O portão lateral da casa se fechou atrás dela com um estalo metálico abafado. A luz amarelada dos postes do jardim recortava o contorno do corpo de Lara, que descia os três degraus de mármore com o mesmo andar calculado de sempre — lento o suficiente para ser notada, rápido o bastante para escapar de qualquer conversa indesejada. Eu não pensei. As pernas se moveram antes que a mente decidisse. Passei pelo corredor estreito, sentindo o ar mais frio da madrugada bater no rosto, e empurrei a porta de vidro com força suficiente para que ela batesse contra o batente. — Lara. — Minha voz cortou o silêncio. Ela parou, não por obediência, mas por prazer. Podia ver no leve erguer do queixo que ela queria ser seguida. — Que bom que veio se despedir — disse, sem se virar, como se estivesse preste

