Depois do incidente no terraço, Mattheo e Catherine continuaram caminhando lentamente, o ar carregado de tensão quase palpável entre eles, mas também de curiosidade silenciosa. Mattheo manteve a postura calma, o olhar atento, esperando o momento certo para extrair mais informações sem pressioná-la.
Enquanto observavam uma vitrine de livros antigos, ele quebrou o silêncio de forma casual, mantendo a naturalidade:
— E… você tem alguém na sua vida? Ou.. já se apaixonou? .— perguntou, a voz grave, mas sem pressa, como quem comenta sobre o clima ou o livro à frente. — Algum relacionamento… namorado?
Catherine parou por um instante, franzindo levemente a testa, como se tentasse organizar os pensamentos. Ela suspirou, olhando para o chão antes de voltar os olhos para Mattheo:
— Na verdade… é meio estranho dizer — começou, a voz baixa, quase insegura. — Eu não... não tenho lembranças claras de relacionamentos… e nunca tive namorado.
Ela fez uma pausa, como se ponderasse se deveria continuar:
— Nunca consegui me apaixonar, Mattheo. Mesmo com 25 anos, nunca senti aquilo que as pessoas chamam de… amor, sabe? Nunca consegui gostar de ninguém de verdade, nunca consegui sei lá... deixar alguém tentar também.
Mattheo a observava atentamente, o rosto sério, mas os olhos brilhando com interesse silencioso. Para ele, aquelas palavras eram reveladoras: não apenas sobre a vida amorosa de Catherine, mas sobre algo mais profundo, ligado ao passado dela, à sua infância apagada e possivelmente aos bloqueios que carregava desde cedo.
— É… incomum — disse ele, mantendo o tom casual, mas o pensamento girando rapidamente. — Mas talvez explique algumas coisas… — Diz Mattheo em tom baixo, porém sem esconder que ficou feliz pela reposta dela.
Catherine suspirou novamente, desviando o olhar, mas mantendo a proximidade enquanto caminhavam.
— E às vezes me pergunto se vou conseguir sentir isso algum dia, ou se é algo que simplesmente… não vai acontecer comigo.
Mattheo sentiu a intensidade das palavras dela. Para ele, isso era mais do que uma confissão casual; era uma pista. Um fragmento do quebra-cabeça que ele vinha montando silenciosamente. Ele precisava lembrar-se disso: tudo nela — seu passado apagado, sua dificuldade em se apaixonar, a dor súbita no terraço — era parte de algo maior, algo ligado a sua verdadeira identidade e aos segredos que ela carregava.
— Talvez… — disse ele, cuidadosamente, com a voz baixa e firme — algumas coisas precisem ser redescobertas no tempo certo. Algumas pessoas só aparecem quando o momento exige… e talvez você esteja mais próxima disso do que imagina.
O olhar de Mattheo se fixou nela, atento, estudando cada reação, cada gesto, cada nuance de expressão, enquanto continuavam a caminhar pelas ruas de Londres, o sol descendo lentamente no horizonte.
Catherine caminhava ao lado de Mattheo, mas sua cabeça ainda girava, não só pela dor, mas pela confusão que isso causou, ela queria beijar Mattheo.. mas e depois ? Ela nunca conseguiu gostar de ninguém e não queria que com ele fosse algo passageiro.
— E.. então, você tem alguém? Gosta de alguém ? Já se apaixonou?.— perguntou Catherine um pouco envergonhada, mas interessada na resposta.
Mattheo olhou de soslaio para Catherine com um sorriso malicioso surgindo nos lábios.
— Sabe que não.. eu já namorei sim, mas, nunca me apaixonei, sempre foi algo normal, nunca aquela paixão que as pessoas falam por aí. Mas quem sabe um dia não é?! — Mattheo responde e solta uma leve risada baixa, quando percebe que Catherine ficou com as bochechas coradas.