Eu estava mergulhado em relatórios que m*l fazia questão de ler. Os números dançavam na tela do computador, mas não significavam nada para mim. A verdade é que, desde a cena da noite anterior, desde ver meu pai e Gustavo quase se pegando na frente do hospital enquanto Isadora tentava separar os dois, eu não conseguia pensar em outra coisa. Revivia cada detalhe como se fosse um filme rodando sem parar na minha mente: o buquê na mão do meu pai, o olhar chocado de Isadora, o ciúme descontrolado de Gustavo. E eu, escondido, assistindo tudo e guardando provas, como sempre. Foi nesse turbilhão que a porta da minha sala se abriu devagar. Eu ergui os olhos, esperando ver uma secretária ou talvez meu advogado com algum papel urgente. Mas não. Era ela. Isadora. Por um segundo, fiquei sem ar.

