Sam
O dia hoje foi corrido; ajudei no parto de uma vaca. Dei uma passada rápida na cozinha, para ver o movimento à espera do filho do patrão, estava uma loucura, não tenho saco pra isso, nem tempo.
Saio da cozinha e vou ver como a vaca e o bezerro estão, examino e constato que estão bem, vou até o saleiro e quando volto encontro a vaca com uma temperatura muito elevada. Esqueço do mundo a minha volta quando estou cuidando dessas coisinhas, não! Não tão minhas assim, sorrio e balanço a cabeça voltando a me concentrar na vaca e seu filhote.
Coloco o bezerro para mamar, mesmo com os protestos da mãe.
Assim que o bezerro mama aplico um antibiótico na vaca. Estou tão concentrada que só lembro que não fui almoçar quando Anthony, um dos peões da fazenda, entra me chamando aos gritos e me assusto.
— Quer me matar Anthony que susto! — Digo com a mão no coração, que bate a mil por hora.
Desculpa, Sam! Não era minha intenção assustá-la, eu só vim trazer seu almoço a pedido da sua mãe e ela disse para eu vir o mais rápido possível para não esfriar e foi o que fiz. — Diz tão rápido que sorri do jeito dele, Anthony dá um sorriso tímido e diz:
— Você conhece bem a mãe que tem se não fizer do jeito dela é capaz de arrancar minhas bolas fora.
— Anthony!!! Olha os modos!!! — Digo e caímos na gargalhada.
Pego meu almoço e fico com preguiça de caminhar até em casa, prefiro almoçar por aqui mesmo. Sento no feno e almoço na companhia de Anthony.
Anthony e eu temos a mesma idade, ele é um rapaz muito bonito. Eu o tenho como um irmão, fomos criados juntos, livres pela à fazenda.
Termino meu almoço e Anthony volta para seus afazeres e eu dou um tempo ainda sentada no feno para descansar, me encosto de uma maneira mais confortável e acabo dando uma cochilada.
Acordo assustada e me lembro onde estou.
Me levanto vou até a pia, para lavar meu rosto, dou mais uma olhada na vaca e seu bezerro e passo mais um tempo olhando as outras vacas que não vão demorar para parir.
Distraidamente começo a guardar minhas coisas na maleta, quando ouço passos se aproximando, olho em direção da entrada e vejo o senhor Anthony, e seu filho vindo em minha direção. cumprimento-os e meus olhos recaem sobre o homem forte alto e lindo a seu lado. Fico impactada com tanta beleza, mas, sou tirada do transe quando ouço a voz do senhor Anthony, nos apresentando.
— Jacob! Essa é Samantha, nossa veterinária.
"Quando o vi na minha frente, fiquei perplexa, pois ele não era como os outros rapazes daqui. Seu cabelo loiro, levemente ondulado, parecia capturar a luz do início da tarde de uma forma quase arrogante, como se soubesse que chamava atenção. A pele, clara demais para alguém que deveria ter crescido em meio ao sol do Texas, denunciava outra vida, uma vida de livros, de bibliotecas silenciosas e corredores frios, bem distante do pó das estradas e do cheiro forte do gado.
Seus olhos… ah, aqueles olhos. Eram de um azul acinzentado, profundos e observadores, como se calculassem tudo ao redor antes mesmo de se aproximar. Havia neles algo estrangeiro, quase britânico — não o jeito expansivo dos rapazes da fazenda, mas uma reserva elegante, contida, que me fez querer descobrir o que havia por trás daquela calma.
A postura dele era impecável, ereta, quase aristocrática, e até o modo como segurava o chapéu de cowboy nas mãos parecia mais um gesto de respeito às tradições do que um hábito natural. Sua roupa também denunciava esse contraste: a camisa branca impecável, o colete leve que parecia deslocado sob o calor texano, e as botas novíssimas, ainda sem as marcas de poeira que contam histórias.
Naquele instante, percebi que ele carregava dois mundos nos ombros: o da sofisticação europeia, que moldara seus gestos, e o da fazenda texana, que agora esperava dele força e liderança. E, talvez por isso, não consegui desviar o olhar. Era como se eu estivesse diante de alguém que não pertencia totalmente a lugar nenhum… e justamente por isso parecia ainda mais fascinante.”
— O prazer é todo meu, mas pode me chamar de Sam.
— Sam! Um belo nome! Meu pai diz muito bem de você e é uma profissional muito talentosa.
— Realmente Sam é muito boa no que faz e olha que se formou recentemente. Quando tiver um pouco mais de experiência, vai deixar muitos veteranos no chinelo. — Fico toda cheia de mim, quando ouço o senhor Anthony falar bem de mim, com convicção.
— Porque não foi almoçar conosco? — O senhor Anthony me pergunta.
— Eu estava preocupada com a vaca recém parida que deu febre um tempo depois do parto, mas, já foi medicada e passa bem — Digo já justificando.
Jacob está com as mãos no bolso da calça jeans bem justa só observando.
Continuo a arrumar minhas coisas quando escuto, Jacob chamar o pai para ir no estábulo para ver seu cavalo Rufos.
— Você é muito eficiente e dedicada, Sam e obrigado por cuidar tão bem das minhas meninas!
Até mais tarde, vá pra casa descansar, Sam. — Diz Seu Anthony já saindo no encalço do filho.
Termino de arrumar minha maleta e vou pra casa, preciso urgentemente de um banho e descansar um pouco.
Chegando em casa passo direto para o banheiro assim que ligo o chuveiro no frio pois o calor tá matando. Do nada a imagem de Jacob invade minha mente.
Jacob sem dúvida é lindo! Muito mais lindo do que a Kimberly disse com certeza. Também deu para perceber o quão arrogante ele é.
Ficou o tempo todo, só me observando não tirava os olhos de mim, me deixando sem jeito.
Só disse comigo ao me cumprimentar e disse que Sam era um belo nome. O que será que ele quis dizer com isso?
Saio do banho ainda com a imagem do Jacob rondando minha mente, abro meu guarda roupas e pego um shortinho jeans que além de curto é desfiado e uma regata branca pois o calor tá demais, me visto e saio do quarto encontrando com minha mãe na sala.
— Oi mãe!
— Oi, filha! Pelo visto seu dia foi trabalhoso, nem apareceu para almoçar.
— Foi sim! A vaca deu febre por causa do apedrejamento do leite tivemos que drenar para retirar o leite em excesso e pôr o bezerro para mamar.
— Mas, agora está tudo sob controle, né filha? Pergunta, minha mãe já preocupada tá
— Apliquei um antibiótico nela e agora ela passa bem.
—Conheceu o Jacob? Ele é um moço muito educado e agradável você não achou?
— Sim e não! — Respondo rápido e minha mãe revira o olho —Sim para primeira pergunta e não para a segunda.
—Como assim? Sem contar o quanto ele está bonito! — Acrescentou minha mãe.
Seu olhar recaiu sobre mim e eu fiz uma careta.
— Bonito não! Lindo muito lindo. — Disse e vejo ela erguer a sobrancelha de leve. — E por sinal muito arrogante e certeza que não vamos nos dar bem. Não suporto essas pessoas que só porque é rico olha pra gente com certo desprezo.
— Não acredito que ele te tratou m*l. Ele sempre tratou todos nós aqui na fazenda com respeito e humildade, por que com você foi diferente filha. — Ela o defende. —Deve ser o cansaço da viagem, só pode não tem outra explicação.
—Pode até ser, não fui com a cara dele, deveria voltar para o buraco de onde saiu. — Saio da sala indo em direção a cozinha deixando, Senhora Mary pra trás.
Bebo minha água, dou um beijo nas bochechas da mamãe e volto para meu quarto, preciso muito dormir.