Divindade do Eclipse

Apresentação Perigosa

Uma sensação estranha de segurança se apossou repentinamente de seu coração e suas preocupações se esvaíra, ele sentia que era observado, mas por quem? De onde? Seus olhos procuraram por Jae, mas não viram mesmo sabendo que ele estava perto. Que coisa. Como ele poderia saber disso?

Estava enlouquecendo, só podia...

-Lianhua – Chamou Akame a cutucando com o ombro – está pronta? Ele chegou.

A segurança se esvaiu como o orvalho em uma manhã ensolarada. Foi como se nunca houvesse chegado. Suas mãos começaram a tremer em antecipação, mas não era de medo e sim adrenalina que fervia a cada segundo.

Ele não gostava de perder o controle, mas naquele dia se deixaria levar pelo Deus do Eclipse que era. Não era todo dia que relava as amarras que mantinha sob aquele seu lado então o deixaria sair e fazer o que quiser. A presença de Si Woo sempre provocava isso nele, mas ele não estava ali então porque sentia que poderia ser ele mesmo? O medo de ser se foi... então se eles queriam um entretenimento então o teriam, prometeu Chen Ren ao constatar depois de mais 6hs perdidas que seu plano seguia fluido lhe deixando com mais 30hs. Pouco, mas conseguiria, tinha que.

-Se preparem o show vai começar – Anunciou Lianhua sorrindo largo ao segurar a roupa que queriam que ela usasse.

Translucida como o luar que cobriria sua pele. Aquilo não esconderia nada e não era para essa finalidade constatou rapidamente. Como todas ali eram mulheres, Lianhua tirou as roupas e vestiu aquilo sem vergonha nenhuma, mas ao se olhar no espelho viu suas bochechas se tingirem de vermelho.

O manto translucido na cor rosa claro mostrava com perfeição seus s***s e aureolas rosadas. A pele alva e aveludada. A cintura fina e quadril largo, um corpo com curvas a mostra para o mundo sem contar sua área intima que não o agradava em nada tê-la tão a mostra, portanto desfez o penteado e segurando a flor de apenas cinco pétalas jogou os longos cabelos pretos e lisos para frente cobrindo ambos os s***s, mas não sua i********e. Se ele recolhesse uma parte do tecido e o segurasse na altura do quadril, o tecido translucido sobre mais duas camadas tornava-se rosa e não mais tão fino a ponto de mostrar algo que não devia e mostrava de quebra o tornozelo.

-Está muito... – Murmurou Akame sem palavras – uma verdadeira Dama da Noite, alguém que não se envergonha do próprio corpo.

-Não estou acostumado – Confessou nervoso ainda com a flor em mãos – precisamos ir, temos pouco tempo.

A velha mulher a esperava na porta e parecia maravilhada com o que via. Chou sabia que estava bela, mas já o era então nada de novo. Uma pessoa bonita ficava bonita de qualquer jeito em qualquer roupa.

Com algumas palavras Chou Lianhua conseguiu uma lira dourada e muito pequena, mas o suficiente para o momento. A segurava em uma mão, a mesma que segurava boa parte do tecido do manto, e com a outra levava a flor de lótus.

Seus pés descalços tocavam o chão de madeira fria e então subiram os degraus do palco. Ela suspirou e a velha balançou a cabeça. Engoliu o enjoo e se apressou até o palco onde os homens franziram a testa.

O manto quase translucido na cor rosa permitia que ele se prendesse ao seu corpo. De pernas cruzadas escondendo sua i********e e os longos cabelos negros cobrindo seus s***s. Sobrava apenas sua barriga e cintura fina para ser vista além das coxas alvas que eram levemente mostradas devido ao tecido que Chou segurava para esconder a região.

Ela sentou se em uma espécie de pufe e tocou uma nota usando seu poder para torná-la mais eficiente. Cada homem ali estremeceu e sorriu malicioso. Mais algumas notas e eles se contorceram um pouco incomodados em como a mulher havia se sentado.

Ela se mexia levemente ao tocar a lira. Sua face bela se contorcia ao morder o lábio inferior e apoiar a lira em sua bochecha quando abriu a boca deixando escapar a melodiosa voz de uma verdadeira Dama da Noite, da Sacerdotisa de Mahina, Filha da Noite e Senhora das Sombras.

"Lua bela, bela Lua

Que brilha lá no céu

Entre o escuro e misterioso Universo

Volte teu olhar para terra

Me abençoe esta noite”

Ela cantava com uma voz suave e firme. Aumentava e diminuía na hora certa, era hipnotizante como ela conseguia harmonizar cada palavra com o tom correto. Olhos atentos a ele jamais a deixavam e eles se balançavam ao ritmo mais lento da música.

“Sob teu brilho me mostre que

O amor é fácil de achar

Porém tristemente devo aceitar que

Deixo... enfim a desejar

Me mostre teu amor

Como é puro, esse amor”

Um daqueles que a ouviam de repente se jogou para frente caindo no chão perto do palco. Ela sabia que eles estavam hipnotizados, mas aquilo era um pouco demais. Precisava ser mais forte, pensou Chou Lianhua tocando com mais cuidado as notas quentes que se desprendiam e guiavam sua voz para os ouvidos e corações daqueles homens que agora se levantavam indo em sua direção.

Oh não! Estava muito forte? O desespero foi real quando um deles subiu no palco. Seus olhos estavam negros com uma fina borda branca como se as pupilas estivessem tentando esmagar a córnea. Aquele era o Olhar Perdido, a música que acabara de tocar eram tocadas pelas Ilíadas de Talara na Ilha Branca. Sereias poderosas que foram ensinadas pela própria Deusa da Lua para cantarem e tocarem músicas capazes de tornar qualquer pessoa seu, mas como um fantoche leal e obcecado em te proteger. Fantoches vivos.

Sua voz ecoava ainda mais alto quando pelo canto do olho ela viu Akame fazendo o sinal com dois dedos juntos. Estava feito, mas ela ainda tinha que dar tempo de elas fugirem... nem lhe deu tempo de pensar quando ela sentiu algo perto do seu pé. Como estava com as pernas cruzadas, o pé direito, já que a perna direita estava sobre a esquerda, estava pendendo e foi ali que aquele grotesco homem na casa dos 40 viu sua oportunidade.

“Te darei meu coração

Se em troca me der o teu”

Ele ficou de joelhos e tentou tocar o pé da moça que o retirou de seu alcance e ele chorou. Bem diante de todos que se entristeceram. Se eles não tivessem um pouco de atenção o encantamento sumiria então Chou Lianhua se obrigou a engolir a bile ao oferecer seu pé que foi segurado com cuidado e lábios o tocaram com medo de machucar.

“Lhe contarei meus segredos

Se me contar os seus”

Porém se um tem todos querem e foi ai que esse homem foi puxado e jogado no chão dando lugar ao outro que também tem o mesmo destino.

Diante da moça uma briga violenta se iniciava com homens lutando por sua atenção, mas a música não podia parar. Onde estava Jae? Precisavam ir rápido, senão parasse de tocar aquele ‘amor e adoração’ faria um banho de sangue que lavaria o pavilhão de cima a baixo.  Uma janela em cima daquele caos mostrava um crepúsculo. Estavam quase sem tempo. Até o anoitecer de fato deviam faltar cerca de 30 minutos sendo que ficavam a quase 1h do lugar.

“Serei teu

Se você for meu"

Chou Lianhua parou de tocar e o silencio recaiu sobre todos. As cabeças se viraram lentamente em direção ao palco. Mas não olhavam para ela e sim para o homem ao seu lado. Jae deu um passo e os ombros de todos aumentaram. Outro passo e eles emitiram um resmungo alto como um rosnado. A cada passo a distância entre eles diminuía e a tensão violenta sobre suas cabeças prestes a explodir.

A harpa voltou a ser tocada e a nuvem de tensão sumiu, porém, sua mão tremia por algum motivo. Seu corpo começava a formigar. Estava passando o tempo e ele precisava sair dali o mais rápido possível então ela se levantou ainda tocando e começou a se aproximar. Os olhos a seguiam a cada passo.

Jae encarou a flor que detinha apenas 24hs, pois restava apenas 4 pétalas. Seus olhos focaram no manto que carregava nas mãos atrás do corpo e assim que teve o outro perto de si colocou o manto sobre seus ombros fazendo a parar de tocar com a surpresa.

Um manto colorido e pesado sobre seus ombros escondia boa parte do seu corpo, mas então sem qualquer aviso um deles subiu no palco e Jae segurou a harpa arrancando de suas mãos e tacou na direção do homem. Ela acertou seu rosto o jogando para trás. Chen Ren ficou de queixo caído, mas nem deu tempo quando Jae o enrolou no manto, do qual ele havia colocado os braços nas mangas, e o pegar no colo.

O tecido cobria também sua cabeça por isso não conseguiu ver muito bem o que houve. Sentia os braços apertados sobre seu corpo, mas toda vez que tentava ver parecia que Jae cobria com o manto impedindo que ele visse.

Não havia saído do lugar...

Um feixe de luz entre as roupas tocou seu nariz. Luz? Sem pensar duas vezes Chen Ren tirou o tecido do rosto e notou que estava já quase no lado de fora. Ele caminhava com calma em direção ao lado de fora, mas não havia guardas que impediam as mulheres de sair? Jae o encarou e ele olhou por cima do ombro vendo as portas abertas de onde estavam antes.

Era impressão sua ou havia corpos caídos no chão? O silencio era estranho demais... o som de portas se abrindo e então ao se virar notou as portas da frente abertas... como? Jae estava com as mãos ocupadas.

-Tudo vai ficar bem – Falou Jae então assobiando para o alto e então um cavalo n***o apareceu.

Chen Ren virou a cabeça para ver o belíssimo equino trotando. Ele era grande, mas muito elegante. a crina em preto brilhante tinha algumas tranças com um tecido azul. Quando se aproximou o suficiente para que pudesse ter mais detalhes, pode ver muito melhor os olhos vermelhos que o encarram. Ele relinchou em cumprimento e Chen Ren esticou a mão para tocá-lo o que ele deixou abaixando a cabeça.

-Abaixe – Ordenou Jae para o animal que concordou e desceu permitindo ser montado ainda segurando nos braços – vamos parar em um lugar antes.

-Que lugar? – Perguntou Chen Ren curioso bocejando e se acomodando no pequeno ninho de roupas – vai demorar muito? Precisamos chegar ao lago daqui a 24hs... não podemos...nos... atrasar...

Ele adormeceu, pois havia passado a noite inteira acordado com medo de algo ocorrer. Mas agora ele podia dormir sem medo.