MAJU NARRANDO Eu já tava largada no sofá da Lorena, com a calça de moletom dela, uma blusa velha do Flamengo que ela me emprestou, e um copão de refrigerante na mão. A cabeça ainda fervendo, mas aos poucos eu ia voltando a respirar. Aqui era meu respiro. Aqui eu podia existir sem ser vigiada, cobrada, manipulada. Lorena saiu da cozinha com um potinho de amendoim e jogou do meu lado no sofá. Sentou com a perna cruzada, pegou o celular de novo e, do nada, soltou: — Hein? Bem que a gente podia ir no próximo baile do Alemão, hein? Eu arregalei os olhos, quase cuspi o refri. — c*****o, tu é maluca?! Que p***a eu vou fazer num baile, Lorena? Tá doida? Ela começou a rir, debochada. — Ah, vamo, pô! Se distrair, dançar, ver uns machos bonitos, beber… — Se alguém descobre que eu sou casada c

