disquei o número do Terror, o homem em quem confio dentro do presídio. Ele é da minha gente, mas tá preso na mesma cela que o Cesinha. Seria o fio que eu precisava cortar. Esperei a chamada cair, e logo ouvi a voz abafada do outro lado: — Ô, Adão. Achei que não fosse ligar nunca. O jeito que ele falou já demonstrava que o Terror sabia exatamente o porquê da chamada. Não fiz rodeio: — Terror, é o seguinte: cê vai tirar o Cesinha do meu caminho. E

