A madrugada sempre foi um território perigoso para minha mente. Enquanto o silêncio se espalhava pela mansão e a cidade lá fora diminuía seu ritmo, dentro de mim tudo se intensificava. Aquele turbilhão de pensamentos não me deixava em paz — principalmente depois da última conversa com Isadora. Ela havia mencionado, quase de forma despretensiosa, que Luiza, a tal “amiga” que esteve com ela na noite em que tudo aconteceu, havia “ganhado” uma viagem para as Maldivas. A palavra ficou martelando na minha cabeça, como uma pedra batendo repetidamente contra uma vidraça até rachar o vidro. Ganhar? Quem diabos ganha uma viagem dessas, assim, do nada? Isadora contou o detalhe enquanto mexia no cabelo, tentando parecer tranquila, mas eu percebi o nervosismo nos olhos dela. Não era só insegurança —

