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2348 Words
   Me sinto criança novamente quando meu pai exigiu que eu voltasse para casa e deixasse meus planos de comer com Lara sumirem.   Voltei para casa e ele me esperava na sala, seus olhos ficaram mais suaves por me ver bem.   — Venha.   Fui até ele ganhando seu abraço.   — Desculpa, mas eu não sabia que o Pakhan estaria no restaurante, apenas queria rever Lara. — expliquei séria.   — Esperava te ver quando cheguei. Lara poderia esperar, não sei o que faria se algo acontecesse contigo. — revelou preocupado.   — Sabia que ela estaria bem. — a voz do meu ded foi calma.   Ele logo surgiu na sala com um sorriso confiante.   — Papa, não deveria ter deixado ela ir. Avisasse ou ligasse para mim para mandar mais soldados para acompanharem ela. — papa avisou.   — Isso apenas aconteceu porque estavam atrás do Russo. — ded o lembrou. — Os soldados protegeram ela e a amiga, estão inteiras, apenas deixei ela sair e rever nossa Moscou.   — Papa irei te avisar, ok? Foi bom ver Moscou depois de tantos anos longe de casa.   Ele se aproximou de mim.   — Sei que deve ter sentido falta de tudo, filha. Mas você é tudo o que tenho, hoje poderia ter acontecido algo com você.   — Ela estava com o Russo, não estava em perigo. Como foi conhecê-lo? — ded perguntou curioso.   Olhei para ele e depois para meu pai.   — Me apresentei e ele ficou surpreso. Ele não sabia de mim ou da Mila? — perguntei intrigada.   — Ele estava acostumado apenas com os homens da nossa família, querida. — ded explicou. — Por isso ele recebeu sua existência como uma surpresa.   — Iríamos apresentar vocês hoje. — papa disse.   Meu tio Mikael logo apareceu com um sorriso divertido em seus lábios, ele me abraçou.   Retribui o abraço.   — Elena, como cresceu. Mila e você é o que faltava para nossa casa, estava sem vida sem vocês por perto.   — É bom te ver tio.   — Chegou aos ouvidos do Russo sobre minha sobrinha. — avisou surpreso. — Alik estava comigo quando o Pakhan ligou para ele, que recebeu essa notícia como uma desconfiança.   Pisquei surpresa.   — Desconfiança?   — Elena, suba. Isso são assuntos da Bratva, não precisa estar presente. — papa mandou.   Olhei para meu ded que apenas com o olhar dizia para obedecer.   Resolvi deixá-los sozinhos com esse assunto.               Tenho assuntos melhores para me preocupar, como meu cabelo, mesmo com uma certa " ajuda" do Pakhan, não tira o nojo e o pavor que tive ao ver aquele sangue no meu cabelo.   Tirei minhas roupas e resolvi preparar um banho de banheira com bastante espuma.   Estou me sentindo bastante limpa e bem melhor agora, fechei os olhos por uns minutos.   Sei muito bem que mortes e sangue é algo normal na vida dos meus familiares.   O dinheiro que temos vem disso.   Não é algo bonito, apenas é minha realidade desde pequena.   — Finalmente você chegou, Elena. E no mesmo dia um tiroteio que você está no meio é o assunto do momento!   Abri os olhos me deparando com Mila com os cabelos alisados, agora estão um pouco mais compridos.   — Foi um acaso.   — Prima, quero saber do Pakhan! Ele é bonito? — perguntou curiosa.   — Você verá ele hoje, descubra mais tarde. — sorri divertida.   Ela revirou os olhos.   — Você é chata.   — Melhor ver ao vivo e em cores. — dei de ombros. — Posso terminar meu banho?   Ela saiu do meu banheiro pisando forte.   Mila e sua mania de querer tudo na hora  e em suas mãos.       Vestido dourado foi minha escolha, combina com meu cabelo, saltos na cor bege.   Deixei meu cabelo solto, depois de ter lavado, ele está pronto para uma noite de incertezas.   Meus pensamentos foram na  discussão que meu tio trouxe sobre minha existência. Por que o capo sentiu desconfiança nessa informação?           Desci pronta, meu pai e meu tio estavam na sala, ambos com belos termos e com as armas em aposto para uma ocasião surpresa.   Sinto arrepios ao lembrar do que aconteceu mais cedo.   — Minha filha é um tesouro.  — papa elogiou ao me aproximar dele.   — Deslumbrante sobrinha e sua prima não terminou? —  meu tio perguntou impaciente.   — Deve estar terminando de se arrumar.   — Minha neta será o destaque no cassino do Pakhan. — ded se aproximou pegando em minha mão. — Mila vai fazer todos se atrasarem?   — Mulheres costumam demorar em se arrumar papa. Mila? Filha, estamos esperando, só falta você! — Mikael avisou indo para o primeiro degrau da escadaria.   Ouvimos passos demoramos, pelo barulho do salto, ela finalmente está pronta.   Em um vestido vermelho no estilo do meu, curto e colado ao corpo, salto ela escolheu preto.   Os cabelos soltos assim como os meus.   — Pronto, podemos ir. Estava apenas passando batom, não posso ir de qualquer jeito no cassino do Pakhan. — sorriu divertida.   — É preciso reforçar para ficarem perto de nós e evitar sumirem pelo cassino. — papa alertou.   — Vamos logo, quero beber e jogar um pouco, preciso de distração. — ded comentou entusiasmado.   — Quero ver o ded apostando e levando tudo. — disse o encarando.   — Ganhará uma parte só por dar animado ao seu ded, querida.   — Vamos, reclamaram de mim e ficam enrolando. — Mila disse impaciente.   — Calma filha, teremos tempo para aproveitar o cassino. O Pakhan irá apresentar sua noiva hoje. É uma noite muito importante para a Bratva, enquanto vocês duas, falem com as pessoas e demonstrem simpatia. — tio Mikael exigiu sério.   — Sabemos disso, apesar de Elena e eu ficarmos longe da Bratva, ainda lembramos de ser belas mulheres simpáticas.   — Nossa família tem destaque na máfia e continuará assim. Minhas netas são valiosas e importantes, hoje será a noite na qual ambas vão ser o destaque. — ded assegurou.   Fui no carro ao lado de Mila, ela pegou o celular tirando fotos, falando com conhecidas que estarão lá.   Estou intrigada com tudo o que estou sabendo desde que chegamos, tem muita coisa que não é dita. As mulheres na máfia não tem acesso em grande parte dos assuntos e o que está acontecendo ao redor, é algo irritante para mim.   Olhei para a janela me perdendo na noite, o céu limpo sem nenhuma nuvem.   — Aposto que vamos roubar a cena no lugar da noivinha do Pakhan. — Mila afirmou confiante.   A encarei rindo.   — Ela será uma grande figura.   — Mas não melhor que o Pakhan, dizem que se deve ter cuidado para não ganhar a inimizade do Russo ou seus dias estarão contados.   Lembrei do sangue em sua mão.   " Um pouco de sangue não é nada."   Senti um arrepio por todo o meu corpo.     O mundo da máfia pode ser uma escada para o poder, você pode crescer rapidamente e também cair se der um passo em falso.   Assim como as escolhas também podem te levar ao poder ou cair. Minha família chegou no cassino com os soldados em alerta e fazendo nossa segurança em todo o caminho para finalmente entrar.   Todos bem arrumados e elegantes.   Mas sinto cheiro de perigo no ar.   Muitas pessoas olhavam para mim, senti desconforto, faz tempo que não estou rodeada de pessoas que me olham com curiosidade e até uma pitada de maldade.   — Adoro ser observada. — Mila disse ao meu lado.   — Atenção não é tudo, antes um cérebro do que holofotes, querida. — ded a repreendeu.   — Belas mulheres que esconderam de nós.   Um moreno dos olhos escuros se aproximou em um belo terno azul, os cabelos  penteados para trás.   — Alik. — ded o cumprimenta.   —  Elas estavam com a irmã do meu pai na Espanha, não tínhamos tempo para cuidar delas. — papa comentou.   — Minha filha Mila Pietrova e minha sobrinha Elena Pietrova. — tio Mikael nos apresentou.   Mila se aproximou dele com um largo sorriso.   Ele beijou sua mão.   — É um prazer conhecê-lo.   — O prazer é todo meu em conhecer as netas de Alexander Pietrova.   — Muito prazer. — falei o cumprimentando.   — Você teve uma experiência r**m com o tiroteio. — ele apontou o dedo em minha direção.   — Sim. — sorri forçada.   — Quero jogar. — ded avisou. — Viktor venha comigo e Mikael cuide das meninas.   Enquanto meu papa levou o ded para jogar, Alik e meu tio conversavam sobre os corpos que ele deu fim.   — O governador tem sofrido ameaças e aquilo foi uma tentativa de uma ameaça maior. — assegurou Alik.   — Tentativa que falhou inclusive, meninas fiquem aqui, tenho negócios para resolver.   Os dois saíram deixando Mila e eu sozinhas e rodeada de tubarões.   — Estou curiosa para ver a noivinha do Pakhan. — Mila comentou ao meu lado.   A encarei rindo.   — Encontrei vocês! — Lara se aproximou sorrindo. — Mila Pietrova não está se divertindo?   — Não aconteceu nada de diferente, por enquanto. — deu de ombros.   — Mila gosta de ser o centro das atenções. — avisei para Lara.   — Dobryy vecher. ( boa noite) — uma voz rouca que eu reconheci na hora tomou conta do lugar.   O Pakhan surgiu em um terno preto mas sua gravata também é preta, não tem o vermelho de mais cedo.   Cumprimentamos sua pessoa, seu olhar percorreu o cassino inteiro, olhos de águia.   — Ele é lindo. — Mila sussurrou encantada.   — Perigoso também. — Lara acrescentou.   Ouvimos passos, os soldados entraram com uma mulher que parece ter dezenove anos como eu.   Uma morena dos olhos castanhos ao lado de uma figura importante, talvez pai dela?   O homem se aproximou do Pakhan o cumprimentando em alemão e logo a morena se aproximou do Pakhan.   Ele apenas a encarou de uma forma fria.   Ela sorriu para ele e sua mão foi no ombro do mesmo.   O olhar do Pakhan encontrou o meu.   Ele fixou seu olhar em mim.   Não desviei o olhar, seria suspeito fazer isso.   Lara me cutucou.   A encarei.   — Vamos ao banheiro?   — Claro. Mila? — chamei ela.   Minha prima piscou várias vezes.   — Vamos, preciso urgentemente desabafar sobre a maldita sorte que essa mulher tem.   Mila saiu na frente, Lara e eu logo atrás, troquei olhares com Lara.   Ela percebeu os olhares do Pakhan em cima de mim.     Dentro do banheiro, Mila falava sobre a mulher que vimos ao lado do Pakhan, ela fará parte da Bratva ao lado do Russo.   — Aquele homem deve ser pai dela e veio conferir como ela iria ser apresentada. Como será que deve ser o nome? — Mila se perguntava enquanto passava batom.   — Ela é filha de um alemão, alguém importante e que deve ser aliado do Pakhan. — comentei lembrando da voz do homem.   — O Pakhan estava olhando muito para todos, acho que queria ver a expressão de cada um. — Lara comentou com os olhos fixos em mim.   Sei o que ela quer dizer.   Ele me olhou por muito tempo, não sei como chamei sua atenção, melhor nem pensar nisso.   — Vamos voltar, vão procurar por nós. — Mila foi até a porta abrindo e esperando impaciente.   — Nós já vamos, pode ir na frente. — Lara avisou sorrindo.   Mila bufou e saiu em passos fortes.   — O que foi isso? — perguntei para ela. — Não podemos ficar muito tempo por aqui.   — Elena, ele estava te comendo com os olhos! — alertou baixinho. — Você não achou estranho?   — Claro, achei estranho, mas não quero saber quais são os motivos dele. É melhor fingir que nada aconteceu, melhor voltar para o salão de jogos, vão procurar por mim.   Ela não insistiu, saímos juntas dando de cara com um soldado que não reconheci como da minha família.   — Algum problema? — Lara perguntou desconfiada.   — Voltem para o salão de jogos.   Puxei Lara pela mão, voltamos imediatamente, papa estava procurando por mim.   — Elena, finalmente! Lara, como vai?   — Ótima, estávamos no banheiro. Perdemos alguma coisa?   — O Pakhan está jogando uma partida com meu pai, quero apresentar Elena. — papa explicou.   Olhei para Lara.   — Agora papa? — sorri amarelo.   Ele assentiu.   — Depois Lara conversa com você, vamos.   Segui meu pai com o coração acelerado, um desespero tomou conta de mim.   — Eu já o vi antes. Não preciso me apresentar novamente papa.   — Quero te apresentar Elena, apenas fique de boca fechada e sem perguntas. — exigiu sério.   Respirei profundamente.   Ded sorriu divertido para Russo, sua noiva está sentada ao lado do mesmo, comentando animada sobre a partida de pôquer.   — Ainda tenho cérebro para ganhar.   — Tem certeza? Posso roubar tudo como sempre faço, Alexander. — o Pakhan sorriu divertido.   Papa se aproximou comigo ao seu lado, ganhando os olhares de todos que deviam estar jogando.   — Russo, falta apresentar minha única filha, Elena Pietrova. — papa me apresentou com a mão em meu ombro.   Sorri forçada.   — Minha neta é o único tesouro que não apostaria em nenhum jogo. — ded garantiu sorrindo. — Nenhuma delas.   — É um prazer, Pakhan.   Ele se levantou da mesa e se aproximou de mim.   — Conheci sua filha em uma situação inusitada mais cedo. — ele sorriu mais não chegou aos olhos. — Me chame de Russo.   Senti uma ordem em seu pedido.   A noiva dele me encarou não muito contente, mas sorriu e se aproximou dando dois beijinhos em meu rosto.   — Sou Ayla, prazer em conhecê-la.   — Digo o mesmo. Bom, vou atrás da minha amiga, com licença e boa partida.   Sai antes de muitos responderem, me senti literalmente jogada aos tubarões.   Estava tão distraída que esbarrei em Alik.   — Desculpa. — pedi engolindo em seco.   — Elena Pietrova, Russo está intrigado com sua beleza. Os demais também estão atraídos, seu pai está tendo dificuldade em dispensar pretendentes para você. — revelou me deixando nervosa.   — Não estou aqui para ser cortejada e não me interessa. — deixei claro.   Iria sair, mas ele pegou em meu pulso.   — Pakhan nablyudayet za toboy. (O Pakhan está de olho em você) — avisou em um sussurro. 
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