Eu não sabia exatamente por que ainda fazia aquilo. Talvez fosse masoquismo, talvez fosse amor demais. Mas ali estava eu outra vez, dentro de um carro anônimo, boné baixo, vidros semi-abertos, seguindo os passos de Isadora e Gustavo pelas ruas movimentadas de uma noite qualquer. O hospital havia sido o ponto de partida. Eles saíram juntos, como sempre, rindo de algo que só os dois compartilhavam. Eu, à distância, engoli seco e liguei o motor. Dirigiam devagar naquela noite, como quem não tinha pressa de chegar. O carro deles parou num bairro boêmio da cidade, onde bares iluminavam a rua com letreiros coloridos e gente caminhava entre mesas ao ar livre. Estacionei duas quadras atrás, meus olhos fixos na silhueta deles descendo do carro. Havia música ao longe, gargalhadas, cheiro de churr

