DANTE MANCUSO A SUV cortava as ruas desertas de Nova York como uma lâmina atravessando a noite. Minhas mãos estavam firmes no volante, os dedos apertando o couro com força controlada. Eu dirigia rápido, mas não de forma descuidada. Cada curva, cada desvio, era calculado. Conhecia bem aquele tipo de fuga. Desaparecer na cidade exigia mais do que velocidade — exigia instinto. E o meu nunca falhava. O silêncio entre nós era pesado, como chumbo. Só quebrado pelo ronco do motor e pela respiração de Catarina, que ainda parecia ofegante do caos que deixamos para trás. — Para onde? — perguntei, os olhos focados na estrada. Ela olhou para mim, hesitante, e respondeu: — Para a cobertura do Messina. Você conhece? Um sorriso lento, quase malicioso, surgiu no canto da minha boca. — Sem dúvida.

