Reconstrução

1236 Words

Nos dias que se seguiram à minha alta do hospital, percebi que a rotina começava a ganhar contornos diferentes. A ferida ainda doía às vezes, o corpo ainda reclamava dos movimentos bruscos, mas a cabeça… ah, a cabeça já estava em outro lugar. Não havia mais Gustavo, não havia mais medo. O mundo parecia mais silencioso. E, nesse silêncio, a presença de Isadora se tornou ainda mais gritante. Ela passou a frequentar minha casa quase diariamente. Sempre com alguma desculpa — trazer comida, ajudar com os curativos, assistir a um filme para me distrair. Mas eu percebia nos olhos dela que não eram apenas desculpas. Ela queria estar perto. Queria ocupar aquele espaço que antes era dividido entre nós três e que agora estava vago. Na primeira noite em que ela apareceu sem avisar, trazia uma sacola

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