Capítulo 48. Só amizade?

514 Words
O relógio da parede marcava quase dez horas. Anélisse desceu as escadas, o som dos seus passos ecoaram, no hall da sua casa, o eco bastou para acordar a furia do seu pai. George Tomeras estava sentado na poltrona diante da lareira, semblante endurecido. — Saiu de casa hoje pela manhã, Anélisse? — a voz soou baixa, mas carregada de ameaça. Ela engoliu em seco. — Sim, fui dar uma volta nos jardins. — Dar uma volta? — ele riu, mas sem humor— Não minta pra mim, acha que sou bobo ? O olhar dele era afiado como uma lâmina. — Você foi atrás daquele maldito, não foi? O coração dela disparou. Por um segundo, quis negar. Quis fingir. Mas o tom do pai a travava. — Pai… — começou, tentando manter a calma — Mattheo é meu amigo, só isso. — Amigo? — ele se levantou, o ar ao redor mudando de temperatura. — Você sabe quem ele é. O que corre nas veias dele.George deu um passo à frente, o olhar frio. — Ele não é o pai dele! — a voz dela subiu sem controle, carregada de raiva e defesa. — Mattheo não é igual a James Ross. Por um instante, o silêncio foi sufocante. Anélisse sentiu as mãos tremerem. Ela o encarava, mas por dentro a confusão e o medo se misturavam. George permanecia diante de Anélisse, os punhos cerrados, os olhos fixos nela como se tentasse ler sua alma. — Pai, eu não sinto nada por ele! — Anélisse afirmou respirando fundo para controlar o nervosismo. — Ele é só… um amigo. George arqueou uma sobrancelha, o semblante frio. — Só um amigo, é? — ele repetiu, como se desafiasse a própria palavra. Com um gesto rápido, sacou a varinha e murmurou algo baixo, quase inaudível “Revelare Memoriae!” Um brilho azulado surgiu da ponta da varinha e envolveu Anélisse, prendendo-a no lugar. Ela sentiu um formigamento, um frio correndo pela espinha. — Pai… o que está fazendo? — sua voz vacilou, e ela tentou se afastar, mas não conseguiu. George a olhou nos olhos, determinado. — Vou ver a verdade. E você não poderá mentir para mim, como vêm fazendo nos últimos dias. De repente, sua mente foi invadida por uma cena vívida. Ela estava deitada na grama, o sol batendo em seus cabelos, e lá estava Mattheo, rindo dela enquanto segurava suas mãos.O coração dela acelerou instantaneamente . Era a memória mais feliz que tinha: o primeiro beijo entre ela e Mattheo. Ela sentiu o calor do momento, a suavidade dos lábios dele, o toque delicado das mãos dele em seu rosto. As cores das rosas, o cheiro da grama e o som da risada dele tornaram-se intensos, quase sufocantes. — Isso não… não! — ela tentou gritar, mas a magia impedia qualquer resistência. George permaneceu impassível, observando cada reação. — Viu? — disse em voz baixa, quase triunfante. — Isso não é “só amizade”, Anélisse. O salão ficou silencioso, exceto pelo som da respiração de ambos, carregada de tensão e emoção.
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