Capítulo 54. Me perdoa

503 Words
A noite parecia conter o fôlego quando Mattheo a viu ali, entre as rosas. Anélisse ergueu o olhar, e o brilho prateado da lua refletiu nas lágrimas que insistiam em se formar em seus olhos. — Você veio.. Theo — sussurrou ela, a voz trêmula, quase um alívio. Mattheo deu alguns passos até ela, os olhos procurando respostas que ele nem sabia formular. Mas, antes que dissesse qualquer coisa, Anélisse correu e o envolveu num abraço apertado, desesperado, como se aquele gesto fosse a última chance de gravar a sensação dele na pele. — Eu precisava te ver, — ela murmurou contra o peito dele. — Antes que tudo mudasse. Mattheo segurou-a pela cintura, tentando afastá-la só o suficiente para ver seu rosto, mas ela não deixou. Continuou abraçada, as mãos trêmulas agarradas à roupa dele, a respiração ofegante contra seu peito. — Lisse… o que está acontecendo? — perguntou, a voz baixa, tensa. Ela ergueu o olhar, e havia tanta emoção ali que o ar pareceu sumir entre eles. — Mattheo, eu sempre te amei, desde a nossa infância, eu não entendia..— A confissão saiu firme, mesmo com o coração acelerado. — Agora eu entendo o que era esse frio na barriga, essa confusão que eu sentia toda vez que você me olhava. Era… amor. Sempre foi você, e sempre vai ser. — Lisse... eu— Mattheo tentou falar mas Anélisse o cortou. — Eu sei, Theo.. Mattheo piscou, confuso.Parte dele queria responder, outra parte apenas se deixou perder nos olhos dela, sentindo o feitiço de algo muito mais forte que magia. Anélisse pousou uma das mãos no rosto dele, os dedos deslizando devagar pela pele do seu rosto, como ela sempre fazia .Então, sem hesitar, ela o beijou. Foi um beijo profundo, intenso, desesperado como se tentasse colocar em um único instante tudo o que nunca disse, tudo o que queria viver e sabia que não teria tempo. Mattheo retribuiu sem pensar; o mundo pareceu sumir, e só restou o toque dela, o gosto doce, o calor que queimava em meio ao frio da madrugada. Quando o beijo se quebrou, ambos estavam sem fôlego.Os olhos de Anélisse brilhavam com lágrimas, mas havia um sorriso leve nos lábios. — Me perdoa, Theo — A voz dela era um fio. — Por tudo o que está por vir. Mas por favor, não me esquece. — O que você vai fazer, Lisse ?— perguntou ele, o tom de urgência carregado de medo. Ela não respondeu. Apenas olhou para ele uma última vez, os lábios ainda curvados num sorriso triste, e deu um passo para trás. Um sopro de vento fez as pétalas das rosas girarem ao redor dela, e antes que Mattheo pudesse alcançá-la, Anélisse aparatou sumindo ,pétalas vermelhas, que pairaram no ar por alguns segundos antes de caírem no chão. Mattheo ficou ali, parado, o coração acelerado e o gosto do beijo ainda nos lábios. A única coisa que restava era o eco da voz dela em sua mente: Me perdoa..
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