Capítulo 1
Correr era o hobbie que eu mais gostava. Mesmo em dias nublados como este, Central Park era sempre o melhor lugar.
Usava um short preto e uma blusa de moletom cinza, corria há mais de uma hora, isso de certa forma me deixa mais calma. Tudo era melhor do que ficar em casa. Dei a volta contornando o lago e parei próxima a um banco de madeira.
Apoiei as mãos nos joelhos com a respiração ofegante. Sentia meu coração bater forte na garganta, sensação de que meus pulmões clamavam por socorro. Olhei no meu relógio de pulso, vendo que já estava atrasada para o meu compromisso.
Levantei os braços me alongando, curiosa para o que meu pai tinha pra falar comigo. Ele era um homem de negócios, desde que me entendo por gente ele nunca teve coisas a tratar comigo. Ele e minha mãe estão ocupados na maior parte do tempo.
Dobrei minha perna direita pra trás, vendo algumas pessoas caminhando pelo parque.
A presença do John interrompeu o final do meu alongamento. Ele usava seu típico terno preto enquanto parava ao meu lado. Os cabelos grisalhos e um sorriso amável. John é o segurança do meu pai, e como meu pai confiava a própria vida nele, também era o meu.
— Senhorita Parker. Seu pai me pediu para busca-la.
— Ele acha que vou me atrasar não é? — Coloquei minha mão na cintura, me alongando de um lado para o outro.
— Provavelmente sim!
O conheço desde que era uma criança. Se eu contar, que ele foi mais presente que o meu pai as pessoas achariam que estou mentindo. Mas não estou.
Sou muito amada em casa, nunca tive duvidas disso. Mas as vezes sentia falta do meu pai, depois que eu cresci e observei as coisas, percebi que ele nunca foi presente. Eu que o admirava pelo pouco que ficava comigo. Não mais.
Assim que terminei meu alongamento, caminhávamos pelo parque até o carro. Ele abre a porta de trás, da Mercedes preta e eu entro. Algumas pessoas nos observam, e entre as árvores noto alguns paparazzis. Isso é comum na minha vida desde que me entendo por gente, afinal, a família Parker é a mais famosa da Elite.
Meu pai, sempre foi muito protetor. Temia que acontecesse alguma coisa comigo, era psicopata quando se tratava de sequestros. Chegamos ao portão da mansão e ele foi aberto automaticamente. É meu lugar preferido, quintal denso e com árvores enormes. Parou na frente da minha casa e eu desci do carro. Não era necessário que ele abrisse, mesmo que sempre insistisse. Subi os quatro primeiros degraus e abri a porta.
— Quero um vaso de flores bem aqui! E aqui você... — Olhou pra mim e sorriu — Querida! Está toda soada.
Ally era minha mãe, ela conversava com um decorador, sabia, porque ele sempre decorava nossa casa quando iria ter algum evento. Ele tem cabelos platinados tingidos pra cima e um corpo magro. Usava calças justas e um lenço no pescoço. Poderia jurar que ele fazia as sobrancelhas.
Ele sorri amigável pra mim e eu retribuo. Hoje não sei qual é o evento, mas são tantos que provavelmente eu esqueci de algum.
— Estava correndo...
— Seu pai está aguardando-a no escritório.
Porque eu tinha a sensação, de que ela estava incomodada com alguma coisa? Minha mãe era péssima em mentiras ou disfarçar. Nunca tive uma festa surpresa, por esse seu jeito cagueta.
Subo pelas escadas de mármore, ainda pensativa. Por qual motivo, meu pai desejaria que eu fosse ao seu escritório? Caminhei pelo corredor, vendo algum dos empregados arrumarem detalhes de quadros e enfeites. Vejo a enorme porta marrom entreaberta. Dei duas batidas e entrei.
Ele estava parado de costas pra mim, olhando pela imensidão da sua janela que ia do teto ao chão. Tinha a visão da piscina da casa e do campo ao fundo.
Seu escritório era grande com armários cheios de livros e papeladas, tudo organizado. Ao lado esquerdo um sofá preto, acima dele uma foto da nossa família moldurada na parede. Fui andando até sua mesa de madeira escura. Ela era enorme e ocupada por um computador, notebook e alguns papéis. Sentei-me na cadeira, e esperei ele se virar. Seus cabelos já anunciavam sua idade. Ele beirava os cinquenta anos. Virou-se.
— Adoro essa casa! — Comentou sentando-se na sua cadeira giratória.
Seus olhos eram verdes, olhos que eu tinha herdado. Sua boca formava um meio sorriso, cruzou as mãos e colocou acima da mesa me olhando. Diferente da minha mãe, meu pai era branco. Um alemão na verdade. A mistura dos dois me rendeu um belo bronze.
— Ah minha filha, nem me lembro, quando você cresceu.
— Faz alguns anos. — Sorri — Minha mãe disse que você queria falar comigo.
— Ah sim. Já falei que queria que você se cassasse com um homem rico. Que tivesse empresas e um único proposito na vida. Crescer!
— Pai, de novo isso — Virei os olhos, entediada.
Não gostava desse assunto. Sentia-me como aquelas garotas de filmes, dos anos oitenta. Quando os pais que escolhiam seus maridos e cada uma teria seu dote. Eu, particularmente nunca pensei em me casar tão jovem. Já tive namorados bons, ruins e péssimos. Mas casar, isso era demais.
— Louise — Chamou minha atenção. Deu uma pausa e continuou — Paul Bernardi quer o mesmo para o filho dele. Poderíamos juntar nossas ações. Seria um estouro na mídia e saberia que você estaria em boas mãos.
— Pai! — Falei apreensiva. Não queria saber, aonde ele queria chegar com essa história.
— Você vai se casar com o filho dele.
— Enlouqueceu? — Levantei espantada. — Eu não vou me casar com ninguém. Aliás, eu tenho vinte e um anos, não sou mais responsabilidade sua. Não irá me obrigar.
— Não vou precisar — Falou com uma voz morna — Você vai. Já falei com a sua mãe e ela concordou. Filha não poderia deixar você escolher um i****a e acabar com tudo o que construí.
— Eu não quero nada o que é seu! Eu quero minha vida e minhas escolhas, e a minha escolha é: Não vou me casar com esse homem!
Sentia meus olhos arderem e me odiei por isso. Era loucura escutar essas palavras. Um absurdo minha mãe, concordar com isso. Vi a cabeça dele, mudar de ângulo, jogando um pouco para o lado. Ele odiava quando eu alegava que não queria cuidar da empresa. Achava o cumulo. Mas, o que eu poderia fazer se eu não queria?
— Arnold. — Minha mãe, entrou na sala, provavelmente pelos meus gritos.
Ele bateu as mãos na mesa se levantando.
— Ele não está pedindo a sua mão. Eu, estou ordenando.
Veio andando rapidamente na nossa direção e saiu daquela sala, enfurecido. Olhei para minha mãe e também sai da sala. Não poderia aceitar isso, eu não aceitaria isso. De acordo com meu pai, ele era o melhor partido para mim. Mas de acordo comigo, isso jamais aconteceria.