A chuva caía grossa sobre os vidros da minha mansão quando voltei para lá. Fazia semanas que eu praticamente não ficava naquele lugar; depois de tudo que aconteceu com Isadora, eu tinha preferido me refugiar na casa de Lorenzo, apesar de todas as nossas diferenças. Agora, expulso, eu não tinha mais escolha. Era como se a casa, enorme e silenciosa, tivesse se tornado uma espécie de prisão dourada: espaço demais, vazio demais, e um eco constante de lembranças que eu tentava enterrar. Passei o primeiro dia vagando pelos cômodos, sem conseguir me concentrar em nada. O estúdio, onde antes eu passava horas tocando ou compondo, parecia inabitável. O bar, com as garrafas de uísque importado ainda alinhadas na prateleira, me chamava, mas eu resistia — sabia que, se bebesse, seria fácil demais me p

