Domingo 16h
Eu estava voltando da casa de Lu onde havia passado a tarde ajudando ela com seus vídeos pra seu perfil nas redes sociais e estava escutando música bem baixo em meus airpods enquanto caminhava para casa, eu havia decidido ir a pé porque meu irmão levou o carro para sair com sua "amiga", e pensando bem, nesse caso eu não decidi, eu fui obrigada a ir a pé porque não tinha como ele me levar pra casa de Lu pois seu compromisso era do lado oposto então só me sobrou fazer da moda antiga: caminhar.
Sabe aquelas garotas que agem como se ainda estivessem no ensino médio e só pelo facto delas serem bonitas todas as nerd's deveriam as venerar e se afastar quando elas passassem? Era esse tipo de garotas que estavam vindo em minha direção, eu já as conheço desde pequena e prefiro as ignorar ao invés de atravessar a rua pra fugir delas como era suposto eu fazer, na minha inocente mente elas também me ignorariam e no máximo iriam me lançar aqueles olhares esnobes e vazar, mas não, não sou tão sortuda assim.
– olha se não é a erva daninha_ Stella fala mas eu a ignoro, fingindo que a música em meus ouvidos estava alta o suficiente para abafar sua voz.
Continuei caminhando mas 5 garotas magrelas conseguiam dificultar a transitabilidade na via pública e por isso uma delas conseguiu tirar meu fone em uma das minhas orelhas.
– a Stella falou com você_ Janete, a garota que tirou meu fone, fala cruzando os braços.
– ela falou: olha se..._ Suellen tenta repetir o que Stella falou mas eu a interrompo.
– se não é a erva daninha_ completo_ eu ouvi só estava ignorando, principalmente pelo facto de eu me considerar uma era venenosa e não uma erva daninha_ completo arrumando melhor a armação dos meus óculos.
– achei que estaria estudando nerdzinha, não por aí passeando com essa sua roupa sem graça e esses óculos fora de moda_ Deyse fala me lançando o famoso olhar esnobe.
– se você que se arrasta nos estudos não está estudando, imagina eu que domino as matérias_ falo com deboche e a mesma me olha indignada.
– nossa, não esperava por essa_ a quinta garota, que só agora percebo que não conheço, se pronuncia me olhando com as sobrancelhas arqueadas.
– sempre tão debochada nem_ Stella me olha séria.
– debochada? Eu? Nada haver, sou apenas sincera_ dou de ombros.
– você nem é tão inteligente assim, são só esses óculos idiotas que te fazem parecer mais inteligente_ Suellen fala.
– então te aconselho a comprar uns pra você também, pelo menos ia fazer parecer que você tem um cérebro_ sorri_ agora pode devolver meu fone? Como vocês mesmas disseram, eu deveria estar estudando e não perdendo tempo na rua com minhas roupas sem graça e fora da moda_ estendo minha mão na direção de Janete.
– o quê? Isso?_ Janete joga meus fones para o chão um pouco mais atrás de mim_ vá pegar_ sorriu de forma maldosa.
Eu solto um suspiro_ que deselegante.
– deselegante é você ficar de olho no namorado das outras viu_ a desconhecida retruca_ acha que eu não reconheci você?
– nossa, realmente me surpreende que você seja do tipo que sai com garotas como elas, mas como não nos conhecemos, não sou ninguém para julgar, enfim, eu vou vazar_ me viro pra poder pegar meu fone no chão e sou puxada de volta pelos cabelos.
– me escuta bem, fica longe do meu namorado_ a garota fala depois que uma das garotas a segura.
– você é doida, eu não fui atrás do seu namorado, ele que veio atrás de mim_ retruco irritada.
– eu vou quebrar sua cara_ ela se solta e dá um soco direto no meu olho, quebrando a lente esquerda e me ferindo um pouco com o vidro.
Eu na posse de muita raiva devolvo o soco no rosto da garota, sem me importar com onde eu batia, enquanto eu sacodia minha mão pela dor, as meninas seguravam sua amiga descontrolada que tentava vir pra cima de mim novamente.
– ei, ei, ei, o que está acontecendo aqui_ algumas pessoas se aproximam para nos dispersar e então a garota me olha irritada segurando o nariz que sangrava.
– eu te pego na próxima sua i****a_ ela passa esbarrando por mim e pisa com força no meu fone caído, o deixando totalmente em pedacinhos.
– sua babaca_ murmuro olhando ela ir com suas amigas.
Sinto alguém segurar meu rosto e me fazer o encarar_ você e esse seu espírito selvagem_ Rafael Jackman, meu outro melhor amigo que mais parece pior inimigo, fala enquanto uma mão segura meu rosto e a outra tira alguma coisa de perto da minha sobrancelha e da minha pálpebra.
– eu estou bem_ falo desviando o olhar do dele e afastando meu rosto.
– você está sangrando, mas é claro que está bem_ debocha_ pelo menos não posso dizer o mesmo de seu fone_ aponta para o estilhaço do aparelho no chão.
– elas são umas idiotas_ pego de sua mão o que havia sobrado de meus óculos e sigo meu caminho.
– e estavam brigando pelo que? Você é selvagem mas não luta sem motivo algum_ Rafa vem atrás.
– não é da sua conta_ falo estressada me lembrando que ele havia me irritado dias atrás e eu ainda estava brava.
– que m*l humorada, preferia quando era mais calada_ retruca me fazendo revirar os olhos.
– olha só, eu não provoquei, elas que me pararam e provocaram, ela é a namorada do Alex_ falo sem me virar para o encarar.
– oh, o Alex tá namorando_ balbucia_ alguém que não seja você_ acrescenta baixinho_ que novidade.
– eu já entendi isso_ olho seriamente para ele que em resposta levanta os braços em rendição_ já agora por que está me seguindo?_ falo séria.
– não estou seguindo você, calhou de estarmos indo na mesma direção_ se defende.
Alguns instantes andando em silêncio e eu ouvia ele sempre dizer algumas palavras baixinho, ou melhor, tentando dizer alguma coisa mas sempre parando a meio.
– fala logo o que você quer falar_ aviso já farta desse começa e para dele.
– vocês estavam brigando pelo Alex? Você foi atrás dele?_ pergunta meio baixo.
– não eu não fui atrás dele, ele está aqui e nós nos encontramos na festa do Daniel, mas eu não sabia que ele estaria lá, senão eu não teria ido_ me defendo.
– você na festa do Daniel? Achei que você não gostasse de festas.
– e não gosto, a Lu queria ir e me chamou pra ir junto_ dou de ombros.
– faz mais sentido agora_ assentiu_ enfim, eu acho que nos separamos agora, cuida desse olho e tenta não brigar mais por causa de homem tá_ coloca a mão no meu ombro assim que para na frente do quintal de minha casa.
– eu não briguei por causa de homem_ falo retirando sua mão de meu ombro_ ela me bateu e eu devolvi_ o corrijo.
– se você prefere assim_ dá de ombros.
– você continua i****a como sempre, eu vou dormir_ dou as costas para ele e caminho até o portão enquanto ele começa a seguir seu caminho_ já agora_ me viro e chamo a atenção do mesmo_ obrigada_ falo sincera.
– não tem pelo que agradecer_ volta a seguir seu caminho e eu entro em casa.
Quando abro a porta de casa vejo meu pai passando com um pano no ombro, já me remetendo a lembrança de que ele é que iria cozinhar.
– oi meu amor, voltou cedo_ ele me encara mas eu desvio o olhar pra que ele não veja meu olho machucado_ o que houve?
– nós terminamos cedo de gravar_ falo tentando passar despercebida por ele mas o mesmo me impede.
– olha para mim_ manda mas eu não obedeço prontamente, por isso ele levanta meu rosto por conta própria_ o que aconteceu?_ me olha seriamente.
– nada de mais_ falo desviando meu olhar do olhar inquisitivo de meu pai.
– LETÍCIA VEM AQUI UM INSTANTE_ ele chama por minha mãe.
– pai não foi nada_ insisto.
– não foi nada o caramba, você saiu daqui perfeitamente e voltou com o rosto machucado, espera que eu acredite nisso enquanto mil coisas podem ter acontecido com você? Poxa Rashyma, eu sou seu pai, eu me preocupo com você_ fala me olhando de forma preocupada.
– estou aqui amor, o que foi_ minha mãe aparece sorrindo mas seu sorriso some ao olhar para mim_ o que aconteceu? Quem fez isso com você?_ ela se aproxima e segura meu rosto o analisando.
– foi só um acidente, umas garotas estavas jogando na rua e acabaram me acertando com a bolinha delas_ minto da forma mais convincente que posso.
– Rashy não precisa mentir para nós, se foi um garoto que fez isso nós podemos denunciar_ minha mãe insiste.
– calma mãe, eu não tenho um namorado abusivo, nem um namorado tenho, foi só isso mesmo, não se preocupem comigo, eu juro que contaria se fosse um cara e não ia me arriscar a esconder nada grave de vocês_ sorri tentando os tranquilizar.
– vamos confiar em você_ minha mãe sorri fraco_ eu vou pegar álcool para desinfetar e fazer um pequeno corretivo, amanhã você compra óculos novos_ minha mãe se afasta de mim.
– vem cá_ meu pai abre os braços e eu vou ao seu abraço_ eu amo muito você_ fala em meio a aquele abraço aconchegante e protetor que só ele conseguia me dar.
– eu também amo muito o senhor_ sorri_ mas sabe que tem que deixar uma nota no pote dos palavrões não é?_ olho para ele que riu.
– isso era pra quando vocês eram meninos, agora você já é uma mocinha, não precisamos disso_ fala rindo.
– não vai fugir de colocar uma moeda no potinho senhor Hector Hiúca_ aviso enquanto vou atrás de minha mãe_ palavrão é igual a dinheiro no pote_ declaro.
– vocês vão acabar com o meu dinheiro_ fala indo colocar o dinheiro no pote.
Depois que minha mãe fez o curativo no meu rosto eu subi para estudar um pouco e algum tempo depois meu irmão veio conversar comigo, e como não pude mentir para ele confessei tudo sobre a briga, sendo chamada de arruaceira pelo mesmo.
•••
Segunda-feira, horário desconhecido.
– ANDA LOGO RASHYYYYYY, VAMOS NOS ATRASAR_ Marcos grita enquanto eu estou descendo as escadas em direção a sala.
– não precisa gritar cabeçudo, estou aqui_ reviro os olhos indignada.
– pra que tanta demorrrr_ ele para de falar quando me encara_ ah, esqueci que você tinha que esconder esse roxo no olho_ me analisa_ mas precisava se maquiar de coringa?
– vamos logo, eu tenho exame_ sigo em direção a porta.
– é permitido ir pra faculdade de coringa?_ fala vindo logo atrás.
– não tem nenhuma proibição_ dou de ombros.
– minha irmã enlouqueceu de vez_ reclama entrando no carro assim como eu.
No percurso como sempre, Marcos passou a levar seu amigo Roger que não deixou de rir do meu rosto com a maquiagem do coringa, compramos quatro copos de café sendo um para Lu e só depois me deixou na faculdade onde minha melhor amiga já me esperava.
– bom dia_ falo descendo do carro e oferecendo um dos copos para ela.
– deveria eu receber um copo do próprio coringa?_ ela fala com humor e olha para o copo_ humm capuccino, tal como eu gosto_ sorriu sentindo o aroma da bebida.
– mas como você não confia no coringa, talvez deva devolver o copo_ estendo minha mão em sua direção e a mesma dá um tapa nela.
– eu confio em você coringa, relaxa_ toma um pouco de sua bebida_ já agora, por que coringa? Poderia ter escolhido a Alerquina_ caminha do meu lado pelo campus.
– o sorriso do coringa mesmo triste me deixa completamente identificada nele_ dou um gole em minha bebida.
– e não os problemas mentais?_ fala zoando.
– para as pessoas saberem que eu não estou bem de cabeça só precisam ver minha companheira nem_ retruco e acabamos rindo uma da outra.
– claro que sim_ ela olha seu relógio_ tenho que ir, daqui a pouco o exame começa, mas relaxa, depois do exame eu vou com você tirar satisfação com a babaca que fez um roxo no seu olho viu_ me abraça.
– não vamos nada_ n**o.
– ah pois vamos, boa sorte pra você_ se afasta.
– para você também_ sigo em direção ao edifício onde em minutos os exames começariam.