Rei narrando O toque do celular me tirou do sono com uma raiva danada. Era aquele som irritante que eu só deixava pra quando era urgente. Peguei o aparelho de mau humor, e o nome que piscava na tela me fez revirar os olhos: Zoio. — Fala logo, c*****o — resmunguei, a voz ainda rouca do sono. — Acorda, meu cria — ele disse do outro lado, com aquele tom elétrico de sempre. — O bagulho tá fervendo aqui no morro. A favela tá lotada de patricinha, tudo querendo curtir o pagodão na praça. O movimento tá frenético, viado. Passei a mão no rosto, tentando processar a informação. O sol batia de leve pela brecha da cortina, e meu corpo ainda tava pregado no colchão. Mas bastou ele falar “patricinha” e “pagode” na mesma frase que o sangue já começou a circular diferente. — Já é — respondi, me sen

