CAMILA
Estou noventa e nove por cento segura de que esta é a pior encontro da história.
— Você disse que estudou literatura? Greg pergunta com a voz de um homem que não está ciente de que as mulheres sabem ler. Não — Mas isso não é inútil? Você sonhou em ser atendente do McDonald's, ou o quê?
Corrigindo, estou cem por cento segura agora.
Desde que nos sentamos, os olhos do Greg passaram todo o tempo, dividido entre o meu decote e o traseiro da garota que encheu os nossos copos de água. Lanço um suspiro amargo. Não devia ter ouvido a Brianna quando ela me disse para eu por um vestidinho preto.
Não devia ter escutado, quando ela escolheu o lugar. Este restaurante é elegante, o que significa que o serviço é lento, o que significa que eu estou presa aqui por mais tempo do que eu gostaria com o Príncipe Não-Tão- Encantador. Mas ela me paga, segundo ponto para minha querida irmã.
— Há muitos bons trabalhos. Digo para Greg. — O ensino, por exemplo...
— Sim, mas quem em sã consciência quer ser professor? Ele diz, com cara de nojo.
Me arrepio no mesmo instante. — Eu! Eu digo de maneira taxativa.
Ele começa a gargalhar. Ao menos tem a decência de se dar conta, cerca de segundos tarde, mas melhor tarde do que nunca, de que na verdade, estou falando sério. Ele é um ignorante, e não vê que rir das esperanças e os sonhos de alguém no seu rosto é algo bastante estú*pido.
Olho para as minhas unhas e suspiro de novo. Trinta e cinco dólares, mais a gorjeta numa manicure para me encontrar com um tipo de aberração como essa. A minha vida é uma piada.
— Você está muito sexy, esta noite. Greg, diz mudando de assunto abruptamente. Ele sorri com os dentes manchados de vinho.
— Não,sério. Eu reviro os olhos
— Esse vestido é, sabe... put*a me*rda!
A mulher mais velha com o colar de pérolas na mesa ao lado uma lança olhar de desaprovação na nossa direção. Eu olho para ela no mesmo instante, e vejo alguém por cima do seu ombro, que está numa mesa do canto.
Instantaneamente, eu me sinto, como se tivesse sido atingida por um raio. Uma agitação e um calor, percorre o meu corpo dos pés a cabeça.
Embora o homem está sentado, ele é obviamente, alto. E esse rosto anguloso e c***l, com afiados maçãs do rosto como um modelo de capa de revista, além de uma mandíbula de super-homem. A sua roupa se move com fluidez sob os seus ligeiros movimentos. Não é difícil perceber que o terno é ridiculamente caro. E ele tem um reluzente relógio.
Não consigo desviar o olhar. Até que ele me pega olhando.
Me*rda, mer*da, mer*da! Eu giro muito rápido, eu me sinto como uma completa idi*ota. Só posso esperar que o rubor no meu rosto, não seja muito óbvio.
— Você está bem? Greg pergunta.
— Estou bem! Quase grito, muito mais forte do que pretendia.
Felizmente, a garçonete me salva, quando chega com os nossos pratos.
Ela coloca os pratos na mesa. Olho para o meu ravioli com lula. E percebo que perdi o apetite e que estou com o estranho pressentimento de que alguém está me olhando.
— Cheira muito bem, né? Greg pergunta, cortando o seu bife de imediato. Ele corta um pedaço grande, e coloca inteiro na boca, devorando tudo, antes que eu tenha sequer pegado o meu garfo, em seguida, continua conversando com a boca cheia de comida.
Aproveito o momento para dar uma olhada para o restaurante. Em parte para não ter que olhar para Greg mastigando, e em parte, para poder dar outro olhar furtivo para o homem na outra mesa.
Mas ao que parece não é tão furtivo, depois de tudo. Uma corrente de eletricidade sobe por minha coluna quando me dou conta de que ele ainda está olhando para mim.
O seu olhar é direto. Sem disfarçe. Sem compaixão.
Eu giro com um arrepio e eu tento me concentrar na minha comida. Greg está latindo sobre a loja de ferragens de que é co-proprietário com os seus dois irmãos mais velhos. Eu balanço a cabeça e ele sorri, espero que ele não se dê conta de que não estou prestando a mínima atenção.
Você está agindo como uma adolescente apaixonada. Eu dou bronca em mim mesmo.
O fantasma de Susan B. Anthony, provavelmente, me perseguirá pelo resto da minha vida por renunciar a todas as minhas inclinações feministas, no instante em que fiquei desse jeito, por um cara está olhando para mim.
Mas o que está acontecendo comigo, não é ideológico, é biológico. Não é o meu cérebro que ele está afetando! Falando diretamente, o que está sendo afetado é a região no meio das minhas pernas.
É estranhamente emocionante. Estranhamente inquietante.
— Cami? Greg chamou.
Eu giro em direção a ele. Eu não gosto que ninguém use o apelido carinhoso que apenas a minha irmã e a minha família usam. Isso é muito íntimo e familiar. Mas estou muito concentrada em terminar esta jantar o mais rápido possível para me prejudicar em exigir uma correção.
— Sinto muito. O que você estava dizendo?
Deixe o garfo com um ruído seco e irritado. — Tem alguma coisa distraindo você? Ele pergunta. — É bastante rude ignorar o que o outro está falando, sabe?
— Me desculpe. Respondo rapidamente. — Eu estou cansada.
— Cansada?
— Eu tenho duas entrevistas de emprego, que eu estou me preparando muito. O que não é exatamente uma mentira. — E eu fiquei acordado a noite passada até mais tarde. Não é exatamente uma mentira. Embora "tarde" neste caso significa "tarde para mim", isto é, 9:05 em vez das 9:00 em ponto.
— Entrevistas de emprego, né? Ele diz. — Bem. De qualquer maneira, eu dizia...
Me retrai com um sorriso congelado, e assentindo de forma perpétua.
— Eu mexo no meu telefone, enquanto ele continua. É mais fácil dessa forma, e Greg não precisa muito da minha parte para seguir falando.
— Sabe, eu achei você é incrivelmente sexy. Ele diz, de forma melosa para acentuar a sua tentativa de elogio. — Um verdadeiro espetáculo. Uma menina como você precisa de um cara como eu. Empresário independente, sabe? Um vencedor. E eu sou muito bom na cama também.
Resisto ao impulso de virar os meus olhos. É pelo menos a centésima vez está noite que ele diz p "vencedor" que é. Mas estou bem segura de que ele herdou a loja de ferragens do seu pai.
Antes de poder decifrar como vou sair dessa situação, Greg levanta a vista e estala os dedos para chamar o garçom. Quando ninguém o atende em zero vírgula dois segundos, ele leva a mão nos lábios e assobia.
— Ei! Eu praticamente grito, mortificada por seu comportamento. — Você não pode assobiar.
Ele parece absolutamente perplexo de que eu tenha problema com isso.
— Por quê?
— É vulgar!
— Vulgar? Greg repete, como se eu estivesse falando em outra língua.
— Não, querida, é um gesto amigável. É que com certeza você não está acostumada que os caras te levem para lindos lugares como este.
Eu deslizo no meu assento, a bochecha corada por causa da vergonha. Talvez se fechar bem forte os meus olhos, me tornarei invisível. Vale a pena tentar, pelo menos.
— Você pode pegar os nossos pratos, querida. Ele diz para a garçonete, quando ela se aproxima da nossa mesa.
— E pode nos trazer os menus de sobremesas.
— Na verdade, isso não é necessário. Digo rapidamente, dando para a garçonete o meu melhor sorriso de desculpas.
Por favor, não me odeie
Digo para ela com o olhar.
Eu quero que isso termine tanto como você.
— A conta, por favor.
— O que? Greg pergunta. — Vamos, a festa ainda nem começou!
— Estou cansada! Eu explico com uma paciência que está prestes a desaparecer. — E eu estou muito cheia para comer a sobremesa.
Ele olha para o seu relógio. — São apenas onze. Ele diz. — Bem, esqueça do menu de sobremesas então. Pode trazer outra rodada de bebidas.
A garçonete sai correndo antes que eu possa protestar. Eu estremeço diante da perspectiva de passar mais meia hora em companhia deste homem.
— Eu vou até o banheiro, está bem? Acho que esse bife não me caiu bem.
Assento com a cabeça. No momento em que ele se retira da mesa, eu suspiro com alívio e pego o meu telefone para discar o número de Brianna.
Ela responde de imediato. — Olá, irmã, como vai a encontro?
— Eu vou mata-ló.
— Ei, ei, espera um momento. O que aconteceu? Ela pergunta sem entender
— Ele é chato, chato, vulgar e, e vou usar a faca de manteiga para acabar com tudo, se eu tiver que passar mais um minuto presa aqui com ele.
Brianna ri em voz alta. — Não estará usando palavras como 'vulgar' com ele, né?
— Não temos nada em comum, Brianna.
— Os opostos se atraem.
— Afastando o magnetismo da física, me permito discordar.
Brianna geme. — Você nem se quer está dando mua chance para ele. Quando foi a última vez que um homem atraiu você?
A pergunta me parece injusta, sobretudo tendo em conta a reação muito real e muito visceral, que acabei de ter com o homem da outra mesa. Não é que vá admitir isso para a Brianna. Eu não vou dizer para ela, que eu estava fode*ndo com os olhos com um cara, vestido no seu terno caro. Ela com certeza ia fazer da minha vida um inferno.
— O que se supõe que significa isso? Eu digo.
— Significa que você trata os homens como uma espécie invasora.
— Por uma boa razão! Ter um homem na sua vida não é tudo, sabe?
— A vida não é assim, Cami. Disse Brianna, com um suspiro de sofrimento. — Não tem que entrar comigo no plano idealista como Jo March. Não estou dizendo que o Greg seja o seu príncipe do conto de fadas, mas ao menos é... não sei, é a 'prática'".
— Não quero prática. Neste momento, a única coisa que eu quero é um táxi para sair daqui.
— Será que ele vai convir você para ir até a casa dele? Ela brinca.
Me estremeço — Nem se ele me pagasse. Ah, dia*bos, lá está de volta. Eu tenho que ir. Eu Te amo, adeus!.
A ouço ela dizer algo como:
— De um beijo nele e vê se você gosta... antes de pressionar o botão e terminar a chamada, antes de guardar o meu telefone de volta.
— Você estava falando de mim? Greg diz, com um movimento de sobrancelhas fingindo ser sedutor.
Quando volta a sentar-se, tentando olho para ele objetivamente, sem que o prisma do desinteresse seja perceptivo.
Talvez Brianna tenha razão e eu estou sendo muito dura. Não é um cara feio. Claro, a sua barba de três dias é mais do tipo que se esqueceu de tomar banho.
E claro, fala muito de si mesmo e começa muitas frases com "Na minha indústria… ".
Mas isso é bom, eu acho.
Então, por que uma noite com Greg fica sem cor em comparação com apenas um olhar do homem do terno caro?
Um deles me dá arrepios.
O outrofaz a minha pele arder.
— Em parte. Eu respondo. — Só queria avisar a Brianna, que chegaria em casa em breve.
As suas sobrancelhas se erguem. — A noite não terminou. Eu tenho algo planejado para nós. Um amigo meu vai dar um show num bar aqui perto, eu disse que passaria por lá.
Eu tento controlar a minha raiva. — Você não me disse nada!
— Eu estou dizendo agora. Vai ser divertido.
Odeio me sentir encurralada. — Greg, infelizmente essa noite eu não posso.
— Você tem outros planos? Ele pergunta sem rodeios.
— Bem, não.
— Então eu não vejo o problema. Ele me diz.
— Olha, Greg. Eu digo para ele, começando a entrar um pouco em pânico. — Você é um cara legal, e eu realmente aprecio o seu convite. Mas quero ir para casa, assim acho que só eu vou...
Eu vou levantando enquanto digo isto, mas antes que possa conseguir levantar totalmente, a mão do Greg segura o meu pulso com força.