Capitulo 5

1077 Words
Kill Marreco falou que eu tava virando stalker profissional. E não tava errado. Depois que o Alex Gameplay botou aquele rastreador no celular da Ayala, virou vício. Todo dia, eu abria o app e ficava vendo o pontinho vermelho se mexendo pelo mapa: Morro dos Prazeres, shopping, casa do Augusto… Até a igreja. A mina tava virando santa, ou o noivo dela que era um fanático religioso. Mas o problema maior era o Augusto. Aquele playboy de merda me cheirava errado desde o início. Decidi seguir ele também. Afinal, se a Ayala ia casar com o cara, eu precisava saber qual era o bicho que ela tava abraçando. Terça-feira, 14h — Ipanema Augusto saiu do prédio dele de terno e gravata, mesmo com o sol de derreter asfalto. Entrou numa BMW preta e saiu dirigindo igual velhinha. Segui de moto, mantendo distância. Ele parou num café chique perto da lagoa, onde já tava esperando uma mulher de cabelo platinado e vestido justo. Achei que era amante, até perceber que ela tinha o mesmo nariz fino dele. — Mãe. A Dona Celia, a rainha de gelo que encarou a Ayala no almoço. Eles sentaram numa mesa na varanda, e eu fiquei num poste do outro lado da rua, de óculos escuro e capuz, fingindo que tava mexendo no celular. Augusto pediu um café. Ela, um chá. Conversa de família, achei. Até que ele colocou a mão nas costas dela, num gesto que começou carinhoso e foi descendo… até apertar a b***a da própria mãe. Quase engasguei com o chiclete que tava mascando. p***a, tá maluco? A Dona Marisa não reagiu. Nem sorriu, nem deu tapa. Só continuou falando, como se fosse normal o filho passar a mão nela. Augusto riu baixo, disse algo, e ela respondeu com um sorriso de canto de boca. Gravei tudo com o celular. Não dava pra ouvir a conversa, mas as imagens falavam por si. Quarta-feira, 20h — Bar da Zona Sul Encontrei o Marreco num boteco sujo, onde a cerveja era gelada e ninguém fazia pergunta. Mostrei o vídeo pra ele. — Mermão… cê tá vendo isso aqui? — apertei o play de novo. Marreco deu um gole na Skol, arregalou os olhos e quase cuspiu. — c*****o, Kill! O cara tá comendo a mãe dele? — Não sei se tá comendo, mas tá macetando a mente, isso sim. — Olha o jeito que ela deixa! — ele apontou pra tela. — Isso aí é costume, parça. Deve rolar desde que o maluco era pivete. Encostei na mesa, baixei a voz. — Tem uns cara que é doente assim, né? Lembro de um vapor na CDD que casou com a própria prima. E tipo cobrava uma grana pros parça ver eles trepando... Carlhuu só fodão — E tu pagava? — Lógico a mulher tinha um rabão e o cara deixava ela chupar os caras pelo preço certo — Serio Marreco, tu e sujo. — Olha quem fala, o p*u de ouro do Gardenea, que ja comeu mais da metade da comunidade. — Mas eu nunca paguei... — Amigo se for gostosa e eu tiver grana eu pago, quero que o mundo se acabe em b****a e eu ca p**a dentro delas. E outra pelo menos a veia da mãe de Augusto e gostosa. — Ah, mas isso aí é pior. — Kill fez uma cara de nojo. — O f**a é que a Ayala tá pra entrar nessa família de maluco. Imagina se ela descobre? — Ela não pode descobrir. Não agora, tenho que ter provas reais dos dois juntos antes de mandar para ela. — Como assim, parça? Manda essa p***a logo, isso ja da um processo na igreja— ele franziu a testa. — Você tá querendo proteger o playboy agora? — Tô querendo proteger ela. Se a Ayala descobrir essa merda, capaz de ela ir lá e confrontar a família dele. Precido de algo concreto ou que ela pegue os dois no fraga? — bati o dedo na mesa. — O Augusto tem poder, e Ayala pode sair como errada, so com essa filmagem Ele ficou quieto, mascando o amendoim. — Então cê vai ficar de babá da princesa pra sempre? — Não. Vou arranjar prova que esse filho da p**a é doente e mostrar pra ela sem ninguém saber. Marreco riu, sem graça. — Boa sorte. Esse tipo de bicho rico tem r**o preso até com o capeta. Sexta-feira, 10h — Mansão em Petrópolis O rastreador do Augusto mostrou que ele tava na casa de praia da família. Peguei a moto e fui atrás, mesmo sabendo que tava me enfiando num vespeiro. A mansão era enorme, cercada de muro alto e câmera. Estacionei longe e subi num morro atrás da casa, usando um binóculo velho do tempo de Fuzileiro. Augusto tava na piscina, de sunga branca, tomando um drink. A mãe dele, de biquíni fio dental, deitou ao lado. Ele passou protetor solar nas costas dela, e a mão dele não parava de descer. — Você é um lixo, Augusto… — gritei baixo, segurando o binóculo com força. Nesse momento, o Angelo apareceu na varanda, de óculos escuros e celular na mão. Ele viu a cena, parou, e fez uma cara de quem tava enojado, mas não surpreso. Virou as costas e vazou. Até o irmão sabe. Domingo, 18h — Morro dos Prazeres Voltei a seguir a Ayala. Dessa vez, ela tava na porta da casa dela, arrumando as sacolas de compra. O vestido era curto, o cabelo tava solto, e ela riu de alguma coisa que a mãe dela falou. Meu peito apertou. p***a, Kill, para de ser emocionado. Foi quando o Augusto chegou, de BMW e sorriso falso. Ela deu um beijo rápido nele e entrou no carro. Decidi seguir. Eles pararam num restaurante vegetariano em Botafogo. Ayala odiava comida sem carne, mas tava lá, comendo salada com cara de quem tava mastigando papel. Augusto falava sem parar, gesticulando com as mãos. Até que ela levantou e foi pro banheiro. Augusto aproveitou pra puxar o celular e digitar algo. Não deu outra: paguei um garçom pra espionar a tela. — O cara tava no Tinder, chefe — o garçom sussurrou, voltando com a bandeja. — Perfil fake, claro. — Toma. — dei uma nota de 50 pra ele. — E apaga essa p***a da memória. O garçom sumiu, e eu fiquei lá, olhando Augusto sorrir pra Ayala como se fosse o noivo perfeito.
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